Ascensão e queda da Alibaba: o que vem depois do precipício?
A Alibaba parecia infalível há um ano, quando realizou a maior abertura de capital já feita. Depois, tudo isso ruiu
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2015 às 19h07.
A Alibaba Group Holding Ltd. parecia infalível há um ano, quando realizou a maior abertura de capital já feita.
Ela tinha total controle sobre o comércio eletrônico chinês, a economia estava crescendo e o consumo aumentava sem parar.
As ações subiram 76 por cento em relação ao preço da abertura de capital em apenas dois meses.
Depois, tudo isso ruiu. A Alibaba entrou na linha de fogo de um órgão do governo, fechou acordos que desconcertaram os investidores e trocou de CEO quando o crescimento desacelerou.
Mais importante, a economia da China se tornou instável, o que comprometeu o aumento do consumo de que a Alibaba depende. As ações caíram, caíram e caíram, chegaram ao preço da abertura de capital e caíram ainda mais.
A infalível falhou.
E agora? Os investidores que viram US$ 128 bilhões em valor de mercado desaparecerem até quarta-feira não devem esperar um alívio tão cedo.
James Cordwell, da Atlantic Equities LLP, o analista mais bem classificado entre os que monitoram a ação, projeta que a desaceleração da economia chinesa vai enfraquecer o crescimento das transações de comércio eletrônico até pelo menos 2016. Os diversos acordos que a Alibaba negociou também vão demorar a render frutos.
“Todas as métricas operacionais parecem estar apontando para o lado errado”, disse Cordwell, de Londres.
Ele ficou em primeiro lugar nos rankings Bloomberg Absolute Return por suas projeções sobre a Alibaba e pelas recomendações que fez sobre a carteira que monitora. “Enquanto os investidores não sentirem que essa desaceleração já chegou ao fim, vai ser difícil para a ação”.
Confiança
A companhia com sede em Hangzhou está tentando ir além da China e do comércio eletrônico e anunciou US$ 15 bilhões em transações. Muitos dos investimentos têm um sentido estratégico evidente, mas outros são mais difíceis de entender, como as participações em um time de futebol de Guangzhou, em um player menor de smartphones chineses e em um estúdio de entretenimento não lucrativo.
Mas o presidente do conselho e um dos fundadores da Alibaba, Jack Ma, e seus sócios têm uma visão de como tudo isso se encaixará nos próximos dez anos.
O objetivo é que a Alibaba se expanda além do comércio e incursione por conteúdos, como filmes e esportes, que ofereça sistemas de pagamento para suas próprias transações e para terceiros, e que consiga fazer com que suas tecnologias sejam mais amplamente utilizadas, como o sistema operacional produzido internamente e o serviço de computação na nuvem.
Além das disputas com a China por falsificações, a companhia precisou lidar com críticas da mídia.
A revista Barron’s projetou neste mês que a ação vai desabar mais 50 por cento. A Alibaba disse que a reportagem se baseou em cálculos incorretos, contém erros factuais e utilizou as informações de modo seletivo.
John Choi, analista da Daiwa Capital Markets, disse que apesar da cobertura negativa e da economia desfavorável, as variáveis fundamentais da Alibaba continuam sendo positivas e o comércio eletrônico ainda está crescendo.
“Neste momento, tudo se resume à confiança, e a confiança na China está negativa demais agora”, disse Choi, que recomenda comprar a ação. “O comércio eletrônico é uma das pouquíssimas verticais que continuam oferecendo um crescimento adequado no setor da internet em geral”.
Otimismo entre analistas
Outros analistas também não desistiram da Alibaba. Dos 52 que são acompanhados pela Bloomberg, 44 recomendam comprar a ação e apenas dois recomendam que os investidores vendam.
Os acionistas não têm estado tão otimistas.
Os bilionários Daniel Loeb e George Soros venderam tudo o que tinham da Alibaba, ou grande parte, assim como os fundos dirigidos pelos discípulos de Julian Robertson, os chamados filhotes de tigre. Além disso, as apostas baixistas na ação aumentaram e o interesse no curto prazo atingiu um recorde.
Cordwell, da Atlantic, que tem uma recomendação neutra, vê uma luz no fim do túnel e acredita que a companhia vai acabar voltando à tona mais fortalecida.
