C&A e Arezzo mostram impacto do coronavírus na moda
As varejistas começaram o ano com vendas fortes, mas sentiram um grande impacto com a pandemia do novo coronavírus a partir do meio de março
Karin Salomão
Publicado em 27 de maio de 2020 às 06h52.
Última atualização em 27 de maio de 2020 às 13h15.
Com o crescimento do comércio eletrônico e as medidas de distanciamento social, a pandemia alterou de forma drástica o cenário para as varejistas de moda no Brasil. C&A e Arezzo divulgam seus resultados hoje, 27, após o fechamento do mercado, e devem mostrar como o fechamento das lojas em março influenciou seus resultados - bem como quais medidas estão tomando para mitigar os efeitos da pandemia.
Desde o início do ano, as ações da C&A perderam mais da metade do valor, de 17 reais para 8,32 reais. As ações da Arezzo perderam quase 34% do valor com a pandemia. Como comparação, as ações da Renner caíram quase 33% no período e as da Guararapes, 48%.
As varejistas começaram o ano com vendas fortes, mas sentiram um grande impacto com a pandemia do novo coronavírus a partir do meio de março. Com 10 dias perdidos de vendas - e as despesas cheias no mês - o Ebitda das empresas, o lucro antes de taxas e impostos, pode ter encolhido em média 30% para as varejistas, segundo estimativa feita pelo Bradesco e divulgada em relatório no dia 5 de maio. Na média, o banco prevê que as vendas em lojas abertas há um ano tenham caído cerca de 7% para todas as varejistas.
O comércio eletrônico ofereceu um alívio para algumas das varejistas brasileiras. Artigos para casa, itens para a prática esportiva em casa, móveis, objetos de decoração e, principalmente, itens de limpeza estão entre as categorias que mais cresceram entre março e abril, segundo um estudo da empresa de inteligência Compre & Confie.
Roupas e calçados, no entanto, não fazem parte dos itens com maior crescimento no comércio eletrônico na quarentena. Em casa, os consumidores podem sentir menos necessidade de roupas ou sapatos novos.
Por isso, na Arezzo, a expectativa é receita líquida de 393 milhões de reais, alta de 4,2%, e lucro de 11 milhões de reais, quase metade do valor obtido há um ano. Na C&A, o Bradesco prevê queda de 9,1% nas receitas, para 941 milhões de reais, e prejuízo de 79 milhões de reais.
A situação também não está fácil para as concorrentes que já divulgaram seus resultados. A Guararapes, dona da Riachuelo, apresentou prejuízo de 47,5 milhões de reais no primeiro trimestre, ante lucro de 29,3 milhões de reais há um ano. Já a Renner viu seu lucro líquido despencar 93,6% na comparação anual, passando de 161,6 milhões de reais para 10,4 milhões de reais.
Varejistas de moda precisaram criar novas maneiras de vender, sem o apoio das lojas físicas. Amaro, startup de moda que já trabalhava com uma integração forte entre os canais físicos e digitais, criou uma modelo virtual hiper realista, a Mara, para vestir e apresentar os lançamentos.
A C&A lançou um novo modelo de entrega dos produtos comprados pela internet: por drive-thru. O serviço, lançado pensando no Dia das Mães, está disponível em dezenas de lojas em shopping centers para compras feitas pelo site ou aplicativo da empresa.
A Marisa entrou em grandes marketplaces, como Mercado Livre, Lojas Americanas e Submarino, da B2W, Zatini e Netshoes.
A retomada não deve ser imediata. Parte das lojas de moda começaram a ser abertas aos poucos em abril, embora com restrições de entrada, por exemplo. A Arezzo chegou inclusive a fechar suas fábricas em Campo Bom, no Rio Grande do Sul. As fábricas foram reabertas no dia 23 de abril e, na ocasião, cerca de 15% da sua rede de lojas já se encontrava aberta, com medidas de distanciamento social. A C&A iniciou a reabertura gradual de suas lojas no dia 26 de abril em cidades específicas.
As lojas, com as medidas de segurança e o crescimento das vendas pela internet, não serão mais as mesmas.