Negócios

Sinopec paga US$3,5 bi e avança em petróleo no Brasil

Neogicação é mais um passo da China para garantir suprimento de energia e evidencia o apetite das empresas petrolíferas por reservas nas águas profundas do nosso país

A Galp é parceira minoritária da Petrobras em importantes descobertas marítimas (Divulgação/GALP)

A Galp é parceira minoritária da Petrobras em importantes descobertas marítimas (Divulgação/GALP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2013 às 12h58.

Pequim/Liboa - A estatal chinesa Sinopec ampliou sua participação no promissor setor de petróleo no Brasil ao fechar um acordo de 3,5 bilhões de dólares por uma fatia de 30 por cento na unidade brasileira da empresa portuguesa Galp Energia.

O negócio, anunciado nesta sexta-feira, é mais um passo da China para garantir suprimento de energia e evidencia o apetite das empresas petrolíferas por reservas nas águas profundas do Brasil, num momento em que estão paralisados os leilões de novas áreas de exploração no país. Mas o valor da operação, apesar disso, decepcionou.

O acordo segue um negócio de 7 bilhões de dólares, fechado pela Sinopec no ano passado, de uma participação de 40 por cento no braço brasileiro da empresa petrolífera espanhola Repsol e outro acerto de desenvolvimento marítimo de petróleo em abril com a Petrobras.

"Para a Sinopec, não há muitas oportunidades para crescer no tradicional setor de exploração de óleo e gás --e aquisições no exterior são a forma de manter o crescimento", disse o analista da UOB Kay Hian, Yan Shi.

"Isso beneficia a Sinopec na exploração em reservas, e reduz riscos em sua deficitária operação em refino".

A Galp é parceira minoritária da Petrobras em importantes descobertas marítimas, incluindo o vasto campo do pré-sal de Lula, anteriormente conhecido como Tupi, assim como as descobertas de Cernambi e Iara.

Desapontamento para Galp

Embora o negócio dê à companhia portuguesa mais que o valor mínimo pedido de 2 bilhões de euros (2,7 bilhões de dólares), o preço que a Sinopec está pagando desapontou investidores, levando as ações da empresa portuguesa a caírem mais de 10 por cento.

A Galp havia previsto angariar 2 bilhões de euros com a venda de 20 por cento de participação, para ajudar a financiar sua parcela para o desenvolvimento de campos de petróleo.

"Os valores implícitos dos ativos da Galp neste acordo são decepcionantes. A Repsol obteve 5,6-5,8 dólares por barril e este negócio saiu por 3,9 dólares por barril", disse Pedro Pintassilgo, gestor de fundos da F&C, de Lisboa.

Os papéis da BG, que também tem ativos no pré-sal do Brasil e que teria interesse de vender participação, também caíram por causa do acordo.


O analista do Santander Jason Kenney disse que o acordo Galp-Sinopec indica que a companhia chinesa não está pagando o valor comercial que todos esperavam ver.

"Se você não pode conseguir o valor pelos ativos em uma transação comercial, então as pessoas começam a questionar o valor básico do ativo, e então a leitura para a BG é negativa.".

A Galp disse que o acordo considerou o valor total de seus ativos no Brasil em 12,5 bilhões de dólares.

"Este aumento de capital fortalece significativamente a estrutura de capital da Galp Energia, garantindo plenamente suas necessidades de financiamento para a futura expansão e desenvolvimento de suas atividades exploratórias", afirmou a Galp em comunicado.

Planos da Sinopec

Pelos planos de desenvolvimento, a Sinopec espera produzir 21,3 mil barris de óleo equivalente por dia (boedp) em 2015, com produção esperada no pico de 112.500 boedp em 2024.

Pelo acordo, a unidade de propriedade integral da Sinopec, a Sinopec Internacional de Exploração e Produção Corp (SIPC), terá novas ações a serem emitidas pela Galp e assumirá empréstimos de acionistas, disse a Sinopec Group em comunicado.

"Levando em consideração esse investimento e despesas de investimentos futuros projetados, o montante de pagamento em dinheiro será de aproximadamente 5,18 bilhões dólares no fechamento", disse a Sinopec.

A transação precisa ser aprovada pelo governo chinês.

Aquisições externas feitas por empresas da China totalizam 37,6 bilhões de dólares este ano, abaixo dos 54,1 bilhões de dólares do ano passado, segundo dados da Thomson Reuters.

A estratégia da Sinopec de fazer aquisição no exterior é, em parte, guiada pela intenção de obter escala em alguns países, incluindo o Brasil, disse um funcionário da empresa que não quis ser identificado.

A Sinopec Group é a matriz da China Petroleum & Chemical Corp (Sinopec), listada em Hong Kong e Xangai.

O grupo faz investimentos externos na exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás e opera através do sua unidade integral SIPC.

A Sinopec teve apoio do Societe Generale, enquanto a Galp Energia do Bank of America Corp, JP Morgan, UBS Caixia BI, disse uma fonte familiarizada.

Acompanhe tudo sobre:Empresas chinesasFusões e AquisiçõesIndústria do petróleoParcerias empresariaisQuímica e petroquímicaSinopec

Mais de Negócios

Ele trabalhava 90 horas semanais para economizar e abrir um negócio – hoje tem fortuna de US$ 9,5 bi

Bezos economizou US$ 1 bilhão em impostos ao se mudar para a Flórida, diz revista

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados