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Donos da cerveja Corona apostam na maconha

Estudo da Universidade da Georgia, nos EUA, mostrou que o consumo de álcool caiu 20% nos estados em que a maconha foi legalizada

Maconha: Cervejarias apostam na legalização nos próximos anos em todo o território dos Estados Unidos (OpenRangeStock/Thinkstock)

Maconha: Cervejarias apostam na legalização nos próximos anos em todo o território dos Estados Unidos (OpenRangeStock/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 15 de agosto de 2018 às 22h44.

Última atualização em 15 de agosto de 2018 às 23h23.

A Constellation Brands, proprietária da cerveja Corona, aposta na cannabis e injetará milhares de milhões de dólares em uma empresa canadense para aproveitar a tendência mundial para a legalização dessa droga.

O grupo americano de vinhos, cervejas e outras bebidas alcoólicas aportará 4 bilhões suplementares na Canopy Growth, uma empresa criada em 2013 e elevará para 38% sua participação nessa empresa montada ao sul de Ottawa em 2013.

Fabricante das cervejas Corona e Modelo, do vinho Roberto Mondavi e da vodca Svedka, a Constellation já havia comprado em outubro do ano passado 9,9% do capital da companhia canadense. Poderá se tornar sócio majoritário se nos próximos três anos exercer o direito de adquirir instrumentos financeiros negociados com Canopy.

"Desde o ano passado, entendemos um pouco melhor o mercado do cannabis e a oportunidade de crescimento que tem", disse Rob Sands, CEO da Constellation.

O mercado pareceu dar as boas-vindas ao negócio e a ação da Canopy teve altas expressivas.

Os investidores avaliam que essa diversificação da Constellation ocorre no momento em que um estudo da Universidade da Georgia, nos EUA, mostrou que o consumo de álcool caiu 20% nos estados em que a maconha foi legalizado.

O governo do Canadá estima, por exemplo, que 4,6 milhões de habitantes desse país consumirão 665 toneladas anuais de cannabis e gastarão entre 2,75 milhões e 4 milhões de euros.

Os gastos mundiais com cannabis devem triplicar nos próximos anos para chegar a 32 bilhões de dólares em 2022, segundo consultorias econômicas especializadas.

Heineken do cannabis

A Constellation, assim como outras cervejarias, aposta que a maconha será legalizada nos próximos anos em todo o território dos Estados Unidos e no mundo quase todo.

"Esse investimento, o maior até hoje no setor da cannabis, aportará à Canopy Growth os recursos necessários para criar e adquirir os ativos estratégicos necessários para ter uma importante presença em aproximadamente 30 países que autorizam o uso terapêutico da cannabis e se posicionar nos mercados que habilitem o uso recreativo", afirmou o grupo americano.

As leis federais dos Estados Unidos proíbem até o momento a venda e o uso da maconha.

Seu consumo recreativo foi, contudo, autorizado em oito estados e em Washington DC. Em 1 de janeiro deste ano, a Califórnia se tornou o maior mercado legal do mundo.

Nos EUA, 29 dos 50 estados permitem o uso da cannabis em tratamentos médicos.

No dia 17 de outubro, o Canadá se tornará o primeiro dos países do G7, que agrupa as maiores economias mundiais, a legalizar o consumo recreativo. O mercado de produtos elaborados à base de cannabis, será permitido a partir de 2019.

As cervejarias querem fabricar bebidas sem álcool a partir dessa droga suave e é isso que explica a multiplicação de seus investimentos em produtores de maconha para uso terapêutico.

A Molson Coors, fabricante das cervejas Blue Moon e Coors e concorrente da Constellation, assinou recentemente uma associação com o grupo canadense The Hydropothecary Corporation (Hexo) que quer triplicar antes do final do ano suas fábricas.A

A Lagunitas, uma filial da Heineken, oferece desde o final de julho a "Hi-Fi Hops", uma cerveja sem álcool e com infusão de cannabis.

O grande interesse por produtores habilitados de cannabis estimulou as ações dessas companhias nos últimos meses.

Canopy Growth quadruplicou sua capitalização desde que entrou na Bolsa. O grupo se uniu à Danish Cannabis para produzir em Odense, no centro de Dinamarca, e comercializar cannabis medicinal na Europa.

A valorização de sua concorrente canadense Aurora, que conta com filiais na Alemanha, nos Países Baixos e na Austrália se multiplicou por seis em um ano.

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