Como a taxa de juros impacta diretamente os pequenos negócios
Selic está fixada em 13,75% ao ano desde agosto passado e inibe o consumo e o acesso ao crédito
Agência de Notícias
Publicado em 16 de junho de 2023 às 16h07.
Última atualização em 16 de junho de 2023 às 16h09.
Mais dificuldades no acesso a crédito, menos consumo e dinheiro circulando na economia e redução de empregos. Esses são alguns dos reflexos de como a taxa básica de juros, a Selic, fixada pelo Banco Central em 13,75% ao ano, pode afetar diretamente as micro e pequenas empresas.
Essa percepção já é captada por quem está na ponta. Há 31 anos no mercado, Renato e Lucas Gibertoni são donos da AIDU, indústria de alimentos localizada em São Paulo (SP). Atualmente, a maior parte da receita vem da fabricação para grandes empresas, sobretudo com produtos alimentícios em aerosol. Sobra demanda, mas falta crédito.
- Vale (VALE3) precifica US$1,5 bilhão em bonds com vencimento em 2033
- BC da Rússia decide manter taxa básica de juros em 7,50%, mas diz não descartar elevá-la
- Vendas do varejo sobem 0,1% em abril ante março, afirma IBGE
- FIFA divulga ranking das seleções femininas; Brasil ganha posição
- Alckmin alerta que juro real está subindo no Brasil com manutenção da Selic e desinflação
- Banco central da China corta taxa de juros de curto prazo e sugere alteração nas principais taxas
“A Selic nos afeta bastante no crédito para expansão. Precisamos crescer, mas os juros cobrados pelos bancos estão muito altos”, avalia o empresário Lucas Gibertoni.
“ Crédito para capital de giro nem se fala, está insustentável. No início do ano, não tivemos muita saída de produtos, alguns boletos atrasaram, então pegamos empréstimo mesmo assim. E isso acabou atrasando alguns planos que tínhamos para a AIDU. Temos que ser muito guerreiros para sobrevivermos a um sistema tão adverso”, completa o empreendedor.
VEJA TAMBÉM: Pequenos negócios geraram 76% dos novos empregos em abril
A visão de Lucas sobre a taxa de juros também pode ser percebida pelo Índice de Confiança das Micro e Pequenas Empresas ( IC-MPE ) de abril, que apresentou um ligeiro recuo de 0,8 ponto, caindo de 88,5 para 87,7 pontos, de acordo com a Sondagem Econômica da MPE, realizada mensalmente pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, Giovanni Beviláqua, explica que a Selic é uma taxa básica (mínima) e que para os pequenos negócios, a ta xa média está em 35% ao ano: “Esses valores praticados são um impeditivo para o empreendedor acessar o crédito”.
Com a taxa de juros da Selic alta, há um desestímulo das instituições financeiras e dos tomadores de financiamento. É sempre uma tomada de decisão que deve ser feita com muita cautela”, contextualiza.
Beviláqua sugere que os empreendedores procurem orientações para a tomada de decisão. Além disso, é importante estar atento à gestão financeira da empresa, à organização dos processos e ao controle de estoques, que pode ajudar a ter um fluxo de caixa saudável e ter subsídios sobre a requisição de empréstimos. “Todo crédito tomado hoje se torna uma dívida que será paga ao longo do tempo. Por isso, deve ser muito bem planejado”, explicou.
Entenda como a taxa de juros alta afeta PMEs
- Taxa de juros alta significa menos acesso ao crédito, menos consumo e dinheiro circulando na economia e uma redução de empregos;
- A Selic, que é a taxa básica de juros, está fixada em 13,75% ao ano. No entanto, a média de juros para as MPE está em 35% ao ano.
- A gestão financeira e o controle de estoques ajudam a manter um fluxo de caixa saudável e ter subsídios na hora de solicitar crédito.
VEJA TAMBÉM:
IBC-BR: prévia do PIB sobe 0,56% em abril e tem melhor desempenho em 10 anos
MEI gera ganho adicional na economia de até R$ 69,5 bilhões, mostra pesquisa