Diretor executivo da Apple, Tim Cook entra para o clube dos bilionários
Diferente de outros ricaços da tecnologia, executivo reuniu fortuna sem ser fundador da empresa que comanda
Agência O Globo
Publicado em 10 de agosto de 2020 às 21h40.
Nove anos após Steve Jobs renunciar e confiar o comando da Apple a Tim Cook, a companhia é mais valiosa que nunca. O mesmo pode se dizer do patrimônio de Cook.
Na semana passada, as ações da empresa subiram quase 5%, elevando o seu valor de mercado para quase US$ 2 trilhões. Ela era avaliada em cerca de US$ 350 bilhões quando Jobs morreu.
Com essa valorização, Cook, detentor de ações da Apple, ingressou num dos mais seletos grupos de diretores executivos que não fundaram as companhias que comandam: sua fortuna pessoal superou a marca de US$ 1 bilhão, segundo cálculos da Bloomberg.
A fortuna de Cook é estimada com base na análise de documentação apresentada a órgãos regulatórios, aplicando a performance típica de retorno de um grande investidor na venda de ações.
Cook, de 59 anos, afirmou em 2015 que planeja doar a maior parte de sua fortuna e já distribuiu milhões de dólares em ações da Apple. Sua fortuna pode ser considerada maior caso tenha realizado outras doações que não se tornaram públicas.
A Apple não comentou o assunto.
"Máquina geradora de dinheiro"
— Este ciclo da indústria da tecnologia tem sido bem maior e mais longo do que eu pensava — afirmou Hussein Kanji, sócio da firma de investimentos Hoxton Ventures, que expressou cautela para o longo prazo da Apple após Jobs deixar a empresa. — De todas essas ações, a Apple se tornou a maior máquina geradora de dinheiro da história.
O valor de mercado da Apple e a fortuna de Cook refletem a ascensão das ações FAANG (As cinco mais populares e bem-sucedidas empresas de tecnologia americanas: Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google), um termo que nem mesmo existia na era Jobs.
Também ocorre quando Cook e seus colegas CEOs das Big Techs — Jeff Bezos, da Amazon; Sundar Pichai, da Alphabet; e Mark Zuckerberg, do Facebook — enfrentam questionamentos antitruste sobre o que críticos caracterizam como poderes monopolísticos.
Enquanto Bezos e Zuckerberg possuem grande participação acionária nas companhias que fundaram, o caminho de Cook para o clube dos bilionários foi mais gradual. A maior parte de sua fortuna estimada vem de prêmios em ações que recebeu desde que entrou na Apple, em 1998, onde foi reconhecido por dominar a complexa cadeia de fornecedores.
Cook recebeu uma bolada em ações no seu primeiro dia como CEO. E recebeu incrementos anuais, com parte sendo liberada apenas após o cumprimento de metas de performance. A não ser que os preços dos papéis da Apple despenquem repentinamente, Cook receberá seu nono pagamento do prêmio, de 560 mil ações, ainda neste mês.
Cerca de metade do valor será para pagamento de impostos, mas o restante vai aumentar a fortuna de Cook em outros US$ 100 milhões. Atualmente, ele possui 847.969 ações, cerca de 0,02% do total da empresa, que valem US$ 375 milhões.
Retornos com vendas de ações, dividendos e outras compensações somam outros US$ 650 milhões, segundo os cálculos da Bloomberg.
A parcela de Cook é pequena em comparação com a posição de fundadores como Bezos, Zuckerberg e do fundador da Tesla, Elon Musk.
As ações da Apple são bem distribuídas entre investidores e executivos, então a companhias mais valiosa do mundo fez poucos bilionários entre seus funcionários.
Quando Jobs deixou a companhia, em Agosto de 2011, Cook já tinha assumido o cargo de CEO interino em diversas ocasiões. Mas, na época, investidores e analistas questionaram se a Apple seria capaz de continuar inovando, como no passado com Jobs.
Apesar de a Apple não ter revelado nenhum novo produto revolucionário como o iPhone na última década, a empresa continuou crescendo. Cook esteve à frente do desenvolvimento de produtos como o iPhone X e o Apple Watch, de novos serviços como o Apple Music, e de pesquisas em tecnologias como carros autônomos e óculos de realidade virtual.
Mesmo a pandemia, que destruiu muitas partes da economia, impulsionou os negócios da Apple e de outras grandes empresas de tecnologia, com as pessoas cada vez mais dependentes de seus produtos e serviços.
Quando a Apple divulgou seu último balanço trimestral, Cook destacou a dificuldade que legiões de famílias e negócios estão enfrentando.
— Nós não temos uma abordagem de soma zero para a prosperidade — afirmou. — Especialmente em tempos como esse, nós estamos focados em fazer o bolo crescer, assegurar que o nosso sucesso não seja apenas nosso.