Após captar R$ 24 mi, foodtech Diferente abre CD e quer ir para fora de SP
Aberta em janeiro deste ano, a Diferente vende frutas e verduras fora do padrão considerado perfeito para as gôndolas dos supermercados
Leo Branco
Publicado em 30 de julho de 2022 às 11h51.
Quatro meses após receber 24 milhões de reais numa rodada de captação de recursos do tipo seed , a foodtech Mercado Diferente inaugura em julho um centro de distribuição logística nos arredores do Ceagesp, principal centro atacadista de hortifrútis do Brasil, na zona oeste de São Paulo.
O espaço de 300 metros quadrados é 60% superior ao antigo e tem três docas para carga e descarga. O anterior tinha apenas uma.
O investimento é relevante para a foodtech ampliar a distribuição de alimentos para além da Grande São Paulo, foco inicial da empresa.
O que faz a Mercado Diferente
Aberta em janeiro deste ano, a Diferente vende frutas e verduras fora do padrão considerado perfeito para as gôndolas dos supermercados.
É o caso de uma maçã com um machucadinho na casca ou de uma cenoura que nasceu deformada e por aí vai.
Dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) apontam que cerca de 30% dos vegetais produzidos nas lavouras não chegam ao mercado, boa parte deles por não atenderem ao padrão estético esperado, gerando prejuízo aos produtores e dificultando a democratização do consumo de alimentos saudáveis.
O destino desses hortifrútis azarados é o lixo — poucos varejistas veem vantagem nesse tipo de alimento sem muita viabilidade comercial no ponto de venda.
Como é o modelo de negócio da foodtech
Os sócios da Diferente, com o perdão da expressão, pensam diferente.
Por trás do modelo de negócio da Diferente está a lógica de comprar estoque diretamente dos produtores, a um custo abaixo do normalmente oferecido por frutas e verduras tidos como bonitões, e revender tudo isso a preços convidativos num app próprio.
A Diferente vende assinaturas de cestas de frutas, legumes e verduras produzidas por produtores de orgânicos certificados entregues sempre com frete grátis.
As cestas estão disponíveis em 3 tamanhos (individual, casal e família) e podem ser contratadas em assinaturas semanais, quinzenais ou mensais.
Essas cestas podem ser compostas por até 50% de alimentos fora do padrão, o que ajuda a combater o desperdício em toda a cadeia de produção além de permitir que as cestas do mercado Diferente custem até 40% menos do que custariam no mercado.
Negócios digitais com atuação de ponta a ponta em cadeias complexas, como a de alimentos, são conhecidos pela sigla DNVB (Digital Native Vertical Brands), ou seja, marcas verticais nativas do ambiente digital.
Quem são os sócios
“Nossa missão é tornar comidas saudáveis algo acessível na América Latina. A maioria da população do continente ainda não tem acesso aos alimentos saudáveis e o preço é a principal barreira para isso. Ao atender este mercado que, só no Brasil, está avaliado em 35 bilhões de dólares, temos também a oportunidade de lutar contra o desperdício e causar um impacto positivo para toda a sociedade”, diz Eduardo Petrelli, CEO e um dos sócios fundadores da Mercado Diferente.
Antes da foodtech, Petrelli fundou a James Delivery, startup de entregas fundada em Curitiba e vendida ao Grupo Pão de Açúcar em dezembro de 2018.
Além de Petrelli, a Diferente tem entre os sócios fundadores mais gente com experiência em negócios de tecnologia: Saulo Marti (Olist), Paulo Monçores (VTex) e Walter Rodrigues (Rappi).
Entre os investidores da Diferente estão anjos como Matias Muchnick (fundador da NotCo) e Abhi Ramesh (fundador da Misfits Market).
O investimento de março teve como líder o fundo brasileiro MAYA Capital, de Lara Lemann, que já investiu em empresas em mercados relacionados a foodtech e saúde como NotCo e Alice.
A rodada também marcou a primeira aposta na América Latina do fundo americano Collaborative Fund, que já investiu em negócios de impacto como Beyond Meet e Kickstarter, e a primeira investida do britânico FirstMinute Capital no Brasil.
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