BB reduz atuação no varejo no exterior
Após ter desativado nos últimos meses escritórios em mercados como Venezuela, Uruguai, Seul e Hong Kong, o BB está fechando agências físicas em Portugal
Reuters
Publicado em 4 de outubro de 2017 às 20h52.
São Paulo - O Banco do Brasil está reduzindo o atendimento ao varejo em mercados como França e Portugal, passando a priorizar o atendimento a grandes empresas, dentro da estratégia de enfatizar operações mais rentáveis, disseram executivos do banco nesta quarta-feira.
Após ter desativado nos últimos meses escritórios em mercados como Venezuela, Uruguai, Seul e Hong Kong, o BB está fechando agências físicas em Portugal, maior operação de varejo na Europa, onde as unidades de Lisboa e do Porto atendiam somadas cerca de 8 mil correntistas, e em Paris.
Parte do time de cerca de 800 funcionários do banco hoje envolvidos no atendimento ao varejo no exterior será direcionado para assessorar grandes empresas e clientes estrangeiros interessados em projetos de infraestrutura no Brasil.
A maioria das 19 regiões onde o banco tem escritórios está sendo avaliada e algumas devem ser fechadas nos próximos meses. As operações de varejo do banco em Miami, nos Estados Unidos, e do Japão, serão preservadas. No país asiático, entretanto, o número de unidades do banco foi reduzida de sete para três.
"Só vamos manter agências onde pudermos ter alguma escala e sermos rentáveis", disse à Reuters o vice-presidente de negócios de atacado do BB, Maurício Maurano.
Clientes de regiões onde o atendimento ao varejo está sendo desativado, como em Portugal e na França, serão encaminhados pelo BB a outros bancos parceiros, disse o executivo.
Em alguns mercados, o BB manterá escritórios de negócios com foco no atendimento a grandes empresas, especialmente filiais de companhias brasileiras no exterior. Além disso, o banco manterá parte da equipe atendendo clientes private, disse o diretor de Corporate Bank, Márcio Moral. Na Europa, por exemplo, esse atendimento será feito a partir de Lisboa.
Unidades de varejo fora da estrutura orgânica do banco, como o BB Americas, em Miami, e o argentino Banco Patagonia, manterão suas operações normalmente, disse Maurano.
O movimento marca uma virada na campanha de internacionalização implementada em 2010, quando o BB comprou o Patagonia e uma operação nos Estados Unidos. O BB chegou a negociar parceria com Bradesco e o Banco Espírito Santo (BES) para montar uma operação na África.
Mais recentemente, precisando melhorar a rentabilidade para organicamente fortalecer seus níveis de capital, o banco tem tomado medidas agudas para reduzir de tamanho e cortar custos.
Sob comando do presidente-executivo, Paulo Caffarelli, o banco anunciou no final de 2016 plano de fechar ou reduzir cerca de 800 agências no país e um programa de demissão voluntária de aproximadamente 10 mil funcionários, o que já foi concluído.
Segundo Maurano, o redimensionamento das operações no exterior obedece a mesma diretriz de aumento da eficiência. Além disso, ele afirmou que o custo regulatório da atividade bancária cresceu muito nos últimos anos de forma global.
"Para nós, o custo de manter 200 ou 10 mil contas é o mesmo; então só vamos ficar onde tivermos condições de sermos minimamente competitivos", disse Maurano.