Coronavírus fecha maior produtor de preservativos e pode causar escassez
A malaia Karex Bhd fabrica um de cada cinco preservativos do mundo, mas há mais de uma semana não produz em nenhuma de suas três fábricas
Reuters
Publicado em 27 de março de 2020 às 17h03.
Uma escassez global de preservativos é iminente, alertou o maior fabricante mundial do produto, devido à interrupção causada pelo coronavírus que levou a suspender a produção.
A malaia Karex Bhd fabrica um de cada cinco preservativos do mundo, mas há mais de uma semana não produz em nenhuma de suas três fábricas na Malásia devido à interdição imposta pelo governo para deter a proliferação do vírus.
Isso já representa um déficit de 100 milhões de preservativos, normalmente comercializados internacionalmente por marcas como Durex, fornecidos por sistemas de saúde pública como o britânico NHS ou distribuídos por programas de ajuda como o Fundo de População das Nações Unidas.
A empresa recebeu permissão de retomar a produção nesta sexta-feira, mas só com 50% de sua mão de obra – uma isenção especial para indústrias essenciais.
"Levará tempo para fazer as fábricas voltarem à ativa, e teremos dificuldade para acompanhar a demanda com meia capacidade", disse o executivo-chefe Goh Miah Kiat à Reuters.
"Veremos uma escassez global de preservativos em todo lugar, o que será assustador", disse. "Minha preocupação é que, para muitos programas humanitários nas profundezas da África, a escassez não será só de duas semanas ou um mês. Essa escassez pode durar meses."
A Malásia é o país mais afetado do sudeste asiático, acumulando 2.161 infecções de coronavírus e 26 mortes. A interdição deve vigorar ao menos até 14 de abril.
Os outros países que são grandes produtores de preservativo são China, onde o coronavírus surgiu e provocou o fechamento generalizado das fábricas, e Índia e Tailândia, que só agora estão vendo uma disparada de infecções.
Fabricantes de outros itens críticos, como luvas médicas, também estão enfrentando percalços em suas operações na Malásia.
"O bom é que a demanda de preservativos ainda é muito forte porque, gostem ou não, ainda é algo essencial para se ter", disse Goh. "Dado que, a esta altura, as pessoas não estão planejando ter filhos. Não é a hora, com tanta incerteza."
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