Renato Velloso, CEO do Dr. Consulta: na última faixa de idade, a partir de 59 anos, novo plano individual custará R$ 999 | Foto: (Dr. Consulta/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 16 de fevereiro de 2022 às 12h51.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2022 às 15h06.
O mercado de planos de saúde individuais é um dos maiores desafios do setor. Por um lado, há uma demanda crescente de brasileiros que não têm acesso por meio de planos corporativos ou cooperativas; por outro, companhias dedicadas enfrentam dificuldades, como evidencial a tentativa da Amil de se desfazer de 340 mil planos individuais.
Mas a boa notícia para esse público é que estão surgindo novas empresas com novos modelos de negócios para o segmento de planos individuais, como as healthtechs (as startups do segmento de saúde). A mais nova a entrar na seara é a rede de serviços médicos Dr. Consulta, em parceria com a healtchtech de planos hospitalares cuidar.me.
O novo produto, com abrangência na cidade de São Paulo e na região metropolitana, parte de R$ 169 por mês (para usuários com até 18 anos de idade). Na última faixa etária, a partir de 59 anos, custará R$ 999.
É um plano hospitalar completo, segundo as regras da ANS, que dá acesso à rede de clínicas e laboratórios do Dr. Consulta em São Paulo, Taboão da Serra, Osasco, Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema, Santos e Guarulhos.
O plano também dá direito a consultas (presenciais ou por telemedicina) com médicos de 60 especialidades e outros profissionais de saúde, como psicólogos, nutricionistas, além do acompanhamento pré-natal e parto.
Além disso, terapias de alta complexidade como quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e outras contempladas no rol da ANS (Agência Nacional de Saúde) estão cobertas pelo produto. Em caso de emergências, o usuário tem direito à internação em enfermaria. O plano avançado, que parte de R$ 229, dá acesso à internação em quarto.
Ambos os planos incluem 21 hospitais, entre eles o alemão Oswaldo Cruz (Unidade Vergueiro), o Samaritano, a Maternidade Santa Joana, o Hospital Vitória e outros em Guarulhos, no ABC e em Jundiaí. Não há cobrança de taxa de adesão nem coparticipação nos novos produtos.
No primeiro mês de comercialização, o plano já soma 2.000 usuários. O objetivo é chegar a 12.000 vidas até o final do ano. Antes, com foco apenas em cuidados hospitalares, tinha 180 vidas e custava R$ 69 por mês.
O CEO do Dr. Consulta, Renato Velloso, autodenominou a companhia como uma "operadora semi-verticalizada". "Fomos o primeiro modelo de procedimentos de baixa complexidade a ganhar escala no país", disse.
Mas faltava incluir procedimentos de alta complexidade, que são os que mais pesam no bolso da população. "Muitos não podem pagar por assistência em hospitais privados. Buscamos dar acesso a isso agora também."
Os médicos da rede Dr. Consulta são próprios da rede e têm desempenho analisado baseado em performance, enquanto prontuários eletrônicos são compartilhados em toda a rede.
Segundo o executivo, são essas características que possibilitam que o produto tenha preços mais competitivos do que concorrentes como Alice e QSaúde.
Na Alice, os valores partem de 375 reais por mês para beneficiários de até 18 anos, enquanto na QSaúde iniciam em R$ 163.
Para Marcos Vinicius Gimenes, CEO e fundador da cuidar.me, o plano de saúde individual é uma tendência do futuro, já que a tecnologia permite personalizar cada vez mais as proteções e, dessa forma, controlar sinistros e gastos.
"Enquanto em média a troca de plano empresarial ou familiar ocorre a cada dois anos e meio, a média de tempo que o usuário fica em um plano individual é de dez anos. Isso é importante para conhecermos o usuário e o seu histórico de saúde, de modo a planejar a prevenção no longo prazo", afirmou.
O objetivo da prevenção, explicou o executivo, é que o paciente faça o melhor checkup a cada ano com base em hábitos e fatores de risco.
"O checkup básico é superficial e rastreia poucas doenças. Se soubermos, por exemplo, que ele tem diabates, ele começa o cuidado com o endocrinologista, pedimos exames anuais para a doença e até podemos ligar para lembrá-lo de tomar a medicação adequada", explicou.
O Dr. Consulta adquiriu em dezembro uma fatia de 27,5% da cuidar.me, o que permitiu a montagem do plano conjunto: procedimentos de alta complexidade (como internações) ficam sob gestão da cuidar.me, enquanto cuidados assistenciais e de prevenção são geridos pelo Dr. Consulta.
A healthtech criada em 2019 começou a vender o seu plano hospitalar no ano passado.
O Dr. Consulta liderou a rodada de captação no ano passado e tem a opção de adquirir 100% da cuidar.me, que pode ser incluída em uma holding única no futuro, contou Renato Velloso, CEO do Dr. Consulta. "Hoje somos primos-irmãos, mas queremos ser gêmeos-siameses."
A experiência do usuário no app da cuidar.me, no qual é possível agendar consultas, também chamou a atenção do Dr. Consulta, bem como a rede de hospitais que cobre. Atualmente, a plataforma do Dr. Consulta tem 3 milhões de usuários, que potencialmente podem aderir ao novo plano.
A ideia, no futuro, é se expandir para outros mercados além de São Paulo. "Começamos no mercado mais concorrido, mas vemos oportunidades em todo o Brasil. Enquanto a adesão a planos de saúde em São Paulo é de 50%, no resto do país cai para 23%", disse o executivo.