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Dívidas em dólar deixam empresas no prejuízo

A forte instabilidade no câmbio, que desvalorizou o real em 68% até o final de setembro, ajudou o país a melhorar seu saldo na balança comercial, mas foi cruel com os resultados das empresas que têm dívida em dólar. A Braskem, quinto maior grupo industrial do país, registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 1,8 bilhão […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A forte instabilidade no câmbio, que desvalorizou o real em 68% até o final de setembro, ajudou o país a melhorar seu saldo na balança comercial, mas foi cruel com os resultados das empresas que têm dívida em dólar. A Braskem, quinto maior grupo industrial do país, registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 1,8 bilhão nos nove primeiros meses do ano. Só o efeito cambial representou um impacto de R$ 2,17 bilhões nos resultados financeiros da empresa. A Bunge Brasil, peso pesado da indústria do agronegócio no país, também não escapou do efeito câmbio. Com dívida em moeda estrangeira de R$ 2 bilhões até setembro, a empresa teve prejuízo líquido acumulado de R$ 1,11 bilhão no período.

Aposta no petróleo

O impacto do dólar não impediu o crescimento da receita líquida da Braskem nos três primeiros trimestres de 2002. Ela foi de R$ 4,9 bilhões, 15% a mais que ano anterior. "Ao longo do ano, houve uma melhora consistente do nosso resultado (Ebitda), trimestre a trimestre, o que é um sinal positivo de condições para a retomada do crescimento", diz José Carlos Grubisich, presidente da Braskem. "Há uma clara tendência de melhora da rentabilidade para a indústria petroquímica."

Mas a dívida líquida consolidada da Braskem era de R$ 7,57 bilhões até o final de setembro. "Nossa meta para 2003 é diminuir nosso endividamento em dólar", disse Grubisich, durante o seminário Brasil em EXAME na última quarta-feira. Para ter sucesso nisso, o presidente da empresa aposta nas quedas do preço do petróleo e do dólar. O barril de óleo cru fechou cotado a 25,29 dólares nesta quinta-feira em Nova York e do petróleo tipo Brent a 22,81 dólares em Londres.

"Apesar do risco de guerra contra o Iraque, o barril do petróleo deve cair para cerca de US$ 18 no ano que vem", afirmou Grubisich. Mas, além de contar com um cenário econômico mais favorável para 2003, a Braskem não precisa investir em modernização do parque no próximo ano, por isso poderá dedicar toda a capacidade de geração de caixa da empresa para a redução da dívida, afirma Grubisich.

Alívio exportador

Já a Bunge Brasil registrou, graças à dívida em dólar, prejuízo líquido de R$ 1,11 bilhão. No terceiro trimestre do ano, o faturamento foi de R$ 4,26 bilhões, crescimento de 30% na comparação com 2001. "Nosso melhor desempenho ocorreu em função da expansão da agricultura brasileira neste ano", disse Milton Notrispe, diretor financeiro da companhia, em comunicado à imprensa.

O dólar em alta ampliou a dívida da Bunge, mas também teve um efeito positivo: serviu para a empresa exportar mais. O total vendido ao exterior somou R$ 1,7 bilhão no trimestre, alta de 42,4% sobre as exportações de 2002. Nesses nove meses, as exportações já somam R$ 3,2 bilhões, beneficiadas também pelo aumento do preço internacional da soja e de seus derivados.

Exportadores como a Bunge podem ter tido algum alívio com a desvalorização, mas as empresas que se endividaram em dólar para pagar com faturamento em reais passam por momentos mais difíceis. A Eletropaulo, por exemplo, teve prejuízo de R$ 533 milhões até setembro, um crescimento de 3.718% em relação ao mesmo período do ano passado. Só as despesas financeiras da empresa no período somaram R$ 1,460 bilhão, um aumento de 146,28%.

Nem a Embraer, quarta maior fabricante de aviões do mundo, tida como orgulho nacional em matéria de exportação, escapou. A empresa anunciou lucro líquido da de R$ 187,8 milhões no terceiro trimestre, contra R$ 252,5 milhões no mesmo período de 2001. Dessa vez, pelo menos, o problema não foi o dólar. Foi a queda de demanda turística e aeronáutica causada pelo ataque às torres gêmeas e pela ameaça de guerra no Iraque.

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