Eike Batista: queda do bilionário repercute na imprensa internacional
Depois de OGX decepcionar o mercado com metas de produção mais modestas, veículos estrangeiros abordam a queda de Eike Batista na lista dos homens mais ricos do mundo
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2012 às 11h43.
São Paulo - Depois de martelar publicamente a intenção de ser o homem mais rico do mundo, Eike Batista vê seu plano se tornar mais distante - pelo menos no curto prazo. Depois da divulgação na última quarta-feira dos testes de vazão do Campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, o mercado se decepcionou com a revisão de metas da OGX,provocando uma queda de 44% nas ações da companhia até ontem. As demais empresas do bilionário também foram penalizadas: só nesta quinta, a MMX (mineração) recuou 17%. A baixa também atingiu OSX (navios), LLX (logística) e CCX (carvão).
Não por menos, Eike teria caído 39 posições se a lista de bilionários da Forbes tivesse sido publicada hoje. Em março, data da divulgação oficial, o empresário figurava na sétima posição, com 30 bilhões de dólares. Agora, sua fortuna seria avaliada em 14,5 bilhões de dólares, garantindo ao empresário o longínguo 46º lugar do ranking. Nos cálculos da Forbes, Eike ficaria bem perto de perder o primeiro lugar na lista dos brasileiros mais afortunados para Joseph Safra. É bem verdade que o banqueiro sofreu com a desvalorização do real. Mas de março para cá, sua riqueza teria sido reajustada em -8,7%, chegando a 12,6 bilhões de dólares. O patrimônio de Eike, por outro lado, despencou mais de 50% desde quarta-feira.
Para a Forbes, a razão para a dramática queda é uma só: "a venda de sonhos que estão demorando muito tempo para se tornar realidade". O site da revista americana chama a atenção para o fato da OGX, "a nata do seu império de commodities", ter perdido 25% do seu valor de mercado em um único dia, quando a companhia cortou as metas de produção em seus dois primeiros poços de petróleo em mais de 75%. "Alguns críticos já estão descrevendo Batista como o primeiro homem-bolha do mundo", escreve a publicação.
O desenrolar dos acontecimentos também repercutiu no site do The Wall Street Journal, que aponta que "Eike pode estar sendo vítima das enormes expectativas que ele criou com suas agressivas projeções de crescimento". Na esteira da percepção de que os projetos vão custar mais, a preocupação com os lucros de suas outras companhias, fortemente interconectadas, também vêm aumentando.
De acordo com o jornal americano, o desafio de Eike em injetar confiança no mercado também esbarra na própria estrutura dos negócios. "Alguns investidores se queixam de que suas operações não são transparentes, porque ele controla suas empresas através da holding Centennial Asset Brazilian Equity Fund LLC, além de outras entidades com bases offshore", diz a reportagem. Quando um fundo de pensão de Abu Dhabi apostou nos negócios do bilionário, lembra o WSJ, o investimento foi feito por meio da compra de uma fatia da Centennial e não das companhias de capital aberto.
Já o Financial Times reforça que o bilionário Jorge Paulo Lemann pode tomar o lugar de Eike como o homem mais rico do Brasil. No ranking diário de bilionários da Bloomberg, que adota critérios diferentes dos empregados pela Forbes, o empresário está na 39ª posição do ranking, com 15,9 bilhões de dólares. Eike, no 27º lugar, tem 19,6 bilhões.
O site do jornal britânico rememora a trajetória de Lemann, que passou por Harvard e foi um dos fundadores do banco Garantia. O executivo é um dos nomes por trás da maior cervejaria do mundo, a AB Inbev. Ele também ajudou a financiar a compra do Burger King através do fundo de private equity 3G Capital, junto com os parceiros Marcel Telles e Carlos Sicupira.
O FT reconhece que Lemann, aos 72 anos, teve mais tempo para construir seu império em comparação a Eike, que tem 55. Mas os investidores brasileiros poderiam tirar alguma lição com os acontecimentos desta semana. "Ao invés de esculpir sua fortuna no Brasil com a indústria do petróleo e atividades mais glamourosas, como campeonatos de wrestling e festivais de música, talvez você possa gastar melhor seu dinheiro em hambúrgueres e cervejas, como Lemann", finaliza o texto.