“Ainda vai haver mais dois ou três trimestres difíceis para a companhia”, disse ele. O desafio atual “é tornar a Alibaba uma empresa melhor nos próximos dez anos”.
A Alibaba Group Holding Ltd. parecia infalível há um ano, quando realizou a maior abertura de capital já feita.
Ela tinha total controle sobre o comércio eletrônico chinês, a economia estava crescendo e o consumo aumentava sem parar.
As ações subiram 76 por cento em relação ao preço da abertura de capital em apenas dois meses.
Depois, tudo isso ruiu. A Alibaba entrou na linha de fogo de um órgão do governo, fechou acordos que desconcertaram os investidores e trocou de CEO quando o crescimento desacelerou.
Mais importante, a economia da China se tornou instável, o que comprometeu o aumento do consumo de que a Alibaba depende. As ações caíram, caíram e caíram, chegaram ao preço da abertura de capital e caíram ainda mais.
A infalível falhou.
E agora? Os investidores que viram US$ 128 bilhões em valor de mercado desaparecerem até quarta-feira não devem esperar um alívio tão cedo.
James Cordwell, da Atlantic Equities LLP, o analista mais bem classificado entre os que monitoram a ação, projeta que a desaceleração da economia chinesa vai enfraquecer o crescimento das transações de comércio eletrônico até pelo menos 2016. Os diversos acordos que a Alibaba negociou também vão demorar a render frutos.
“Todas as métricas operacionais parecem estar apontando para o lado errado”, disse Cordwell, de Londres.
Ele ficou em primeiro lugar nos rankings Bloomberg Absolute Return por suas projeções sobre a Alibaba e pelas recomendações que fez sobre a carteira que monitora. “Enquanto os investidores não sentirem que essa desaceleração já chegou ao fim, vai ser difícil para a ação”.
Confiança
A companhia com sede em Hangzhou está tentando ir além da China e do comércio eletrônico e anunciou US$ 15 bilhões em transações. Muitos dos investimentos têm um sentido estratégico evidente, mas outros são mais difíceis de entender, como as participações em um time de futebol de Guangzhou, em um player menor de smartphones chineses e em um estúdio de entretenimento não lucrativo.
Mas o presidente do conselho e um dos fundadores da Alibaba, Jack Ma, e seus sócios têm uma visão de como tudo isso se encaixará nos próximos dez anos.
O objetivo é que a Alibaba se expanda além do comércio e incursione por conteúdos, como filmes e esportes, que ofereça sistemas de pagamento para suas próprias transações e para terceiros, e que consiga fazer com que suas tecnologias sejam mais amplamente utilizadas, como o sistema operacional produzido internamente e o serviço de computação na nuvem.
Além das disputas com a China por falsificações, a companhia precisou lidar com críticas da mídia.
A revista Barron’s projetou neste mês que a ação vai desabar mais 50 por cento. A Alibaba disse que a reportagem se baseou em cálculos incorretos, contém erros factuais e utilizou as informações de modo seletivo.
John Choi, analista da Daiwa Capital Markets, disse que apesar da cobertura negativa e da economia desfavorável, as variáveis fundamentais da Alibaba continuam sendo positivas e o comércio eletrônico ainda está crescendo.
“Neste momento, tudo se resume à confiança, e a confiança na China está negativa demais agora”, disse Choi, que recomenda comprar a ação. “O comércio eletrônico é uma das pouquíssimas verticais que continuam oferecendo um crescimento adequado no setor da internet em geral”.
Otimismo entre analistas
Outros analistas também não desistiram da Alibaba. Dos 52 que são acompanhados pela Bloomberg, 44 recomendam comprar a ação e apenas dois recomendam que os investidores vendam.
Os acionistas não têm estado tão otimistas.
Os bilionários Daniel Loeb e George Soros venderam tudo o que tinham da Alibaba, ou grande parte, assim como os fundos dirigidos pelos discípulos de Julian Robertson, os chamados filhotes de tigre. Além disso, as apostas baixistas na ação aumentaram e o interesse no curto prazo atingiu um recorde.
Cordwell, da Atlantic, que tem uma recomendação neutra, vê uma luz no fim do túnel e acredita que a companhia vai acabar voltando à tona mais fortalecida.
“Ainda vai haver mais dois ou três trimestres difíceis para a companhia”, disse ele. O desafio atual “é tornar a Alibaba uma empresa melhor nos próximos dez anos”.