Grégory e André Reichert, irmãos e sócios da Razor Computadores, de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul: entre os clientes estão grandes empresas como Petrobras, Itaú, SAP e Globo (Douglas Petry/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 23 de setembro de 2022 às 06h33.
Última atualização em 24 de setembro de 2022 às 21h36.
Moradores de Passo Fundo, cidade de 206.000 habitantes no norte gaúcho, os irmãos Grégory e André Reichert montaram um negócio na garagem de casa há oito anos.
Hoje, estão à frente de uma empresa avaliada em 52 milhões de reais e com grandes clientes como Petrobras, Itaú, Instituto Butantan, Universidade de São Paulo, SAP e Globo.
Os irmãos Reichert são sócios da Razor Computadores, uma fabricante de computadores desktops e laptops do tipo alta performance.
A grosso modo, a categoria alta performance engloba máquinas com processadores com potência bem acima do usual em computadores de trabalho.
Os compradores desse tipo de aparelho são profissionais da economia criativa como:
Eles costumam trabalhar com softwares para renderização de imagens, montagem de animação, exploração de big data e inteligência artificial e outras aplicações capazes de travar um PC convencional.
A ideia do negócio veio de um percalço enfrentado por André, na época focado na carreira de arquiteto e sem muitas opções de computadores capazes de rodar bem softwares como AutoCAD, para desenho de construções.
O irmão Grégory, estudante de análise de sistemas na ocasião, também fazia bicos com assistência técnica de computadores.
Ao ver o irmão em apuros, Grégory acudiu André montando uma máquina com as características devidas para a profissão.
"Ao montar aquela máquina, vimos como era difícil para um leigo navegar num cenário de milhares de fornecedores e de opções de componentes", diz Grégory. "Foi aí que decidi empreender."
Assim como muitos negócios do Vale do Silício, a Razor nasce na garagem de Grégory, então com 19 anos, e com os recursos oriundos da venda de um veículo Passat.
Três anos depois, o irmão André investe 5.000 reais em economias para virar sócio da empresa.
De lá para cá, a Razor cresceu tendo uma venda consultiva como um dos principais diferenciais.
Via de regra a Razor compra peças no Brasil ou em fornecedores estrangeiros e, então, monta os hardwares numa fábrica própria em Passo Fundo sob demanda dos clientes.
Não há loja física (as vendas são 100% online) e a Razor despacha os equipamentos para todo o Brasil — e para fora também, caso necessário.
Atualmente, 70% das vendas são para empresas com muitos profissionais da economia criativa entre os funcionários. O restante vai para free-lancers.
O tíquete médio fica entre 20.000 e 30.000 reais por máquina. "Mas já foram vendidos equipamentos de 290.000 reais e já foram orçadas máquinas de mais de 800.000 reais", diz André.
Em 2022, a Razor projeta um faturamento de 40 milhões de reais, o dobro do ano passado.
A pandemia colaborou com o crescimento. Com mais gente trabalhando de casa, e perdendo o medo de comprar itens bastante específicos pela internet, como computadores de alta performance, o modelo de venda online implantado pela Razor desde 2014 deslanchou.
"Para os próximos quatro anos, esperamos crescer dez vezes", diz Grégory.
Boa parte da expansão futura deve vir da venda de laptops, agregados ao portfólio da Razor nos últimos meses.
Recentemente, a Razor concluiu uma das maiores captações de recursos via crowdfunding de hardware do país.
Em junho, a empresa levantou 4,4 milhões de reais por meio da Kria, plataforma de equity crowdfunding.
Ao todo, 487 investidores de 20 estados brasileiros aplicaram recursos na startup, avaliada então em 52 milhões de reais.
O tíquete médio ficou em torno de 9.000 reais.
Essa é a segunda vez que a Razor recorre à captação de investimentos via crowdfunding.
Em 2020, a expansão da empresa teve início quando Grégory e André captaram 1,8 milhão de reais.
Somando as duas oportunidades, são mais de 6,2 milhões de reais captados com o investimento de mais de 680 pessoas.
Após a primeira captação, a empresa mudou-se e equipou uma sede maior e dobrou o número de funcionários: hoje são quase 50 pessoas.
"Hoje temos uma capacidade produtiva de montar 25.000 máquinas por ano”, diz Grégory.
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