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Com Seara, JBS prevê alavancagem abaixo de 4 vezes

Segundo presidente da companhia, uma maior geração de caixa deve compensar a alta da dívida da maior exportadora global de carnes

Frigorífico da JBS: lucro da companhia dobrou no segundo trimestre de 2013, somando 338 milhões de reais (Diego Giudice/Bloomberg)

Frigorífico da JBS: lucro da companhia dobrou no segundo trimestre de 2013, somando 338 milhões de reais (Diego Giudice/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2013 às 18h05.

São Paulo - A alavancagem da brasileira JBS, maior exportadora global de carnes, aumentará com a incorporação da Seara, mas uma maior geração de caixa deve compensar a alta da dívida, disse nesta quinta-feira o presidente da companhia, Wesley Batista, um dia depois da divulgação dos resultados trimestrais.

Ao final do segundo trimestre, a JBS tinha alavancagem (relação dívida líquida/Ebitda) de 3,28 vezes.

"Contando com o resultado pro forma da Seara, nós acreditamos que vamos estar com alavancagem abaixo de 4 vezes, mesmo após a aquisição", disse Batista à Reuters.

O executivo ponderou que a alavancagem poderá até ficar acima da média das empresas do setor, mas minimizou o impacto para a gigante do setor de carnes.

"É natural que, com uma aquisição do porte da Seara, a alavancagem suba um pouco, mas estamos confiantes na capacidade da empresa de fazer caixa e trazer isso rápido para níveis atuais ou abaixo", disse ele.

A meta da companhia, para o final de 2014, é reduzir a alavancagem para menos de 3 vezes, apontou.

A JBS comprou a Seara Brasil, divisão de aves e suínos da Marfrig no início de junho, em uma operação que envolveu a assunção de 5,85 bilhões de reais em dívidas e a levou à liderança global na produção de aves.

A grandeza da operação e os seus efeitos para a companhia são acompanhados pelo mercado.

"A experiência com a Sadia e a Perdigão mostrou que qualquer processo de fusão não é tão simples assim, que as sinergias não aparecem tão facilmente", disse o analista chefe da XP Investimentos, William Alves.

Para o analista, a aquisição da Seara consolidou uma série de investimentos da JBS nos últimos anos, os quais a empresa deve colher frutos. Mas ele ponderou que será preciso olhar atentamente os resultados para ver se a empresa entrega o que propôs.


A operação ainda depende de aprovação do órgão antitruste (Cade) para ser finalizada, mas 2,85 bilhões de reais da dívida bruta já foram transferidos para a JBS, segundo informou a Marfrig ao divulgar seu resultado trimestral.

"Mais de 95 por cento da dívida (da Seara) já está negociada, aprovada e aguardando aprovação do órgão regulador para formalizar a transferência da dívida", disse Batista mais cedo a analistas em teleconferência.

O executivo acrescentou que os bancos credores da Seara também são "parceiros" da JBS, e a expectativa é ter um perfil melhor do endividamento e uma redução de 2 por cento no custo total da dívida.

Mesmo com a assunção da dívida da Seara, a JBS espera manter o processo de redução de seu índice de endividamento, disse Batista. A relação dívida líquida/Ebitda da JBS caiu para 3,28 vezes ao final do segundo trimestre, ante 3,4 vezes no final do trimestre anterior.

O lucro da JBS dobrou no segundo trimestre de 2013, somando 338 milhões de reais, ante igual período do ano passado, em número próximo das estimativas do mercado.

As ações da JBS fecharam em baixa de 3 por cento, enquanto o Ibovespa encerrou praticamente estável.

Câmbio

A política de hedge da empresa limitou as perdas pelo impacto cambial, que somaram cerca de 270 milhões de reais no período, devido à alta do dólar, disse o executivo.

"Nós 'hedgeamos', e acreditamos que acertamos bastante, porque tivemos um impacto pequeno comparando com a exposição cambial da empresa, não fosse isso a perda poderia chegar a um bilhão (de reais)", disse Batista em conferência com analistas para comentar o resultado trimestral.

No final do trimestre, 80 por cento da dívida consolidada da companhia era denominada em dólares ao custo médio de 6,95 por cento ao ano.


O dólar renovou uma máxima de mais de quatro anos frente ao real nesta quinta-feira, fechando a 2,3385 reais na venda.

Perspectivas

Olhando para o segundo semestre, o presidente da JBS apontou um cenário favorável nas divisões de aves e bovinos nos Estados Unidos.

"Estamos confiantes de que teremos margens bastante positivas em aves nos Estados Unidos", disse Batista.

A JBS controla a Pilgrim's Pride nos EUA, divisão que teve um crescimento de 175 por cento no lucro líquido no segundo trimestre, em meio à acomodação dos preços de grãos, que no ano passado atingiram níveis recordes.

O benefício do recuo nos preços de grãos deve ficar mais evidente no final do ano, já que neste trimestre a indústria ainda opera com grãos remanescentes da safra anterior, comprado a preços mais elevados, disse o executivo.

A JBS espera uma queda de cerca de 2 dólares por bushel no preço médio do milho no final do ano. O cereal é o principal insumo da indústria de aves, com forte impacto no custo de produção.

O negócio de bovinos nos EUA já teve desempenho operacional melhor neste trimestre, com a margem Ebitda ficando em 3,4 por cento, revertendo as margens negativas do mesmo período no ano passado e do trimestre anterior.

No Brasil, a expectativa é de melhora das vendas em meio à campanha de marketing que a companhia vem fazendo junto aos consumidores finais, mas o executivo não detalhou a expectativa.

A JBS prevê aumentar o confinamento em 30 por cento acima da média do mercado, que estima entre 5 e 10 por cento de aumento, de olho no potencial de exportação. Ele destaca a sazonalidade do setor, com vendas mais firmes no segundo semestre, e o câmbio que dá mais competitividade ao país.

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