As empresas premiadas pelo Guia EXAME Sustentabilidade 2014
Guia destaca as companhias com as melhores práticas em 19 setores e 10 categorias da sustentabilidade
Vanessa Barbosa
Publicado em 6 de novembro de 2014 às 11h07.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h59.
São Paulo - A edição 2014 do Guia EXAME de Sustentabilidade, o maior levantamento de sustentabilidade corporativa do país, reúne exemplos inspiradores. Neste ano, 61 empresas-modelo são apresentadas por 19 setores, com destaque especial para as companhias com as melhores práticas em cada um deles. Além disso, a revista EXAME também destaca as companhias com as melhores práticas em 10 categorias da sustentabilidade. São elas: Governança de Sustentabilidade; Direitos Humanos; Mudanças Climáticas; Relação com a Comunidade; Relação com Clientes; Gestão de Fornecedores; Gestão de Água; Gestão de Biodiversidade; Gestão de Resíduo; e Ética e Transparência.
A gigante do agronegócio brasileiro Bunge tem investido pesado para aumentar a eficiência de sua logística. Em março deste ano, a empresa inaugurou um terminal portuário em Barcarena, no Pará, que reduz em 20% a distância para exportar grãos à Europa e em 20% as emissões de carbono, em comparação com os embarques pelos portos de Santos e Paranaguá. Também firmou uma parceria com a ONG The Nature Conservancy (TNC) para monitorar pequenos produtores em relação às boas práticas.
A eficiência reside nos pequenos detalhes. Baseada em pequenas intervenções feitas ao longo de uma década, a montadora sueca Volvo diminuiu em 63% a energia necessária para fabricar um veículo na sua fábrica em Curitiba, que produz ônibus e caminhões. De quebra, a empresa cortou pela metade a emissão de gás carbônico.
Inovação tecnológica é a palavra de ordem na subsidiária brasileira da fabricante de embalagens Tetra Pak. Para reduzir o impacto ambiental de seus produtos, a empresa aumentou de 75% para 82% a proporção de material renovável usado nas embalagens. A taxa foi alcançada graças à substituição do plástico comum pelo polietileno obtido da cana. O papel-cartão, outro componente da embalagem, é feito de papel certificado. Agora, só falta encontrar o alumínio “verde”.
Hoje, 40% dos insumos agrícolas da Unilever brasileira vêm de fontes certificadas. Há três anos, eram apenas 20%. A empresa anglo-holandesa tem atuado fortemente com centenas de fornecedores de insumos agrícolas para adoção de boas práticas socioambientais. Até o final da década, a empresa persegue a meta de 100% de matéria-prima agrícola com certificação de origem.
Conviver com o barulho de bate-estacas de uma obra não é fácil. Buscando atenuar os incômodos, a construtora Even, de São Paulo, criou o programa Ação Vizinho. Antes de começar um novo trabalho de construção, um grupo de funcionários vai de casa em casa, dentro de um raio de 1km, avisando aos moradores sobre o início da obra, os transtornos possíveis e como o morador pode entrar em contato com a empresa para fazer reclamações ou dar sugestões. A atenção dada à vizinha é um dos pilares da política de sustentabilidade da empresa.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga fabricantes e varejistas a dar destinação correta ao lixo e aos resíduos dos próprios produtos, traz desafios e oportunidades para as empresas. Exemplo disso vem do trabalho do Grupo Promon, que atua em projetos de infraestrutura, de tecnologia da informação e de consultoria. Atendendo ao pedido de um cliente industrial, a Promon criou um programa que gera benefícios sociais e econômicos para a cadeia da reciclagem. A empresa investiu em cerca de 30 cooperativas de catadores, oferecendo capacitação e equipamentos mais modernos para elevar a produtividade da pré-triagem dos resíduos.
