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Dona da Ricardo Eletro pede recuperação judicial e fechará todas as lojas

Com o fechamento de todas as lojas com a pandemia, a empresa chegou a perder mais de 92% do faturamento e pode fechar até 200 lojas

Fachada de loja da Ricardo Eletro, do grupo Máquina de Vendas (Fábio Motta/Estadão Conteúdo)

Fachada de loja da Ricardo Eletro, do grupo Máquina de Vendas (Fábio Motta/Estadão Conteúdo)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 17h56.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 18h47.

A Máquina de Vendas, dona da marca Ricardo Eletro, acaba de pedir recuperação judicial. Com dívidas de 4,01 bilhões de reais, o pedido foi feito na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo. Além da Ricardo Eletro, a empresa também detém as marcas Lojas Salfer, CityLar, Lojas Insinuante e Eletroshopping, todas no segmento de eletrônicos e eletrodomésticos. 

A situação da Ricardo Eletro já não estava fácil. Com o fechamento de todas as lojas com a pandemia, a empresa chegou a perder mais de 92% do faturamento. Agora, irá fechar todas as 300 lojas de suas marcas e todos os vendedores foram desligados. 

Outro corte de custos foi no salário da presidência e diretoria, que foi reduzido pela metade. Com todas essas medidas a empresa deve cortar 80% de todas as suas despesas.

A Máquina de Vendas decidiu reforçar sua estratégia de comércio eletrônico. “Até então, em fevereiro, a companhia não tinha uma estrutura de canais digitais suficiente para viabilizar a manutenção das atividades apenas por este meio”, diz ela em documento de recuperação judicial.

Recuperação extrajudicial

A empresa já havia pedido recuperação extrajudicial no início do ano passado e a crise sofrida por ela já vem de antes da pandemia do novo coronavírus. “Em razão dos efeitos decorrentes da crise política/econômica que assolou o país entre os anos de 2014 e 2016, o Grupo sofreu forte queda de faturamento”, diz a empresa em documento da recuperação judicial. Além disso, com aumento na percepção de risco do negócio, a empresa viu redução nas linhas de crédito. 

"A gente esperava ter um crédito maior da indústria durante o período de recuperação extrajudicial. Mas a causa para a RJ é mesmo a pandemia", afirma Pedro Bianchi, presidente da Ricardo Eletro, à EXAME.

O executivo reforça que, até a pandemia, a empresa estava em breakeven, ou equilíbrio entre receitas e despesas. “Como fruto de sua reestruturação e da substituição de sua gestão, o Grupo Máquina de Vendas vinha em constante crescimento, com aumento de faturamento médio por loja em mais de 400% após a homologação do PRE (plano de recuperação extrajudicial), redução de gastos administrativos em mais de 50%, Ebitda gerencial positivo, melhoria de estoque para abastecimento de lojas e investimento em marketing”, diz ela em documento. 

A companhia diz que, embora tenha feito um esforço extra na transformação digital durante a pandemia, não foi o suficiente. Segundo a Máquina de Vendas, como as mercadorias comercializadas são principalmente eletroeletrônicos e móveis, não são de consumo essencial. "De modo que os clientes certamente deram preferência à aquisição e consumo de alimentos, remédios e outros bens essenciais e a comercialização das mercadorias foi reduzida”, diz a empresa. 

No início do mês, o fundador da rede Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, foi preso em uma operação deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pela Receita, por sonegação fiscal. A empresa reforça que Ricardo Nunes não pertence mais ao grupo.

Pelo WhatsApp

Para se recuperar, a empresa aposta tudo em um novo modelo de vendas digitais. A varejista de eletrônicos e eletrodomésticos não quer competir no setor de comércio eletrônico com gigantes como Mercado Livre e Magazine Luiza. No lugar de criar um ecossistema próprio que envolve logística, meios de pagamento e diversas categorias, de móveis a alimentos e bebidas, a empresa tem uma aposta mais simples: vendas pelo WhastApp.

A companhia acredita que pode ter uma capilaridade maior no país e ofertas mais regionais ao oferecer sistemas de vendas a vendedores e afiliados independentes. "Com esse modelo, conseguimos atingir muito mais as particularidades regionais", diz Giovanna Michelleto, diretora jurídica. Tanto os vendedores desligados quanto pessoas sem vínculo com a empresa podem usar a nova plataforma de vendas digitais. 

“Com a pandemia, as pessoas passaram a comprar muito pelo WhatsApp. É um caminho sem volta”, diz Ana Garini, vice-presidente de transformação digital, em entrevista exclusiva à EXAME em julho. 

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