Com dívida de R$ 350 milhões, Tok&Stok retoma entrega de móveis em até 24h para tentar superar crise
Tentando contornar crise financeira e fechamento de lojas, varejista de móveis espera aumentar as vendas em 20% com entregas rápidas
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de julho de 2023 às 10h00.
Última atualização em 25 de julho de 2023 às 11h50.
A varejista de móveis Tok&Stok anuncia nesta terça-feira, 25, a entrega em até 24 horas de sofás, poltronas e pufes, para a capital e grande São Paulo. A novidade faz parte do processo de reestruturação financeira da companhia, que tem dívida estimada em R$ 350 milhões.
A ideia é retomar a entrega rápida oferecida pela empresa entre 2014 e 2017. Todas as vendas de sofás, poltronas e pufes realizadas de segunda a sexta-feira até às 20h serão separadas, embarcadas e distribuídas para entrepostos na cidade de São Paulo até as 22h.
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"A operação de cross-docking para os veículos de entrega é realizada durante a madrugada e as entregas para nossos clientes são realizadas ao longo do dia", explica Luciano Escobar, diretor executivo de Operações.
A expectativa é aumentar em 20% a venda de sofás, poltronas e pufes nos próximos meses. A Tok&Stok espera incluir o Rio de Janeiro na operação até o fim do ano. Outros produtos isentos de montagem também devem contar com entrega rápida nos próximos meses.
Quais são os desafios da Tok&Stok
A maior varejista de móveis do Brasil tem enfrentando uma turbulência financeira nos últimos anos. No primeiro semestre, lojas foram fechadas em seis estados e liquidações foram realizadas para pôr fim ao estoque das unidades. Hoje, a Tok&Stok conta com 50 lojas em 21 estadose um centro de distribuição em Extrema, em Minas Gerais.
"A entrega rápida faz parte de um conjunto de ações de resgate dos padrões históricos de performance da Tok&Stok em diversas vertentes de gestão e processos, que nos levarão a recuperar o resultado operacional positivo da empresa", diz o executivo.
A volta da entrega rápida acontece um mês após a divulgação de um aporte de 100 milhões de reais. Os recursos sãodos dois sócios do negócio, o fundo Carlyle, que adquiriu 60% da varejista em 2012 por R$ 700 milhões, e da famíliaDubrule, fundadora da rede em 1978.
"No mês passado, assinamos um acordo de renegociação da dívida bancária e recebemos um aporte de capital. Desde então, já apresentamos geração da caixa positiva e começamos a estruturar iniciativas de melhoria operacional. A entrega em 24 horas é uma iniciativa que confirma o novo momento da empresa", diz o executivo.
Segundo a companhia, o aporte fortalece o caixa da companhia e libera os próximos dois anos de pagamento aos bancos, permitindo que a operação volte a ser prioridade.
"Estamos focados no resgate dos padrões históricos de performance da Tok&Stok em diversas vertentes de gestão e processos. A entrega rápida é resultado da otimização das operações logísticas e do centro de distribuição implementadas nos últimos meses", diz.
O que está por trás da crise
Os problemas da Tok&Stok estão principalmente relacionados à falta de uma estratégia única (e eficaz) para manter a companhia de pé. Nos últimos seis anos, avarejista teve cinco presidentes diferentes, cada um com um estilo e um direcionamento próprios para a companhia.
O crescimento da empresa, mesmo na pandemia, também não era dos maiores. Em 2020, momento de demanda aquecida para o setor com a euforia do isolamento social, a empresa mostrou que crescia cerca de um dígito ao ano desde 2017.
De lá para cá, a empresa andou de lado, com uma receita na casa dos R$ 1,6 bilhão em 2022 e Ebitda negativo, que consome caixa com dívidas que vão do banco ao fornecedor. Leia a análise completa do EXAME IN aqui.
Em abril deste ano, uma consultoria chegou a pedir afalência da empresa com a alegação de que a varejista tem uma dívida de R$ 3,8 milhões referente a um projeto que foi suspenso.