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Bilionários donos da Lego querem eliminar plástico (é sério)

Plano é fabricar todos os blocos de construção coloridos da Lego com materiais sustentáveis, como cana-de-açúcar, até 2030.

Lego: donos da marca agora querem eliminar plástico (KEN226/Thinkstock)

Lego: donos da marca agora querem eliminar plástico (KEN226/Thinkstock)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 8 de setembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 8 de setembro de 2018 às 10h29.

O CEO da Lego diz que é difícil saber as implicações financeiras do plano - apoiado por uma das famílias mais ricas da Dinamarca - de deixar de fabricar blocos de brinquedo de plástico.

"É difícil dizer", disse Niels B. Christiansen, por telefone, da sede da Lego, na região oeste da Dinamarca. “Não tenho certeza nem se atualmente podemos chegar à qualidade que desejamos. Mas esse é um plano que queremos impulsionar, um plano que tem nosso proprietário por trás. Queremos nos tornar líderes nisso.”

Controlada pela bilionária família Kirk Kristiansen, da Dinamarca, a Lego contratou Christiansen como CEO em outubro. A família está por trás de um plano para fabricar todos os blocos de construção coloridos da Lego com materiais sustentáveis, como cana-de-açúcar, até 2030. A mudança, anunciada em março, faz parte de um esforço global de combate à poluição de plásticos e à ameaça que o material representa para a vida marinha, em particular. A empresa dinamarquesa começou a oferecer pequenos conjuntos Lego feitos à base de plantas como presente para grandes compras.

Christiansen diz que ainda não está claro se a mudança pode ser realizada sem prejudicar as margens de lucro. O sentimento na Lego é que houve um “avanço” no caminho da produção de plástico não baseado em petróleo, mas ainda há muitas incógnitas, disse ele. A empresa diz que o novo plástico será baseado em materiais sustentáveis e não em combustíveis fósseis.

“Acho que é cedo demais para dizer se será necessário” sacrificar o lucro para atingir o objetivo de sustentabilidade da empresa, disse. “Mas não abrimos mão da nossa qualidade.”

Christiansen, que comandava a Danfoss, uma gigante dinamarquesa do setor de engenharia, foi contratado pela família da Lego para ajudar a reduzir a organização depois que os anos de expansão rápida a tornaram excessivamente complexa e difícil de conduzir.

Na terça-feira, a Lego divulgou mais uma queda na receita e no lucro do primeiro semestre, o que, segundo a empresa, ocorreu devido a um dólar fraco. A Lego informou que no resultado ajustado pelas oscilações cambiais o lucro cresceu em relação ao ano passado em meio a sinais de que a situação começa a se estabilizar.

Christiansen não disse se um possível aumento dos custos de produção seria repassado aos clientes devido à mudança planejada para os brinquedos baseados em plantas.

“Temos produtos de alta qualidade que oferecem uma experiência de construção, bem como uma experiência de jogo, e que podem ser usados por muitos, muitos anos”, disse o CEO. “Nossos preços estão baseados nisso e não no fato de o produto ser feito de uma coisa ou de outra.”

A Lego também está tentando adaptar sua oferta de brinquedos a uma geração que passa mais tempo usando telas do que outras formas de entretenimento, como por exemplo construindo estruturas de Lego.

“Muitos de nossos concorrentes estão ansiosos para saber” quantos produtos a Lego digitalizará, disse Christiansen. “Prefiro não ser muito específico. Mas essa é uma das áreas nas quais estamos investindo. Por isso, pode-se dizer que haverá mais.”

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