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Com caixa bilionário, Movida tem lucro 7x maior no terceiro trimestre

Empresa tem aumento de receita em todas as verticais de negócios; plano é acelerar cada vez mais a adoção de carro por assinatura

Movida: olho nos custos e fôlego para ir às compras (Germano Lüders/Exame)

Movida: olho nos custos e fôlego para ir às compras (Germano Lüders/Exame)

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Karina Souza

Publicado em 28 de outubro de 2021 às 08h50.

A Movida (MOVI3) encerrou o terceiro trimestre com forte alta no lucro líquido -- seguindo o resultado apresentado no segundo trimestre deste ano. Nos últimos três meses, foi de R$ 259,4 milhões, número sete vezes maior do que o registrado no mesmo período em 2020. Considerando o resultado da CS Brasil -- companhia cuja incorporação finalizou em agosto -- o lucro líquido seria de R$ 267 milhões. 

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O EBITDA no período foi de R$ 613,4 milhões, com margem de 84% e evolução de 30 pontos percentuais na margem consolidada, na comparação com o terceiro trimestre do ano passado. O EBITDA de aluguéis foi de R$ 426,2 milhões, 56% mais do que no trimestre anterior.

A receita líquida da companhia foi de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, crescimento de 52,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O valor está acima das expectativas do mercado, que apontavam para R$ 1,45 bilhão a R$ 1,5 bilhão, segundo a Bloomberg.

Entre os destaques em receita, está a marca de 168 mil carros na frota total, com crescimento de 55% em relação ao mesmo período do ano passado. Com mais carros, todas as linhas de negócio foram beneficiadas: a operação de aluguel de carros (ou RAC, na sigla em inglês) disponibilizou mais veículos para locação, com tíquete médio recorde -- gerando aumento de 64,2% na geração de receita em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, a empresa vendeu 14,5 mil seminovos, o que gerou uma receita de mais de R$ 844,6 milhões, aumento de 31,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Entre as razões para a receita recorde em RAC, está o aumento do tíquete médio do aluguel, em torno de R$ 93. “O preço aumentou e vai continuar subindo. Tem demanda, mas mesmo se não tivesse, os custos estão mais altos para comprar carros melhores, tanto SUVs quanto 1.0 com mais componentes além do básico”, diz Renato Frankin, CEO da Movida, à EXAME

De acordo com os dados do balanço, a maior participação de carros SUV colaborou para o crescimento acelerado do produto Movida Zero Km, de aluguel de carros por assinatura. A vertical teve margem EBITDA de 67,2% no trimestre, em linha com o crescimento mostrado no trimestre. 

Indo mais a fundo nas frotas, a operação de gestão de frotas (GTF) também teve impacto positivo no trimestre, com receita líquida de R$ 287,3 milhões, aumento de mais de 130% em relação ao mesmo período do ano passado. Inclusive, segundo o relatório, pela primeira vez, a frota de GTF é maior do que a de aluguel de carros em um trimestre. 

Entre os principais motivos pela aposta nessa linha de negócio, estão: a rentabilidade maior do que a das demais -- já que tem gastos de manutenção significativamente menores -- além de mais gás para enfrentar o cenário macroeconômico com juros mais altos e no qual a produção de veículos por parte das montadoras fique estável. Isso tudo, é claro, sem ignorar a crise de matéria-prima pela qual as montadoras passam em 2021. 

Além disso, as próprias montadoras apostam nesse serviço como forma de sobreviver no futuro. Em 2021, pelo menos sete marcas  - Audi, Caoa, Fiat, Jeep, Nissan, Renault e Volkswagen - lançaram programas.

É esse um dos motivos pelos quais, diante de uma possível retomada, com a normalização do fornecimento de chips e a posterior fabricação de veículos, a Movida não se abala. “A gente acredita que a produção por parte das montadoras só vai se normalizar em 2023. É claro que, quando isso acontecer, a gente tende a ter uma pequena redução na margem dos seminovos. Mas, acreditamos que a subida de preços do aluguel de carros, o ganho de eficiência da companhia e o crescimento dos serviços por assinatura podem compensar esse efeito, aliado ao aumento dos juros”, diz Renato.

Sustentabilidade em jogo

De olho no futuro, a empresa mantém a projeção de dobrar de tamanho até 2023 -- o que não pode ser ignorado como um movimento para competir mais de perto com Localiza e Unidas, que aguardam aval do Cade para a fusão. E, para chegar até lá, a companhia quer aliar a eficiência operacional ao investimento em sustentabilidade. Os primeiros passos já foram dados: a Movida é, hoje, a empresa com a maior frota de veículos elétricos do Brasil. Além disso, a companhia já fez pelo menos três captações no mercado com títulos verdes: só neste trimestre, arrecadou R$ 350 milhões atrelados a debêntures verdes e fez a reabertura de US$ 300 milhões adicionais de um título ligado a metas sustentáveis. 

Para Renato, esse é o futuro, ainda que não vá se popularizar de uma forma imediata. Nas previsões do executivo, a frota de elétricos deve representar de 20% a 30% do total do país em 2030. Mas, garantir a liderança não é um trabalho da noite para o dia, o que ajuda a explicar o caixa de R$ 6 bilhões da companhia no trimestre, descontado o fator óbvio de compra de veículos em que a empresa vem investindo em peso em 2021. O dinheiro deve ser usado principalmente para crescimento orgânico, mas o executivo já afirmou que tem avaliado aquisições de empresas menores e de nicho.

Em um momento no qual a concorrência já mira serviços de mobilidade com elétricos -- a Uber anunciou nesta quarta-feira uma parceria com a Hertz para 50 mil carros Tesla nos Estados Unidos -- a Movida vai abrir uma loja no dia 21 de novembro, em São Paulo, com 11 instalações de recarga para motoristas de aplicativo. Também serão atendidos motoristas de delivery. “Tudo isso para desmistificar o carro elétrico”, diz Renato.

Questionado a respeito de uma possível verticalização de produção para tentar baratear o custo dos veículos, Renato explica que não está nos planos da empresa a verticalização. Ao mesmo tempo, o executivo mostra otimismo com o desenvolvimento de células de bateria à base de etanol -- que poderiam baratear o custo de produção, já que o Brasil tem abundância desse combustível, enquanto as baterias de íon-lítio não têm produção local em massa. 

Na corrida pela maior eficiência ao menor preço, até o nióbio entrou na dança. Recentemente, a Volkswagen Caminhões e Ônibus e a CBMM fizeram parceria para desenvolver veículos elétricos movidos a esse combustível até 2023. Ao todo, a CBMM prevê a produção de 5 mil células, em parceria com a Toshiba, para serem entregues ao mercado para testes em 2021. Além da Volkswagen Caminhões e Ônibus, há a previsão de enviar as células para 25 clientes que atuam com a produção de carros elétricos. 

Enquanto as discussões sobre os veículos elétricos permanecem, a Movida colabora para a discussão ao apresentar um case de sustentabilidade na COP26, realizada este mês em Glasgow. O foco é ajudar a contribuir para o debate regulatório e, é claro, tentar acelerar mais esforços rumo à sustentabilidade. 

“Temos muito orgulho de contribuir para um futuro mais sustentável. Acreditamos que é possível continuar trazendo valor para a empresa sem sacrificar margens, de olho no futuro. Continuar entregando valor é a nossa missão”, afirma Renato. 

 

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