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Compra de empresa falida pode selar a paz entre a Amazon e Trump

O presidente eleito dos EUA e Jeff Bezos, dono da varejista online, trocam farpas desde a corrida eleitoral

Logo da Amazon (Andrew Harrer/Bloomberg)

Logo da Amazon (Andrew Harrer/Bloomberg)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 6 de janeiro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 9 de janeiro de 2017 às 10h08.

São Paulo - A Amazon seria uma das interessadas em comprar a falida varejista de moda American Apparel. E, se concretizada, essa operação pode "selar a paz" entre Jeff Bezos, dono da gigante de comércio eletrônico, e Donald Trump, que trocam alfinetadas desde a campanha à presidência dos Estados Unidos.

De acordo com informações da Reuters, a Forever 21 também estaria de olho nos ativos, que estão em leilão.

A empresa, porém, já recebeu uma oferta no valor de 66 milhões dólares da rede canadense Gildan Activewear.

O principal alvo dessa proposta, entretanto, é a marca e a Gildan teria intenção de manter apenas parte da produção que a American Apparel tem em Los Angeles, na Califórnia, segundo a agência.

A American Apparel se autointitula a maior fabricante de roupas da América do Norte. Ela tem 110 lojas em emprega cerca de 4.500 pessoas, 3.500 deles na manufatura.

Acontece que o custo da mão de obra na Califórnia é um dos maiores dos Estados Unidos e a Gildan concentra sua produção em países de baixo custo, de acordo com a Reuters.

Encerrar parte das atividades da American Apparel significaria milhares de demissões – uma derrota para o nacionalismo da companhia, expresso no slogan "Made in the USA" (Feito nos EUA), e também para o presidente eleito Donald Trump, que prega insistentemente que as corporações americanas devem investir (e gerar empregos) dentro do país.

Em resposta a essas pressões, a Ford anunciou nesta semana que desistiu de construir uma nova fábrica no México e que vai usar o dinheiro para desenvolver carros elétricos nos Estados Unidos, por exemplo. Trump agradeceu (literalmente).

Caso a Amazon compre a varejista (e decida deixar toda sua operação de pé) ela se tornará uma aliada das políticas defendidas pelo magnata.

Durante sua campanha, Trump acusou Bezos de ter comprado o jornal Washington Post, em 2013, para induzir políticos do estado a manter baixos impostos sobre a Amazon. Também disse que o empresário usava a publicação para atacá-lo.

Bezos respondeu, no Twitter, que reservaria um assento para o desafeto no próximo foguete que sua empresa Blue Origin lançasse ao espaço.

Faz sentido?

Com a aquisição da American Apparel, a Amazon poderia ganhar ainda mais expertise e espaço para crescer no varejo de vestuário, ramo no qual ela já atua por meio do e-commerce de sapatos Zappos e de moda Shopbop.

O desafio seria reestruturar a companhia, que está em seu segundo processo de falência e tem dívidas estimadas em 177 milhões de dólares.

O primeiro pedido de proteção veio em outubro de 2015. A empresa não lucrava desde 2009, quando teve que demitir 1.800 funcionários em situação de imigração ilegal.

Com isso, ela perdeu mais de um quarto de sua força de trabalho fabril e ficou com a produção prejudicada, segundo a Reuters.

Ela voltou às atividades regulares em fevereiro de 2016, mas, em novembro, pediu proteção contra falência novamente.

 

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