O grupo americano AES, que atua em geração, distribuição e comercialização de energia elétrica no Brasil, está atento ao potencial das energias renováveis por aqui. Por isso, planeja dobrar a capacidade instalada de 300 megawatts até 2016. Para ajudar nesse objetivo, a subsidiária brasileira, AES Brasil, participou no final de outubro do primeiro leilão de reserva de geração de energia solar do país. A ideia é instalar usinas solares junto às hidrelétricas, para aproveitar as sinergias e reduzir os custos operacionais.
Quem tem a ajuda da natureza como atrativo turístico precisa cuidar muito bem dela. O Grupo Rio Quente se destaca nesse sentido. A empresa administra oito hotéis e um parque aquático na cidade de Rio Quente, no sul de Goiás, com base em uma sólida política de sustentabilidade. Destaque para os programas de educação ambiental focados em clientes, funcionários, fornecedores e na comunidade. Durante 12 vezes ao ano (em datas comemorativas ao meio ambiente), a empresa realiza caminhadas ecológicas, oficinas de reciclagem e plantio de mudas. Sua investida mais recente foram as EcoAulas, que envolveu 900 crianças da comunidade local.
A agenda de sustentabilidade da CCR tem um objetivo claro: reduzir os impactos sociais, econômicos e ambientais das atividades da concessionária. Uma das principais investidas nesse sentido é o programa Estrada para a Cidadania, implantado em nove rodovias sob administração da empresa. Desde 2002, quando foi criado, o programa já levou conceitos de educação de trânsito, cidadania e meio ambiente para 1,5 milhão de alunos do ensino fundamental de escolas públicas em 117 municípios. Além disso, em 2013, foram entregues 95 000 cartinhas a motoristas com dicas de segurança no trânsito produzidas por crianças participantes do programa.
No final de 2013, o Itaú Unibanco registrou um marco: a menor taxa de inadimplência dos clientes desde a fusão entre as duas instituições, em 2008. Parte dessa melhora deve-se a uma reconfiguração de risco e crédito. O banco passou a enfatizar produtos como crédito imobiliário e consignado, em lugar de outros mais arriscados, como empréstimo pessoal. O banco também reformulou seu programa de educação financeira aos funcionários.
Conectar a cadeia produtiva é o desafio central da política de sustentabilidade da subsidiária brasileira da chilena Masisa, uma das líderes em produção e comercialização de painéis de madeira na América Latina. Olhando para sua cadeia de valor, a empresa busca identificar gargalos do setor madeireiro, e soluções. Em parceria com o Senai do Rio Grande do Sul, do Paraná e de São Paulo, a empresa promove cursos gratuitos para marceneiros. Em 2014, chegou a criar curso exclusivo para mulheres, com material didático específico e novas disciplinas, como cidadania e autoestima.
Atenta à necessidade de reduzir impactos ambientais e economizar energia, a ArcelorMittal, maior produtora de aços longos e planos da América Latina, introduziu em sua usina em Juiz de Fora, Minas Gerais, um projeto-piloto inovador. A nova tecnologia permite aproveitar a energia térmica gerada no processo de queima de carvão vegetal nos altos-fornos da siderúrgica e transformá-la em energia elétrica. Com a investida, a empresa espera reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 650 000 toneladas por ano a partir de 2015.
Por meio do melhoramento genético do eucalipto, a Fibria, maior produtora mundial de celulose de fibra curta de eucalipto, espera aumentar a produtividade e reduzir em um terço a área necessária para a produção de celulose. Os investimentos nessa área renderam 18 novas patentes em biotecnologia só em 2013. Outra preocupação é reduzir em 91% os resíduos sólidos destinados a aterros e avançar na meta de recuperar 40.000 hectares de florestas até 2025. Só no ano passado, a empresa restaurou mais de 5 000 hectares.
Em uma das regiões mais pobres do país, o município de Curimatá, no sul do Piauí, a indústria química paulista Beraca, cujo principal negócio são produtos e serviços para tratamento de água, implementou o projeto Pace (Piauí, Água, Cidadania e Ensino). Perto de uma escola, perfurou um poço e construiu uma estação de tratamento de água para a comunidade, que sofria com a falta de uma fonte segura. A investida inspirou um dos clientes da empresa, o grupo francês de cosméticos Estée Lauder, a enviar recursos para furar mais quatro poços na cidade. Além disso, a Beraca reformou outras três escolas, construiu uma creche e criou um centro de apoio a crianças e adolescentes.
Valorizar as mulheres é um dos pilares da política de sustentabilidade do Sabin, maior laboratório de análises clínicas do Centro-Oeste. Elas representam 75% do quadro de funcionários e ocupam 78% dos cargos de chefia. Apoiado nessa força majoritariamente feminina, a empresa almeja conquistar novos mercados, preservando os princípios que o nortearam nos últimos 30 anos, como o investimento contínuo nas pessoas – todos os funcionários, por exemplo, têm previdência privada e participação nos resultados.
A Algar Telecom, operadora de telefonia com sede na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, mantém um projeto que consegue atender de forma equilibrada a três objetivos de sustentabilidade da empresa: preservação do meio ambiente, incentivo à educação e apoio a comunidades carentes. Trata-se do Ecobanner. A empresa recolhe lonas acrílicas usadas em outdoors, painéis e placas publicitárias nas cidades que atende. O material coletado serve de matéria-prima para uma série de produtos, como bolsas, estojos e porta-cartões. Detalhe: tudo é produzido por cooperativas ou organizações sociais.
Sozinho, o Grupo Libra, de logística, movimenta 9% dos contêineres nos portos brasileiros. É um trabalho pesado que gera grande emissão de carbono. Atenta ao impacto ambiental, a empresa já investiu mais de meio bilhão de reais em equipamentos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa em suas operações portuárias. Parte disso foi para a troca de equipamentos a óleo diesel por outros que operam com eletricidade. A meta é reduzir em 40% a emissão de gases no terminal do Rio de Janeiro e em 50% no porto de Santos até 2017.
Localizada na pequena cidade de Dois Córregos no interior paulista, a fabricante de móveis feitos com paineis de madeira Zanzini mostra que não é preciso ser uma grande empresa para ter um grande impacto na sociedade. A Zanzini investe na construção de uma relação próxima com a população local, formada por pouco mais de 26 mil pessoas, a partir de ações pontuais e programas permanentes que buscam minimizar problemas sociais e ambientais do município. E colhe os bons frutos: 98% dos moradores estão satisfeitos com a atuação da empresa e 100% acham que ela é importante para a cidade, apontou uma pesquisa de 2013.
Em 2009, a AES Eletropaulo era a terceira empresa de telefonia de uma lista inglória: a de reclamações no Procon, órgão de defesa do consumidor. Mas com investimento em informação de qualidade e padronização do atendimento ao público, a AES conseguiu deixar a lista. Em 2013, lançou o programa “Jeito AES de Atender”, para padronizar o atendimento ao público. Mais de 10 000 funcionários passaram pelo treinamento e ainda foram avaliados de forma oculta por executivos da companhia que se passavam por clientes comuns nas lojas e no call center.
A fabricação de cerveja é um negócio sedento. Só no ano passado, a fabricantes de bebidas Ambev vendeu 11,8 bilhões de litros de cerveja e 4,6 bilhões de litros de refrigerante. Tudo isso leva água – muita água. Não à toa, o líquido precioso está no centro das ações de sustentabilidade da empresa. Entre elas, destaca-se o Movimento Cyan, lançado há quatro anos, para conscientizar as pessoas sobre o uso racional da água. O foco do projeto é atuar na melhoria dos recursos hídricos em todas as bacias hidrográficas em que se localizam as fábricas da empresa no Brasil.
