Negócios

Após comprar carteira, Ace unifica operações no Brasil

A "nova" empresa possui mais de R$ 1 bilhão em prêmios, tem foco no segmento empresarial e será comandada por Antonio Trindade


	Itaú: ao unificar as operações, a companhia ganha musculatura não só no País bem como em dimensões globais
 (Luísa Melo/Exame.com)

Itaú: ao unificar as operações, a companhia ganha musculatura não só no País bem como em dimensões globais (Luísa Melo/Exame.com)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de março de 2015 às 07h41.

São Paulo - Depois de desbancar concorrentes de peso com uma oferta bilionária e arrematar a carteira de seguros de grandes riscos do Itaú Unibanco, a seguradora americana Ace vai incorporar suas operações no Brasil. 

A "nova" empresa possui mais de R$ 1 bilhão em prêmios, tem foco no segmento empresarial e será comandada por Antonio Trindade, até então presidente da Itaú Seguros Corporativos.

Ainda no primeiro semestre, a seguradora vai submeter a incorporação à Superintendência de Seguros Privados (Susep), que regula o mercado.

Como praticamente dobrou seu quadro de funcionários com a chegada da equipe que era do Itaú, totalizando cerca de 700 pessoas, também vai mudar de sede até o mês que vem.

A companhia, que será rebatizada para Ace Seguradora, vai transferir seu escritório na Avenida Paulista, em São Paulo, para um espaço maior no Eldorado Business Tower, em Pinheiros.

"As operações de Itaú e Ace são absolutamente complementares. Isso facilita e agiliza o processo de integração. Queremos ser a seguradora de pessoas jurídicas, das grandes, mas também das pequenas e médias empresas no Brasil", diz Trindade, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a primeira desde que assumiu o comando da Ace no Brasil.

Não há sobreposição em segmentos nem na parte de back office, conforme o executivo. Enquanto a seguradora do Itaú tinha foco somente em grandes riscos, a Ace é forte, segundo ele, em afinidades, canal que customiza apólices para o varejo ou empresas, vida, patrimônio e responsabilidade civil (P&C) e também em grandes riscos, mas com atuação mais de nicho como em transportes, garantia e linhas financeiras.

Ao unificar as operações, a companhia ganha musculatura não só no País bem como em dimensões globais. Passa a ser a primeira operação na América Latina do grupo com patrimônio de mais de R$ 2 bilhões e ativos que ultrapassam os R$ 7 bilhões. Galga ainda o posto de terceira maior operação da Ace no mundo, atrás somente de Estados Unidos e Reino Unido. Antes, ficava entre as "top 15".

Sem revelar números, Trindade diz que os planos da Ace para o País são de crescimento em 2015 ainda que as expectativas macroeconômicas apontem para mais um exercício de recessão e um ano "morno" em grandes riscos.

"As grandes empresas vão continuar funcionando e segurando os seus ativos", observa ele.

Além da expansão natural por conta da unificação das duas operações, há ainda, segundo o executivo, o estímulo que deve vir de novos segmentos como seguro garantia, liderado por JMalucelli e BTG Pactual, e a abertura de fronteiras para programas de apólices globais, seguindo empresas brasileiras que se expandem internacionalmente.

Como parte da sua estratégia de crescer em garantia, a companhia vai trazer para o Brasil, de acordo com Trindade, a plataforma da seguradora mexicana Fianzas Monterrey, adquirida pela Ace em 2012 e líder neste segmento.

"Temos muita disposição e, mais do que isso, conhecimento. Pretendemos dar trabalho em seguro garantia para quem quer que seja. Essa indústria tem espaço para crescer e para vários players", afirma Trindade.

Por outro lado, a seguradora vai descontinuar carteiras que não façam sentido estratégico como seguro de automóvel, conforme o executivo.

Ele explica que além de pequeno, a carteira não traz vantagem competitiva para a operação da Ace no Brasil e, portanto, a partir deste mês já não fará mais parte do portfólio da companhia.

Em relação aos rumores de redução da carteira de grandes riscos após migração do Itaú para a Ace, o executivo diz que alguns contratos não foram renovados porque não eram interessantes para a companhia. Garante ainda que ao unir as duas operações formará uma seguradora ainda mais criteriosa na análise e aceitação de risco, processo esse conhecido como subscrição no mercado, ao integrar ambos os modelos.

O Itaú detinha contratos com gigantes brasileiras como Petrobras, Vale e Odebrecht que agora estão sob o guarda-chuva da Ace que segue com apetite para crescer em grandes riscos, cujo market share é estimado pelo mercado em cerca de 18%.

Questionado sobre a possibilidade de os desdobramentos da Lava Jato resultarem em sinistros para a companhia, Trindade diz apenas que não há "tensão".

Acrescenta ainda que a seguradora tem interesse em participar da renovação do seguro operacional da Petrobras que deve acontecer em breve e do qual já participa há 15 anos.

A Ace desembolsou R$ 1,515 bilhão pela carteira de grandes riscos do Itaú e desde novembro está debruçada na integração das duas operações.

Presente em mais de 54 países, a companhia foi mais agressiva que a japonesa Tokio Marine, a alemã HDI e, por último, a francesa Axa. Sobre novas aquisições, Trindade diz que o foco, agora, é orgânico.

Acompanhe tudo sobre:BancosCarteira recomendadaEmpresasEmpresas brasileirasFusões e AquisiçõesGuia de AçõesImigraçãoItaú

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia