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Bilionário brasileiro de shopping busca expansão no exterior

José Isaac Peres considera que as barreiras comerciais do Brasil para bens de consumo e a alta das taxas de juros limitam as opções de crescimento local


	Jose Isaac Peres, da Multiplan: o Chile e o Uruguai constituem mercados atrativos, segundo o empresário
 (Cacalos Garrastazu/Valor)

Jose Isaac Peres, da Multiplan: o Chile e o Uruguai constituem mercados atrativos, segundo o empresário (Cacalos Garrastazu/Valor)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 11h19.

São Paulo - O bilionário brasileiro José Isaac Peres está analisando expandir suas operações com shoppings no exterior porque as barreiras comerciais do Brasil para bens de consumo e a alta das taxas de juros limitam as opções de crescimento local.

Peres, dono de 31 por cento da Multiplan Empreendimentos Imobiliários SA, a maior operadora de shoppings do Brasil, anunciou que se reuniu com Peter Lowy do Westfield Group da Austrália e com executivos do Simon Property Group Inc., com sede em Indianapolis, em busca de oportunidades no exterior. O Chile e o Uruguai constituem mercados atrativos, acrescentou Peres.

“Contamos com o tamanho e a força para olhar para o exterior e competir facilmente”, declarou Peres, 73, em uma entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. “O grande obstáculo para as companhias brasileiras é que a situação macroeconômica não ajuda os negócios locais”.

O Brasil, a maior economia emergente do mundo depois da China, não está conseguindo atingir seu potencial de crescimento porque o governo mantém altas taxas de importação, taxas de juros elevadas e regulamentações excessivas, opinou Peres.

A economia se expandirá 2,45 por cento neste ano e no próximo, abaixo da média latino-americana pelo quarto ano consecutivo, segundo analistas consultados pela Bloomberg.

As importações do país representaram 14 por cento do PIB em 2012, em comparação com 34 por cento no Chile, 32 por cento na Índia e 34 por cento no México, conforme dados do Banco Mundial. No ano passado, a Representação de Comércio dos EUA, USTR, ameaçou retaliar o que chamou de impulso “protecionista” do Brasil, que levou a aumento de tarifas em mais de 100 produtos.

Consolidação da indústria

Embora Peres preveja uma consolidação entre os operadores de shoppings no Brasil, ele afirmou que não vê grandes oportunidades de aquisições ou fusões para a Multiplan.


Por exemplo, Peres contou que a incorporadora local WTorre SA deseja obter aproximadamente R$ 800 milhões (US$ 346 milhões) por sua participação de 50 por cento no shopping de luxo JK Iguatemi, ativo que provavelmente custou à WTorre cerca de R$ 200 milhões.

“Se houver um bom shopping à venda, compraremos, mas não compraremos um shopping só para aumentar a nossa área bruta para alugar”, declarou Peres. Ele fundou a Multiplan em 1975 e ajudou a desenvolver propriedades em Portugal e em Miami.

Cotação das ações

A Multiplan valorizou-se 110 por cento desde sua abertura de capital em 2007, totalizando R$ 10,1 bilhões. Isso deixa o valor da participação de Peres em US$ 1,4 bilhão. O Ontario Teachers Pension Plan (Plano de Pensões dos Professores de Ontário) é o segundo maior acionista com uma participação de 23,1 por cento, conforme dados compilados pela Bloomberg.

Neste ano, as ações da Multiplan caíram 13 por cento em São Paulo, em sintonia com o declínio do 11 por cento no Ibovespa. As ações operam a 22 vezes os lucros estimados, comparados com 27 vezes para sua concorrente Aliansce Shopping Centers SA e 18 vezes para a BR Malls Participações, com sede no Rio de Janeiro.

“Eles continuam crescendo 8 por cento, algo inédito no resto do mundo”, explica Sam Lieber, presidente da Alpine Woods Capital Investors LLC em Purchase, Nova York, dona de cerca de 950 mil ações da Multiplan. “Na Europa, nos EUA e no Japão, o crescimento é de 3 por cento, então acho que os números são muito bons”.

Novos shoppings

Um recorde de 38 shoppings irá abrir no Brasil em 2013, de acordo com a associação de shoppings, a Abrasce. O espaço de varejo total cresceu 9 por cento este ano, até novembro, de acordo com uma associação da indústria.

O crescimento econômico desaquecido do Brasil neste ano não deveria desencorajar os investidores do setor varejista, diz Rajesh Gupta, presidente da SeaCrest Investment Management LLC, que supervisiona cerca de US$ 60 milhões em ativos de mercados emergentes.

“O consumo definitivamente será um dos motores fortes do Brasil nos próximos anos”, afirmou Gupta em entrevista de São Paulo. “Refiro-me ao médio e ao longo prazo. Devido à população jovem do país e à emergência recente da uma nova classe média, o varejo deveria gerar retornos atrativos para aqueles que investirem nele”.

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