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Conselheiros dos empregados da Eletrobras rebatem campanha do MME

Os conselheiros informaram que nos últimos dez anos a Eletrobras distribuiu aos seus acionistas aproximadamente R$ 20 bilhões

Sede da Eletrobras: conselheiros se disseram perplexos com a campanha considerada por eles difamatória (Nadia Sussman/Bloomberg)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de maio de 2018 às 15h02.

Rio - A campanha do Ministério de Minas e Energia (MME) pela privatização da Eletrobras , toda baseada em uma suposta ineficiência da empresa para justificar sua venda, continua rendendo críticas e reuniu, pela primeira vez, os oito conselheiros representantes dos empregados no Conselho de Administração do Sistema Eletrobras.

Em Carta Aberta enviada ontem aos empregados das empresas - Eletrobras, Chesf, Furnas, Eletronorte, Cepel, Eletronuclear, Eletrosul e CGTEE -, os conselheiros se disseram perplexos com a campanha considerada por eles difamatória, diante do fato que as ações da companhia são negociadas em bolsa e, portanto, correm risco de desvalorização com a propaganda. No sentido inverso, os conselheiros chamam atenção para a real situação da estatal.

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"Graças à Eletrobras, milhões de torcedores de áreas rurais podem hoje assistir os gols dos seus times e poderão assistir também os gols da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia em junho deste ano", ironizam, em referência a uma das peças publicitárias que afirma que se a Eletrobras for privatizada, os consumidores não vão mais perder nenhum gol: "Chega de corte de energia na final do Campeonato. Com a modernização da Eletrobras a luz está garantida!", afirma a campanha do MME.

"As décadas de operação trazendo energia para as mais diversas regiões do Brasil, a construção de usinas de grandes reservatórios, o domínio da geração de energia nuclear, o investimento em novas fontes alternativas de energia e a construção de corredores de transmissão em alta-tensão deram à marca Eletrobras o status de maior empresa de energia elétrica da América Latina e uma das maiores do mundo", afirmam na Carta.

Os conselheiros informaram que nos últimos dez anos, incluindo os recentes e raros anos de prejuízo, a Eletrobras distribuiu aos seus acionistas aproximadamente R$ 20 bilhões entre dividendos e juros sobre capital próprio. Distribuições estas aprovadas em Assembleia Geral pela própria União. Deste valor, foram destinados a União, direta e indiretamente, R$ 13 bilhões. No mesmo período, apenas em 2016 os acionistas tiverem que fazer aporte financeiro na empresa.

"Os planos de investimento no recém-aprovado Plano Diretor de Negócios e Gestão 2018-2022, conforme divulgado em Fato Relevante de 17 de dezembro do ano passado, prevê investimentos de cerca de R$ 19,75 bilhões, uma média de R$ 3,95 bilhões por ano. "Valores expressivos demais para uma empresa que não estivesse em equilíbrio", afirmam na Carta, mais uma vez criticando a peça publicitária que afirma que a Eletrobras é ineficiente, está endividada, e ainda assim sustenta funcionários caríssimos".

Eles destacam ainda que a Eletrobras possui créditos relativos às indenizações dos ativos não amortizados denominados Rede Básica Sistemas Existentes - RBSE, na ordem de R$ 38,8 bilhões, a valor de setembro de 2017, com recebimento até 2025, corrigidos pelo custo do capital correspondente aos ativos.

"Estabelecer um processo de contínua depreciação destes valores intangíveis reduz o valor da companhia perante os seus stakeholders e definitivamente não atende ao interesse público. É inadmissível que o controlador deliberadamente venha atuando para depreciar a companhia, utilizando argumentos inverídicos e falaciosos", afirma a Carta.

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