Coronavírus: Uber pode ver investimentos encolherem até US$ 2,2 bi
A empresa de tecnologia de transporte retira previsões para 2020 e deve reduzir o valor de ativos minoritários em até 2,2 bilhões de dólares
Karin Salomão
Publicado em 17 de abril de 2020 às 17h00.
Última atualização em 17 de abril de 2020 às 17h00.
A pandemia do coronavírus chegou de forma abrupta e paralisou negócios em todo o mundo. As consequências ainda não foram calculadas e, por isso, a empresa de tecnologia para transporte Uber retirou as previsões que havia feito para seus resultados financeiros de 2020.
Dessa forma, a Uber está removendo seu guidance para o volume de receitas, Ebitda ajustado e lucro para o ano que havia publicado no dia 6 de fevereiro.
"Dada a natureza evolutiva da covid-19 e da incerteza que ela causou em todas as indústrias em todas as partes do mundo, é impossível prever com precisão o impacto cumulativo da pandemia nos nossos resultados financeiros futuros", diz a empresa em comunicado.
A pandemia também deve afetar alguns investimentos minoritários da empresa. A companhia vai fazer um impairment, ou redução no valor dos investimentos, de 1,9 bilhão de dólares a 2,2 bilhões de dólares. Essa mudança não devem impactar o lucro, caixa ou outros investimentos no primeiro trimestre deste ano.
A Uber informou que houve queda de até 70% nas corridas em algumas cidades dos Estados Unidos. Uma das mais afetadas é Seattle, um dos principais mercados da empresa no país.
Assistência para motoristas
Por ser uma plataforma na qual centenas de milhares de pessoas obtêm renda, a empresa acredita que irá ter um papel importante na recuperação econômica das cidades após o fim das medidas de isolamento. "Para dar suporte às oportunidades de renda, deprimidas como resultado da covid-19, assim como às comunidades fortemente impactadas pelo vírus, anunciamos e implementamos diversas iniciativas durante o primeiro trimestre do ano", diz a empresa.
As medidas incluem um programa de assistência financeira para motoristas e entregadores, que pode impactar as receitas em 17 a 22 milhões de dólares no primeiro trimestre e de 60 a 80 milhões de dólares no segundo.
No Brasil, a Uber anunciou medidas para ajudar seus motoristas durante a crise do coronavírus. Em carta assinada por Claudia Woods, diretora-geral da empresa no país, a companhia afirma que vai ampliar a cobertura da política de assistência financeira para os motoristas parceiros e que vai reembolsar, além do álcool gel, outros itens, como máscaras e luvas.
No dia 24 de março, a Uber anunciou que iria oferecer uma assistência financeira por 14 dias a qualquer motorista ou entregador que seja diagnosticado com o novo coronavírus ou que tenha quarentena solicitada por um médico. A partir de agora, a empresa está ampliando o plano aos motoristas do grupo de risco.
Recentemente, mais de 2.500 motoristas do Uber e Lyft da Califórnia afirmaram que devem receber cerca de 630 milhões de dólares em salários, segundo o grupo ativista Rideshare Drivers United.
Os motoristas afirmam que as empresas de tecnologia os classificaram erroneamente como funcionários terceirizados, abaixo de uma nova lei do estado da Califórnia.
Os trabalhadores esperam poder ser elegíveis para seguro desemprego e outras receitas, relevantes agora nesse momento em que as corridas estão pressionadas.