Brasil poderá dispensar frentistas e ter carros movidos a diesel
Deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) propôs duas emendas à MP 1.063 e, caso seja aprovadas, valerão ainda neste ano
Gabriel Aguiar
Publicado em 24 de agosto de 2021 às 08h01.
Última atualização em 24 de agosto de 2021 às 08h02.
Os postos de combustível poderão perder os frentistas na tentativa de baixar preços para o consumidor. Pelo menos essa é a proposta do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), que apresentou a emenda à Medida Provisória 1.063 – que autoriza a comprar de etanol diretamente de usinas e a venda de combustíveis de outras marcas –, aprovada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste mês.
Desde janeiro de 2000, quando a Lei 9.956 começou a valer, os estabelecimentos foram proibidos de ter bombas para autoabastecimento, como é habitual nos Estados Unidos e em países da Europa. Na época, a decisão visava garantir mais vagas de emprego e, segundo dados da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro), o fim da obrigatoriedade põe em risco 500 mil empregos no Brasil.
Em publicação no Twitter, o deputado afirma que a mudança não causaria desempregos, mas aqueceria a economia e com “empregos em ramos diferentes, (...) melhores condições e salários maiores”. Para o parlamentar, os frentistas aumentam custos de operação e, indiretamente, no preço dos combustíveis, mas caberá aos donos de postos decidir qual modelo de negócio é mais vantajoso.
Carros com motor a diesel
Outra emenda proposta por Kim Kataguiri prevê a utilização de diesel por automóveis de passeio – que é proibida desde 1976. De acordo com a legislação atual, apenas caminhões, ônibus, picapes com carga útil acima de 1.000 kg e utilitários de tração 4x4 e reduzida (ou equivalente) podem usar o combustível. Como justificativa, a medida baixaria os preços na crise do petróleo dos anos 1970.
Mas também existe outra justificativa para a restrição do diesel: baixar níveis de emissões de poluentes, já que, naquela época, o óleo tinha alto índice de enxofre. Em publicação nas redes sociais, o deputado argumenta que a proibição já não é justificável e cita as normas ambientais da União Europeia – onde o combustível é comum. “Ademais, a emenda prevê o uso de biodiesel”, completa.
Como funciona o processo?
O prazo para sugestão de emendas está encerrado e uma Comissão formada por doze senadores e doze deputados será responsável pela análise das propostas (foram 73 emendas de 31 autores). Em seguida, a Câmara dos Deputados votará o texto editado, que, depois, será encaminhado ao Senado. Como a MP está prevista para dezembro, caso sejam aprovadas, as emendas valerão neste ano.
Doação de sangue
O parlamentar também encaminhou à Câmara o Projeto de Lei 2.799/2021, que prevê a substituição dos pontos na carteira de habilitação e o pagamento de multa por doações de sangue em casos de infrações trânsito consideradas leves e médias – como dirigir até 20% acima do limite de velocidade, desrespeitar o rodízio veicular, parar sobre a faixa de pedestres e estacionar em guia rebaixada.