As empresas de Eike tem sofrido com a crescente desconfiança do mercado, diante de atrasos em projetos e resultados operacionais abaixo dos esperados (VEJA SÃO PAULO)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2013 às 09h16.
24 Mar - A participação do empresário Eike Batista nas empresas do grupo EBX deve ser reduzida dos atuais 60-70 por cento para 20-30 por cento, disse o presidente e controlador do BTG Pactual, André Esteves, que recentemente fechou parceria de cooperação estratégica com o empresário.
"No mundo, em projetos como esses, não é natural ter concentrações de capital tão altas, dado o risco, o tamanho do capital envolvido e a complexidade. Existem diversos tipos de parceiros: financeiros, estratégicos, bancos de desenvolvimento, o empreendedor e o mercado de capitais. Vejo como anomalia o excesso de participação do grupo nos projetos", disse Esteves em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste domingo.
"O incomum é manter participações de 60 por cento, 70 por cento. O normal seria o Eike ter participações menores, de 20 por cento a 30 por cento", afirmou.
As empresas de Eike tem sofrido com a crescente desconfiança do mercado, diante de atrasos em projetos e resultados operacionais abaixo dos esperados.
No início do mês, EBX e BTG Pactual anunciaram uma parceria de cooperação estratégica, envolvendo assessoria financeira, linhas de crédito e futuros investimentos de capital de longo prazo para projetos do grupo liderado por Eike.
Esteves afirmou na entrevista ao jornal não ter uma "bala de prata" para salvar a EBX e disse que os resultados da parceria vão "demorar bem mais que duas semanas", mas garantiu que acredita no sucesso do grupo.
"Eike concebeu projetos estruturantes e transformadores para o Brasil, como o Porto do Açu. O desafio é ordenar a execução deles. Todos são grandes projetos de infraestrutura, voltados para recursos naturais, de complexa execução e capital intensivo. E existe a dificuldade de executar vários projetos ao mesmo tempo. Vamos ajudar a ordenar, racionalizar e priorizar a execução", disse.
Sobre a petrolífera OGX, cujas ações acumularam desvalorização de 86 por cento no ano passado e continuam em queda, rondado a mínima histórica, depois que a companhia não cumpriu metas de produção e encontrou uma série de poços secos que afetaram a confiança de investidores em suas reservas potenciais, Esteves disse que não há muito o que se fazer.
"Uma coisa que não vamos fazer e não temos capacidade de fazer é tirar mais petróleo do fundo dos poços. Se as ações vão valer 2 reais ou 5 reais, não tem nada a ver com a nossa capacidade", afirmou.
"O que podemos trazer para o grupo é racionalidade, uma estrutura de capital correta, controlar os investimentos. Isso é suficiente para o grupo ter sustentabilidade financeira de longuíssimo prazo."