São Paulo - Depois de martelar publicamente a intenção de ser o homem mais rico do mundo, Eike Batista vê seu plano se tornar mais distante - pelo menos no curto prazo. Depois da divulgação na última quarta-feira dos testes de vazão do Campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, o mercado se decepcionou com a revisão de metas da OGX,provocando uma queda de 44% nas ações da companhia até ontem. As demais empresas do bilionário também foram penalizadas: só nesta quinta, a MMX (mineração) recuou 17%. A baixa também atingiu OSX (navios), LLX (logística) e CCX (carvão).
Não por menos, Eike teria caído 39 posições se a lista de bilionários da Forbes tivesse sido publicada hoje. Em março, data da divulgação oficial, o empresário figurava na sétima posição, com 30 bilhões de dólares. Agora, sua fortuna seria avaliada em 14,5 bilhões de dólares, garantindo ao empresário o longínguo 46º lugar do ranking. Nos cálculos da Forbes, Eike ficaria bem perto de perder o primeiro lugar na lista dos brasileiros mais afortunados para Joseph Safra. É bem verdade que o banqueiro sofreu com a desvalorização do real. Mas de março para cá, sua riqueza teria sido reajustada em -8,7%, chegando a 12,6 bilhões de dólares. O patrimônio de Eike, por outro lado, despencou mais de 50% desde quarta-feira.
Para a Forbes, a razão para a dramática queda é uma só: "a venda de sonhos que estão demorando muito tempo para se tornar realidade". O site da revista americana chama a atenção para o fato da OGX, "a nata do seu império de commodities", ter perdido 25% do seu valor de mercado em um único dia, quando a companhia cortou as metas de produção em seus dois primeiros poços de petróleo em mais de 75%. "Alguns críticos já estão descrevendo Batista como o primeiro homem-bolha do mundo", escreve a publicação.
O desenrolar dos acontecimentos também repercutiu no site do The Wall Street Journal, que aponta que "Eike pode estar sendo vítima das enormes expectativas que ele criou com suas agressivas projeções de crescimento". Na esteira da percepção de que os projetos vão custar mais, a preocupação com os lucros de suas outras companhias, fortemente interconectadas, também vêm aumentando.
De acordo com o jornal americano, o desafio de Eike em injetar confiança no mercado também esbarra na própria estrutura dos negócios. "Alguns investidores se queixam de que suas operações não são transparentes, porque ele controla suas empresas através da holding Centennial Asset Brazilian Equity Fund LLC, além de outras entidades com bases offshore", diz a reportagem. Quando um fundo de pensão de Abu Dhabi apostou nos negócios do bilionário, lembra o WSJ, o investimento foi feito por meio da compra de uma fatia da Centennial e não das companhias de capital aberto.
Já o Financial Times reforça que o bilionário Jorge Paulo Lemann pode tomar o lugar de Eike como o homem mais rico do Brasil. No ranking diário de bilionários da Bloomberg, que adota critérios diferentes dos empregados pela Forbes, o empresário está na 39ª posição do ranking, com 15,9 bilhões de dólares. Eike, no 27º lugar, tem 19,6 bilhões.
O site do jornal britânico rememora a trajetória de Lemann, que passou por Harvard e foi um dos fundadores do banco Garantia. O executivo é um dos nomes por trás da maior cervejaria do mundo, a AB Inbev. Ele também ajudou a financiar a compra do Burger King através do fundo de private equity 3G Capital, junto com os parceiros Marcel Telles e Carlos Sicupira.
O FT reconhece que Lemann, aos 72 anos, teve mais tempo para construir seu império em comparação a Eike, que tem 55. Mas os investidores brasileiros poderiam tirar alguma lição com os acontecimentos desta semana. "Ao invés de esculpir sua fortuna no Brasil com a indústria do petróleo e atividades mais glamourosas, como campeonatos de wrestling e festivais de música, talvez você possa gastar melhor seu dinheiro em hambúrgueres e cervejas, como Lemann", finaliza o texto.