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Bancos antecipam dinheiro para Odebrecht na sexta-feira

Acordo acertado na noite de segunda-feira, 21, prevê a concessão de um crédito dividido em duas parcelas

Odebrecht: bancos vão antecipar parte do empréstimo para a empreiteira pagar os títulos que venceram no fim de abril (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

Odebrecht: bancos vão antecipar parte do empréstimo para a empreiteira pagar os títulos que venceram no fim de abril (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de maio de 2018 às 08h48.

São Paulo - Bradesco e Itaú vão antecipar parte do empréstimo de R$ 2,6 bilhões para a Odebrecht pagar na próxima sexta-feira, 25, os títulos de R$ 500 milhões que venceram no fim de abril. O restante virá depois com a emissão das debêntures - papéis que serão lançados e comprados pelos bancos. O acordo acertado na noite de segunda-feira, 21, conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo, prevê a concessão de um crédito dividido em duas parcelas: uma de R$ 1,7 bilhão e outra de R$ 900 milhões.

Além dos títulos vencidos em abril, a construtora Odebrecht tem cerca de R$ 600 milhões em juros para pagar nos meses de setembro, outubro e novembro. Esse montante, somado aos títulos e juros já vencidos, deve consumir quase metade do empréstimo a ser liberado. No total, a construtora tem US$ 4,55 bilhões (R$ 16 bilhões, pela cotação da última quinta-feira, 23) emitidos no exterior e que vencem entre 2020 e 2042.

Depois de quatro meses de intensas negociações, os últimos detalhes do novo empréstimo foram concluídos na terça-feira, 22, e a assinatura do contrato na quarta, 23. O acordo dá um alívio para o caixa da empresa, que vive uma grave crise financeira depois que virou a principal personagem da Operação Lava Jato. O envolvimento no esquema de corrupção aliado à crise fiscal do País, que derrubou o volume de investimentos, fez a carteira de obras da construtora cair para menos da metade - de US$ 33 bilhões para US$ 14 bilhões.

Futuro

Com a dívida equacionada, a empresa parte agora para tratar de outras questões que ficaram paradas durante as negociações do acordo. Uma delas se refere ao futuro da Braskem, hoje o principal ativo da Odebrecht em parceria com a Petrobrás. A estatal já decidiu que quer deixar a sociedade e, para isso, precisa renegociar o acordo de acionistas da empresa. Na Odebrecht, fontes afirmam que há intenção de continuar no setor petroquímico, mesmo que de forma minoritária.

A lista de pendências que deverá ser retomada inclui ainda a venda de alguns ativos do programa de desinvestimento do grupo. Há expectativa de se retomar as negociações para se desfazer da Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira. A participação do grupo chegou a ser negociada com a chinesa Spic, mas as conversas estão paradas.

A Odebrecht também deverá reforçar a busca de novos sócios para alguns negócios do grupo. A Atvos, antiga Odebrecht Agroindustrial, por exemplo, busca desde o fim do ano passado um novo investidor para acelerar seu processo de investimentos. Outra opção da empresa, que precisa de capital de giro para ampliar a operação, seria a abertura de capital. Tudo isso, no entanto, dependia do fechamento do acordo para pagar a dívida vencida em abril.

Dentro da empresa, o fechamento do acordo é visto como o início de uma safra de boas notícias, que seria seguida pela assinatura do acordo de leniência do grupo com a Advocacia-Geral da União (AGU), Controladoria-Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU). Superada essa fase, a próxima meta é sair da lista negra da Petrobrás. Fontes apontam, no entanto, que para superar a crise a construtora precisa renovar a carteira de obras. Hoje a construtora é responsável por 23% das receitas do grupo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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