A Avon desenvolve um trabalho exemplar de combate à violência contra a mulher. Seguindo investidas mundiais, a gigante dos cosméticos lançou no Brasil, em 2008, a campanha Fale sem Medo. Através dela, a empresa busca ampliar a percepção dos brasileiros em relação à Lei Maria da Penha, criada em 2010 para coibir a violência contra as mulheres. Outra investida, essa mais recente, foi a parceria com o Fundo de Investimento Social Elas, que selecionou 31 projetos ligados à defesa dos direitos das mulheres para receber apoio financeiro.
Saber ouvir é a chave da política de sustentabilidade da fabricante de bebidas Brasil Kirin. Em 2013, a empresa criou uma vice-presidência de assuntos corporativos e sustentabilidade, além de um comitê para a área que reúne lideranças de 15 setores diferentes da companhia. Além disso, a empresa possui um canal de comunicação para receber contribuição de stakeholders sobre o que pode ser melhorado na política de responsabilidade socioambiental e ações que podem receber mais investimentos.
Recentemente, a fabricante de bens de consumo BRF criou a área de Gestão das Mudanças Climáticas, para cuidar dos usos do “capital natural”, os recursos necessários para as operações da empresa. Além da investida, lançou a meta voluntária de reduzir suas emissões de carbono em 10% até 2015. Para cumpri-la, vem intensificando o uso de fontes de energia renováveis e aumentando o transporte por trem, menos poluente que o rodoviário.
Em 2009, a Bunge inaugurou uma usina de açúcar e etanol na cidade de Pedro Afonso, em Tocantins. Mas os planos da gigante do agronegócio não se resumiam apenas à nova unidade. Por meio de sua fundação, a empresa patrocinou iniciativas para melhorar o ambiente de negócios na cidade. Ofereceu, por exemplo, cursos em parceria com o Sebrae para empreendedores. Além de ajudar a reduzir a informalidade dos negócios locais, a Bunge também atuou na melhoria da qualidade da mão de obra local, que passou a ser incorporada pela própria empresa.
Infelizmente, a extração de madeira ilegal ainda é uma realidade no Brasil e que apresenta riscos crescentes ao meio ambiente e também para os negócios. Atenta à questão, a construtora Camargo Corrêa passou a monitorar a madeira comprada de seus fornecedores, reduzindo o risco de danos à reputação por uso de material extraído ilegalmente. A empresa investiu na implantação de um sistema de rastreamento que cobre a maior parte da quantidade de madeira que compra todos os anos para suas obras.
A Coca-Cola tem uma meta desafiadora: reciclar 100% das suas embalagens de refrigerantes até 2020. Hoje, a empresa já recicla 98% do alumínio, mas apenas 60% do plástico da garrafa PET. Para melhorar essa taxa, a empresa criou o projeto Coletivo Reciclagem. Dele participam cerca de 400 cooperativas, que recebem auxílios conforme suas necessidades. As menores e mais rudimentares, por exemplo, recebem apoio jurídico para se formalizar e comprar equipamentos de segurança, como luvas e botas.
Você sabe qual o impacto ambiental de um Danoninho? Instigada para saber a resposta desta pergunta, a fabricante de produtos lácteos Danone fez, ao longo de 2013, um detalhado estudo. Para compensar os efeitos da produção de seu famoso petit suisse sobre os recursos naturais, a a empresa adotou uma série de ações. Investiu 29 milhões de reais nos rios da região de Poços de Caldas, em Minas Gerais, onde fica sua fábrica, para melhorar a qualidade das águas, indispensável para a produção do Danoninho, e também fechou parcerias com fornecedores para reduzir a quantidade de defensivos agrícolas usados nos morangos.
O respeito às pessoas, às leis e aos costumes locais são pilares do código de ética da multinacional francesa de cosméticos L’Oréal. Criado há mais de dez anos, ele é atualizado com frequência para inserir novas diretrizes. A prevenção contra a corrupção é uma das mudanças mais recentes. E a diretriz veio acompanhada de mecanismos de denúncia. A empresa criou um canal exclusivo para receber denúncias de irregularidades, batizado de Voz Ativa, que vale internamente, como também nas negociações e parcerias com o público externo.
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