Negócios

Cresce número de fusões e aquisições em tecnologia

Segundo o relatório da Ernst & Young, o valor agregado de fusões e aquisições globais no setor aumentou 8% no terceiro trimestre de 2011

Relatório trimestral Global Technology M&A Update, da Ernst & Young, mostra que o valor agregado de fusões e aquisições globais chegou à marca de US$ 56,4 bilhões (Justin Sullivan/Getty Images)

Relatório trimestral Global Technology M&A Update, da Ernst & Young, mostra que o valor agregado de fusões e aquisições globais chegou à marca de US$ 56,4 bilhões (Justin Sullivan/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2011 às 19h54.

São Paulo - Embora a crise da dívida na Europa e o rebaixamento do rating dos EUA tenha afetado as fusões e aquisições em outros setores, essas operações na área de tecnologia continuam fortes.

Segundo o relatório trimestral Global Technology M&A Update, da Ernst & Young, o valor agregado de fusões e aquisições globais no setor aumentou 8% no terceiro trimestre de 2011 (de julho a setembro) em relação ao trimestre anterior, para US$ 56,4 bilhões.

Em relação ao terceiro trimestre de 2010, o aumento foi ainda maior, de 22%. O valor agregado dos negócios foi o maior valor trimestral desde 2007, anterior à crise financeira global.

”Apesar da volatilidade dos mercados e das incertezas macroeconômicas que têm desencorajado outros setores, as fusões e aquisições globais em tecnologia têm, até então, continuado a alavancar acordos cada vez mais altos impulsionados pelas megatendências do setor”, avalia Ricardo Reis, líder de fusões e aquisições da Ernst & Young Terco.

“O aumento nos valores ocorre, principalmente, devido ao período de hiperinovações pelo qual têm passado as grandes companhias em relação à mobilidade, computação na nuvem, business intelligence/analytics, redes sociais, segurança da informação e outras novas tecnologias. Fusões e aquisições são fundamentais para empresas permanecerem competitivas e transformarem toda essa inovação em produtos e serviços economicamente viáveis.”

Os acordos envolvendo mobilidade e business analytics marcaram presença no terceiro trimestre, alavancando dois grandes acordos, cada um deles com valores acima de US$ 10 bilhões. O relatório afirma que dois acordos desse porte não ocorriam em um mesmo trimestre desde 2000.

Outras transações foram impulsionadas por computação em nuvem, segurança da informação, redes sociais, jogos on-line e para dispositivos móveis, TI para a área de saúde e vídeos para dispositivos móveis e para internet. Muitos acordos combinaram duas ou mais dessas tendências.


No terceiro trimestre de 2011, o valor agregado das transações com patrocínio de fundos de Private Equity cresceu 82% em relação ao trimestre anterior (para US$ 14,6 bilhões) e 86% em relação ao mesmo período no ano passado. Fundos de Private Equity contribuíram com 6 dos 11 acordos avaliados acima de US$ 1 bilhão durante o trimestre. Os maiores acordos ocorreram ao longo de um amplo espectro de tecnologias, com foco em diferentes setores, como saúde, serviços financeiros e educação.

Assim como aconteceu no segundo trimestre de 2011, acordos de peso dominaram o trimestre, com os 11 maiores acordos totalizando US$ 40,1 bilhões em valor, ou 71% do total do trimestre. A média em valor por acordo também subiu: 14% em relação ao trimestre anterior e 26% na comparação com o ano passado, alcançando US$ 221 milhões, o maior nível em 11 anos.

“Big data”

Um dos focos das fusões e aquisições de tecnologia no terceiro trimestre foi em “big data”. Segundo Ricardo Reis, “os dispositivos móveis, as plataformas de redes sociais e sistemas de medição inteligentes estão gerando um volume ainda maior de dados, que está se tornando difícil de analisar, na medida em que esse volume cresce exponencialmente em tamanho. As empresas estão empenhadas com o que tem sido chamado de o problema de “big data”. Tecnologias que ajudem as companhias a dar um sentido a tudo isso poderão fornecer informações e conhecimentos importantes sobre o consumidor”.

Foram registradas algumas dezenas de acordos na categoria de business intelligence/analytics no terceiro trimestre, incluindo um dos acordos acima dos US$ 10 bilhões.

Tendências

Computação na nuvem, mobilidade, segurança da informação e redes sociais continuam a dominar as tendências dos acordos. Foram registrados múltiplos acordos no terceiro trimestre envolvendo tecnologias de segurança combinadas a nuvem e mobilidade ou a ambas. “À medida que o tempo passa, também estamos vendo tecnologias relacionadas a essas tendências se integrarem umas com as outras – e com todo o resto do mundo”, diz o líder de fusões e aquisições da Ernst & Young Terco.


Queda no número de acordos

O número de acordos caiu 2%, pelo segundo trimestre consecutivo, para 759. “Esse patamar surge depois de oito trimestres consecutivos, entre o primeiro trimestre de 2009 e o primeiro trimestre de 2011, sem queda no número de acordos”, diz Ricardo Reis. Porém, relatórios publicados no terceiro trimestre do ano indicaram que, para todos os demais setores, a queda registrada no terceiro trimestre de 2011 foi ainda maior: em torno de 9%, valor bem acima se comparado com os 2% do setor de tecnologia.

O número de acordos permaneceu entre 700 e 800 em cada um dos últimos cinco trimestres (desde o terceiro trimestre de 2010). Segundo o relatório, isso pode indicar que a indústria de tecnologia, no curto prazo, está em um nível insustentável.

Queda nos acordos entre países

No terceiro trimestre, os acordos entre países caíram 11%, tanto em número como em valor, quando comparados com o segundo trimestre de 2011. Este trimestre representou uma das pausas ocasionais em uma tendência geral de alta no percentual dos acordos transfronteiriços, tanto em número quanto em valor, desde 2009.

Tendências globais

Enquanto as fusões e aquisições mundiais em tecnologia foram um contraponto às turbulências macroeconômicas que prevaleceram no terceiro trimestre, a dúvida que ainda permanece é se os altos valores poderão ser mantidos no curto prazo, diante de tanta incerteza e da exagerada volatilidade dos mercados.

“Apesar de a volatilidade macroeconômica dificultar previsões em torno da continuidade do aumento das transações de fusões ou da estabilização no curto prazo, as megatendências tecnológicas de hoje, impulsionadas por mobilidade, computação em nuvem e redes sociais, fazem com que, no longo prazo, a aposta no crescimento de M&A seja relativamente segura”, conclui Ricardo Reis.

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