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Como uma startup nascida na USP atraiu a gigante WEG, que fatura R$ 23 bilhões

A Mvisia, empresa de câmeras inteligentes que nasceu dentro do campus universitário, está hoje à frente de uma mudança tecnológica dentro da multinacional WEG

Fernando Lopes, Fernando Velloso, Henrique Oliveira e Cassiano Casagrande, fundadores da Mvisia (Mvisia/Divulgação)

Fernando Lopes, Fernando Velloso, Henrique Oliveira e Cassiano Casagrande, fundadores da Mvisia (Mvisia/Divulgação)

Desde que foi adquirida pela multinacional WEG, em 2020, a Mvisia tem trazido um DNA inovador para a empresa fundada na década de 1960. Responsável pela criação de sistemas de inteligência artificial e visão computacional aplicados a câmeras de vigilância, a Mvisia está hoje à frente de uma revolução tecnológica nas linhas de produção da WEG, que vão de tomadas e interruptores a turbinas de aviões.

A tentativa é trazer uma nova perspectiva para a chamada indústria 4.0, que se vale de tecnologias ainda pouco usuais para automatizar e ancorar as linhas de produção com base em dados e algoritmos.

Na prática, as câmeras da Mvisia funcionam como “fiscais” capazes de identificar sinais de falha nas fabricações. Um exemplo está na ausência de comprimidos em cartelas de remédios, defeitos superficiais em mobílias ou até mesmo se o operador das máquinas está cumprindo protocolos de segurança, como o uso de máscaras.

Para indústrias que produzem milhares de itens diariamente, a identificação prévia de produtos com defeito é algo capaz de poupar milhões de reais.

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A Mvisia foi fundada em 2012 pelos engenheiros Fernando Lopes, Fernando Velloso, Henrique Oliveira e Cassiano Casagrande, que se conheceram durante os estudos na escola politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). “A Mvisia nasceu, teve sua infância e agora está no início de sua vida adulta em um grande grupo”, diz Fernando Velloso, diretor da Mvisia.

O interesse da multinacional na startup paulista acontece, em boa medida, graças à necessidade de digitalização às pressas encarada pela indústria nacional, especialmente após a pandemia de covid-19. Por isso, da automação industrial, foco principal da empresa, a WEG passou também a direcionar esforços em automatizar suas linhas de produção com o uso de inteligência artificial. “Temos visto com bons olhos como o mercado tem sido aberto para esse tipo de negócio”, diz José Bastos Grillo, diretor de negócios digitais da WEG.

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De olho nisso, a empresa lançou a IoT WEGnology, uma plataforma dedicada a atender as demandas da Indústria 4.0 — e da qual a Mvisia faz parte. Na esteira desses esforços em acompanhar a digitalização da indústria, a WEG também adquiriu outras três startups nos últimos dois anos. “São investimentos que nos posicionam como um player interessante nesse segmento digital”, diz.

Todas as aquisições envolviam o repasse de ao menos 51% do controle das startups. Os valores das transações, no entanto, não foram divulgados.

Agora parte do grupo, a Mvisia deve facilitar a aderência da WEG em alguns dos mais proeminentes segmentos da indústria nacional, e também mais adeptos à inovação. É o caso do agronegócio, do setor automobilístico, e da indústria de alimentos e bebidas. “Imagine poder evitar que bebidas sejam fabricadas sem os canudinhos. É algo que será possível com a tecnologia da Mvisia”, diz Grillo.

Mudanças no modo de trabalho

Agora, a WEG ajuda a Mvisia a expandir a produção das câmeras inteligentes. Com isso, além do investimento financeiro, a presença no grupo WEG também traz à startup a oportunidade de se conectar com grandes clientes da multinacional, além de ter acesso às plantas industriais e escritórios compartilhados da WEG — o principal deles em Jaraguá do Sul, Santa Catarina.

A proposta é que todas as startups adquiridas pela gigante possam trabalhar fisicamente próximas dos próprios funcionários da WEG. “A pandemia antecipou uma tendência que hoje se transformou em diferencial competitivo para as empresas de tecnologia: o trabalho descentralizado”, diz Velloso.

Até o final do ano, a intenção é reunir cerca de 400 pessoas na plataforma interativa e soluções e também nos coworkings de Jaraguá do Sul e São Paulo.

A longo prazo, a aproximação com startups como a Mvisia promete melhorar os níveis de exportação de produtos digitais da WEG, desenvolvidos em parceria com essas empresas. Hoje, essa vertical representa apenas 5% da receita da empresa. “É um plano que vai durar no mínimo dois anos, mas que é de relevância máxima para nós”, diz Grillo.

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