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Chefe da Peugeot tem manual para reestruturar Fiat Chrysler

Conselhos de administração das duas empresas aprovaram processo de fusão e a formação da quarta maior montadora do mundo

Peugeot: com fusão com a Fiat, empresas formam a quarta maior montadora do mundo (Denis Balibouse/Reuters)

Peugeot: com fusão com a Fiat, empresas formam a quarta maior montadora do mundo (Denis Balibouse/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 16h43.

Com um histórico de revisão do portfólio de veículos, motores e plataformas da Peugeot e oferta de generosos planos de demissão, Carlos Tavares tem um manual já pronto para a combinação da montadora de veículos francesa mais lucrativa com a Fiat Chrysler (FCA).

A FCA, que está se fundindo com a controladora da Peugeot, PSA, em um negócio de 50 bilhões de dólares, até agora não tem conseguido atingir lucratividade sustentada na área de veículos compactos na Europa. Tavares, no entanto, encontrou uma fórmula bem-sucedida para reestruturar a Opel e a Peugeot, altamente expostas ao segmento.

Antes de Tavares assumir o comando da Peugeot em 2014 a montadora era deficitária, necessitando de injeções de capital do governo francês, enquanto a Opel, comprada da General Motors em 2017, acumulava prejuízos de 20 bilhões de euros na década passada.

Mas no primeiro semestre de 2019, depois que ele e sua equipe trabalharam em redução de complexidades, a Opel obteve lucro de 700 milhões de euros.

"O elemento principal neste acordo é o Carlos Tavares. Ele tem discutido sobre os ativos e oportunidades da FCA pelos últimos quatro anos", disse o analista Max Warburton, da Bernstein.

"Há tempos ele está de olho no potencial de lucro da Jeep e da RAM e avalia há bastante tempo o potencial da marcas europeias da FCA e seus negócios", acrescentou Warburton.

O sucesso de Tavares veio em parte com a simplificação da linha de modelos, eliminando veículos como Peugeot 208 GTi, 308 GT, bem como Opel Adam, Cascada e Karl, e levando todos os novos veículos da companhia para as plataformas CMP e EMP-2 da PSA. Isso contrasta com a estratégia adotada pela General Motors, que montava veículos e vans comerciais da Opel e Vauxhall com base em nove plataformas diferentes.

Pegada de carbono

Uma área em que Tavares será capaz de usar a vantagem combinada da companhia é a arquitetura de veículos mais moderna da PSA que poderá ser usada para dar à FCA uma vantagem antes da entrada em vigor de regras mais restritivas de emissão de poluentes na Europa, em 2021.

Até o próximo ano, as emissões de dióxido de carbono devem ser reduzidas para 95 gramas por quilômetro percorrido em 95% dos carros ante nível atual de 120,5 gramas em média na Europa.

A PA Consulting, que extrapolou penalidades futuras de emissões por meio do uso de padrões históricos, prevê que a FCA poderá enfrentar multa de 430 milhões de euros como resultado das emissões de seus modelos atuais.

Um corte adicional de 15% nas emissões de CO2 será exigido até 2025 e será ampliado para 37,5% até 2030. As multas são de 95 euros por carro, por grama excedente, e podem chegar rapidamente a centenas de milhões de euros.

Quando a PSA comprou a Opel em 2017, Tavares iniciou cortes de cerca de 3 mil empregos em linhas de montagem na França por ano por meio de programas de demissão voluntária que reduziram a folha de pagamento da companhia de 15% para 11% da receita.

Para cortar pessoal sem demissões forçadas, a PSA ofereceu aos funcionários da Opel "bônus de velocidade", que previam pacotes generosos de pagamentos para quem decidisse deixar a empresa rapidamente.

Tavares também publicamente motivou competição entre fábricas da Peugeot e da Opel para reduzir custos e melhorar a qualidade, conseguindo o cumprimento de metas pelos funcionários.

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