Dia Internacional da Mulher: 10 executivas que lideram grandes empresas — e as lições de cada uma
Executivas compartilham aprendizados e principais desafios de carreira à frente de grandes empresas e empreendimentos próprios
Repórter de Negócios e PME
Publicado em 8 de março de 2023 às 06h00.
Última atualização em 8 de março de 2023 às 12h13.
No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data que enfatiza a importância da igualdade de gênero na sociedade e, sobretudo, nos negócios. Afinal, ainda que tenha ganhado relevância como passar do tempo, o tema continua representando um caminho tortuoso para mulheres em busca de protagonismo e posições de liderança nas grandes empresas.
No Brasil, segundo estudo da consultoriaGrant Thornton, elas ocupam apenas38% dos cargos de liderança. O assunto, contudo, é urgente: estudos comprovam que a equidade de gênero nas organizações é capaz de ampliar receitas e permitir avanços substanciais em temas como governança, sustentabilidade e equidade salarial.
10 executivas que lideram grandes empresas para conhecer no Dia da Mulher
Para reconhecer a trajetória de executivas capazes de driblar desafios estruturantes, a EXAME selecionou, neste Dia da Mulher, 10 líderes femininas que estão promovendo a mudança dentro de seus ambientes corporativos. Elas compartilham lições e principais desafios de gestão à frente de times e negócios inovadores. Veja abaixo:
Amanda Pinto, CEO da N.OVO
Amanda Pinto é a idealizadora e fundadora da N.OVO Plant Based, foodtech que desenvolveu um substituto para ovos 100% à base de vegetais.Graduada em Administração de Empresas pela PUC-RJ e pós-graduada em marketing pela Universidade de Berkeley, Amanda já foi considerada um dos principais nomes inovativos da atualidade.
Segundo a empreendedora, o incômodo a respeito da cadeia produtiva de indústria alimentícia serviu de estímulo para a criação do negócio, uma spin-off do Grupo Mantiqueira. "Na época, eu era head de marketing e inovação da Mantiqueira e sempre me perguntava qual era a melhor forma de produzir comida, considerando, além de nutrição e sabor, o uso de terras e bem estar animal", diz.
Depois de muitas pesquisas e viagens em busca de referências de inovação, foi possível trazer o modelo de negócio ao Brasil. “A N.OVO é uma empresa que nasceu com o propósito de produzir proteínas alternativas às proteínas animais, contribuindo para o desenvolvimento de sistemas alimentares de mais baixo impacto ambiental”, diz.
Atualmente, a empresa já possui alternativas para ovos, maioneses, carne de frango e carne de porco.
Marcela Rezende, VP de Marketing da MadeiraMadeira
Marcela Rezende é líder de marketing do unicórnio MadeiraMadeira. Com experiência de duas décadasno mercado de marketing e branding, ela tem passagem por grandes marcas comoL'Oréal, MAC Cosmetics, Bacardi, Grey Goose e Havaianas. Formada em Marketing pela ESPM (São Paulo), Marcela também é pós-graduada em Liderança, Administração e Gestão Empresarial na Universidade de Harvard e atua como investidora anjo e conselheira de startups.
De acordo com ela, um dos principais desafios como líder é encontrar exemplos femininos que tenham protagonismo em reuniões e tomadas de decisão estratégica nas empresas. “Infelizmente, ainda é comum existir somente uma mulher dentro de salas de reuniões, eu mesma já vivi essa situação durante minha trajetória", diz.
MariaMestriner Colli, CEO e fundadora da Pampili
Maria Mestriner Colli é CEO e fundadora da Pampili, marca líder no segmento do lifestyle infantil feminino que completou 36 anos de história no último mês. Para a profissional, a primeira dificuldade enfrentada em sua trajetória foi a inexperiência em um segmento dominado pelo gênero masculino, já que atuava como farmacêutica e bioquímica.
Além disso, ela destaca os desafios relacionados à criação de uma empresa como jovem empreendedora e mãe — Colli estava grávida de cinco meses e tinha 24 anos quando decidiu fundar a Pampili. “Era uma jovem sonhadora, com desejo enorme de empreender. Eu engravidei no meio do processo de planejamento e não pensei em desistir em momento nenhum", diz.
"Era um segmento novo e eu ainda não dominava, tinham muitas coisas para serem feitas: aprender novas competências, estruturar o time, conhecer o mercado e escolher um nicho relevante para a marca. Isso me colocou em uma posição desafiadora profissionalmente, como pessoa, como mãe, como esposa e como líder”.
Na Pampili, as mulheres ocupam 86% dos cargos.
Petra Studholme, CMO doalt.bank (novücard)
Petra Studholme, CMO doalt.bank (novücard) temmais de 30 anos de experiência global no setor financeiro. comenta que quando há a vontade de constituir família e também quando há a necessidade de cuidar de parentes idosos ou frágeis a responsabilidade recai, principalmente, para a mulher que, muitas vezes, precisa fazer uma pausa na carreira - ou abdicar - para tomar conta da situação. Muitas vezes, é nesse período que os colegas do sexo masculino avançam, sendo promovidos a cargos mais altos e ganhando salários maiores, criando uma lacuna de gênero que será difícil de superar.
Amanda Graciano, sócia e líder de inovação corporativa daFisherVenture Builder
Amanda Graciano ingressou na faculdade de economia aos 17 anos e, desde então, ocupa posições de destaque em mercados marjoritariamente masculinos. Atualmente, ela é sócia e líder de inovação da Fisher Venture Builder, organização que desenvolve e acelera startups em estágio inicial.
Como mulher, negra e jovem, ela afirma que reconheceu que a ausência de outras mulheres no mercado tecnologia como uma oportunidade para fomentar a inovação. “Como mulher negra de uma família simples, a decisão da carreira não é fácil. Eu decidi que não queria seguir as carreiras das pessoas da minha família embora admirasse muito o que eles tinham realizado", conta.
Tereza Santos, CEO da Sympla
Com experiência de mais de sete anos no mercado de eventos, Tereza Santos foi convidada a assumir a posição de diretora de operações na Sympla, empresa de eventos digitais. Desde o início, a função exigia foco na liderança de operações internas e também no suporte e experiência do cliente. Em 2021, ela tornou-se CEO da companhia.
De lá para cá, a empresa tem ganhado destaque por suas soluções inovadoras e serviços digitais capazes de driblar o baque sofrido pelo mercado de eventos durante a pandemia. À frente da empresa, Tereza destaca que a diferenciação da Sympla (e também de seu perfil como excecutiva)está na percepção das necessidades dos clientes e da sensibilidade às tendências, algo que traz desde o ínicio da carreira, como atendente de call centers.
"O setor de eventos tem pouquíssima representatividade feminina. Hoje, no papel que estou, me atento muito a como posso dar mais visibilidade a tantas outras mulheres com quem trabalho", diz. “Temos que discutir a pauta, os desafios e contar o que é ser mulher nessa sociedade para verem que não é frescura, é um fato".
Tereza foi convidada especial do Como Cheguei Aqui, videocast sobre carreira e liderança da EXAME. Veja o episódio na íntegra abaixo:
Dagmar Rivieri, fundadora da Casa do Zezinho
Nascida no bairro de Santo Amaro, na capital paulista, Dagmar Rivieri, conhecida carinhosamente como Tia Dag, é a fundadora daCasa do Zezinho, uma organização sem fins lucrativos que atende crianças, adolescentes e jovens, de ambos os sexos, com idade entre 6 e 21 anos.
Tia Dag trabalha na área social há 40 anos e lidera a Casa do Zezinho há 29. Dos 80 funcionários que atuam na Casa do Zezinho, cerca de 80% são mulheres e a fundadora sempre busca identificar essas lideranças, oferecer oportunidades e criar um plano de carreira. Para ela, estar à frente de uma ONG é sempre precisar superar desafios e, na ponta, aprender a ser uma líder empática. “Começamos na ONG com quatro mulheres e, hoje, temos mais de 80 funcionários. Durante esses anos, fomos crescendo, criando novos métodos, comitês, diretorias e principalmente capacitando e ensinando pessoas"
Thaís Fischberg, presidente da Adyen para América Latina
Thaís Fischberg lidera a operação brasileira da multinacional de pagamentosAdyen. Com passagens por empresas como Mastercard, Santander e Grupo Movile, Thaís ingressou na Adyen em outubro de 2021 para liderar o time de produtos. Agora, é também a primeiramulher a assumir a liderança da empresa para a América Latina.
Para ela, um dos principais desafios de sua trajetória foi ocupar posições de destaque em um setor dominado por homens. Contudo, a conscientização sobre a equidade de gênero tem tornado o cenário mais positivo para mulheres. "Por um lado, ainda somos desbravadoras (e continuaremos a ser enquanto inúmeros mercados forem dominados por profissionais homens), ocupando cadeiras que até a poucos anos não seriam assumidas por uma mulher. Ao mesmo tempo, esperamos que possamos servir de inspiração para que mais e mais mulheres consigam se posicionar e conquistar novos e mais relevantes espaços."
"Apesar de eu sempre gostar de reforçar o viés positivo da transformação que ocorreu na última década, ainda é muito importante falar sobre esse assunto. O setor financeiro ainda é predominantemente masculino", disse a executiva em entrevista exclusiva à EXAME.
Michelle Wadhy e Márcia Queirós, fundadoras da Fast Escova
Fundada pelas admnistradoras Márcia Queirós e Michelle Wadhy em 2018, aFast Escovaé a maior rede de escovarias da América Latina, com 190 franquias no Brasil.
Michelle é formada em Administração de Empresas e MBA em gestão comercial, tem mais de 20 anos no mercado a frente de grandes empresas nacionais e multinacionais, entre elas a Avon — onde foi responsável pela gestão de mais de 30 mil pessoas.
Para Michelle, o maior desafio no mundo dos negócios e da liderança feminina é saber administrar o tempo. “Tempo é nosso ativo mais precioso, pois ele não volta. Ser dona do seu tempo faz a diferença para que seu dia seja mais leve e suas escolhas mais assertivas", diz.
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