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Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Middle East Airlines permanece operando no Líbano, mesmo diante de bombardeios e tensões com Israel e Hizbollah, consolidando-se como "a companhia mais corajosa do mundo".

Avião da Middle East Airlines decola em meio à fumaça causada pelos conflitos próximos ao aeroporto de Beirute. (Middle East Airlines/Reprodução)

Avião da Middle East Airlines decola em meio à fumaça causada pelos conflitos próximos ao aeroporto de Beirute. (Middle East Airlines/Reprodução)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 14 de novembro de 2024 às 10h58.

A Middle East Airlines (MEA), companhia aérea nacional do Líbano, continua operando enquanto o país enfrenta a escalada de bombardeios e conflitos com o grupo militante Hezbollah, apoiado pelo Irã. Com o aeroporto em Beirute situado perto de áreas bombardeadas por Israel, a companhia aérea mantém operações para evacuar cidadãos e transportar ajuda humanitária. Assim, ela se tornou um símbolo de resistência para o país, chamada por alguns de “a companhia aérea mais corajosa do mundo.”

Carla Haddad, de 39 anos, descreveu a MEA, para o Financial Times, como um "bote salva-vidas" que a ajudou a escapar para Marselha com sua família enquanto os conflitos se intensificavam em setembro. A MEA, que tem uma importância histórica para os libaneses, viu seu papel expandido: agora é a única companhia aérea que opera voos comerciais de e para o Líbano, garantindo uma conexão vital para quem precisa deixar o país ou enviar suprimentos essenciais.

Nos últimos sete anos, a empresa ajustou suas operações para lidar com o contexto de guerra. Pilotos da MEA enfrentam desafios como bloqueios de GPS, que os obrigam a operar sem o uso de sistemas automatizados, enquanto o aumento dos custos de seguro mantém parte da frota estacionada no exterior para reduzir riscos. Dos 22 aviões Airbus da companhia, cerca de 20% estão fora do país.

MEA: símbolo de resistência e pragmatismo

Segundo o capitão Mohammad Aziz, assessor do presidente da MEA, a prioridade da companhia não é o lucro, mas manter o aeroporto de Beirute aberto e ativo. Embora o fluxo de voos tenha caído para 30% do movimento pré-guerra, a MEA ainda realiza quase 45 voos por dia, saindo principalmente de Beirute com lotação máxima. “Nosso dever agora é manter as operações pelo país”, afirma Aziz.

Em contraste com o ambiente tenso, fotos dos aviões da MEA voando em meio a colunas de fumaça viraram ícones do momento, com alguns libaneses chamando a empresa de “heroica.” Em homenagem, uma padaria de Beirute chegou a vender cupcakes decorados com miniaturas de aviões e chapéus de pilotos da MEA.

Embora a segurança do aeroporto esteja sob uma "garantia informal" de que Israel notificaria qualquer ataque com duas horas de antecedência, o clima permanece delicado. Recentemente, o governo do Líbano tomou medidas para aumentar a segurança, especialmente para voos provenientes de países que Israel considera suspeitos, como Irã e Iraque. Em setembro, o Líbano chegou a barrar um voo iraniano, e remessas de ajuda médica do Irã precisaram passar por inspeção das Forças Armadas Libanesas.

Com essa política de cautela, a MEA também reforça a colaboração com o governo e a ONU para garantir que o aeroporto continue a operar apenas para atividades civis. "Existe uma comunicação contínua entre o governo e a direção da MEA para assegurar a segurança do aeroporto e suas operações," afirmou Aziz.

Para muitos libaneses, a MEA representa um elo vital com o mundo. Além de possibilitar saídas de emergência do país, a companhia aérea também foi fundamental para trazer pelo menos 27 toneladas de medicamentos e outros itens de ajuda humanitária ao Líbano nas últimas semanas. Larissa Ratl, que organizou uma remessa de medicamentos, acredita que, sem a MEA, seria impossível fornecer esses suprimentos.

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