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Como a BRF pode ajudar o JBS a faturar R$ 10 bi com a Seara

Seara deve quase metade de seu faturamento a ativos que vieram da BRF, na negociação que envolveu a Marfrig e da qual o JBS não poderia participar

Wesley Batista: “É uma aquisição estratégica, que vai trazer muitos benefícios  para a operação da companhia no mercado doméstico e também internacional” (Germano Lüders/EXAME.com)

Daniela Barbosa

Publicado em 10 de junho de 2013 às 12h48.

São Paulo – A BRF deu, sem querer, uma bela força ao JBS , que se tornará seu maior rival no mercado de aves, após anunciar a compra da Seara Brasil por 5,8 bilhões de reais. Isto porque boa parte do potencial de produção da ex-empresa do Marfrig vem de fábricas que foram trocadas com a BRF para se adequar às exigências do Cade, ao aprovar a fusão da Sadia com a Perdigão.

Com a operação, o JBS  se torna o segundo maior fabricante de alimentos processados do país, atrás somente da BRF, e com grande chance de somar ao seu faturamento cerca de 10 bilhões de reais neste ano. Segundo Sérgio Rial, presidente da Seara Foods, os ativos oriundos da BRF representam cerca de 40% deste total.

De acordo com Rial, no primeiro trimestre, a receita da Seara Brasil cresceu quase 50% na comparação com o mesmo período de 2012, totalizando mais de 2 bilhões de reais. “Os ativos adquiridos pela BRF já apresentaram utilização de capacidade. É estimado um faturamento entre 9 e 10 bilhões de reais para neste ano com essa operação”, afirmou o executivo, em teleconferência com analistas para comentar a negociação com o JBS.

Em 2011, a BRF fechou com o Marfrig a venda de parte de suas operações por  determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que a fusão entre Sadia e Perdigão fosse adiante. Entre os ativos negociados, estavam centros de distribuição, fábricas, abatedouros, granjas e as marcas Rezende, Wilson, Texas, Tekitos, Patitas, Fiesta, Escolha Saudável, Light Ellegance, Freski, Confiança, Doriana e Delicata.

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A partir de agora, todos os ativos adquiridos da BRF recentemente – que estavam sob o guarda-chuva da bandeira Seara Brasil – passam a pertencer ao JBS. Para Wesley Batista, a operação vai permitir que a companhia consiga expandir a produção de produtos de maior valor agregado.


“É uma aquisição estratégica, que vai trazer muitos benefícios  para a operação da companhia no mercado doméstico e também internacional”, afirmou o empresário, que também participou da teleconferência sobre o negócio, nesta segunda-feira.

Além de figurar como a segunda maior fabricante de alimentos processados, o JBS se torna líder global no mercado de aves, com faturamento que pode beirar a cifra de 100 bilhões de reais. A companhia possui operações em aves nos Estados Unidos, México, Porto Rico e partir de agora no Brasil, via Frangosul e Seara, passará a ter uma capacidade de abate diário de 12 milhões de aves por dia. Somente a Seara Brasil tem capacidade de abate de 2,6 milhões de aves diariamente.

Segundo Batista, ainda é impossível quantificar as sinergias que a operação pode trazer ao JBS, mas ele garante que são inúmeras.“ Vamos operar o negócio, como operamos os demais negócios dentro da companhia, com o tempos, vamos imprimir nosso ritmo na operação da Seara Brasil”, disse o empresário.

Bom para os dois lados

O JBS comprou a Seara Brasil por 5,8 bilhões de reais. Todo o valor pago pela operação será feito por meio de assunção de dívidas do Marfrig, que somaram quase 13 bilhões de reais no final do primeiro trimestre do ano. As dívidas têm vencimento até o ano de 2017. “Devemos fazer alguns ajustes, mas estamos confortáveis de assumir esses débitos”, afirmou Batista.

Se de um lado, o negócio permitirá que o JBS esteja entre os maiores do mundo do mercado de alimentos. Do outro, dará fôlego para que o Marfrig invista nos demais negócios da sua operação, uma vez que, os endividamentos bancários da companhia  devem ser zerados com a venda da Seara Brasil

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