Negócios

Após aporte de R$ 260 milhões, Cortex adquire Geofusion e amplia modelo de inteligência de dados

O acordo inclui a compra da todas as ações da empresa. Fundada em 1996, a Geofusion tem clientes como McDonald's, Natura, Heineken e Cacau Show

Leonardo e Daniel: estamos acelerando a nossa estratégia de ser líder em inteligência de dados na América Latina (Cortex/Divulgação)

Leonardo e Daniel: estamos acelerando a nossa estratégia de ser líder em inteligência de dados na América Latina (Cortex/Divulgação)

A Cortex acaba de adquirir a Geofusion, empresa que atua no segmento de geomarketing. O anúncio acontece pouco menos de um mês após a startup receber uma nova rodada de investimentos, uma série C no valor de R$ 260 milhões, liderada pela Lightrock e que contou com a participação do SoftBank Latin America Funds e Riverwood Capital.

O acordo inclui a compra da todas as ações da empresa de geomarketing, com quem a startup se relaciona desde 2015, já fez parcerias e vinha mantendo conversas há um ano. Com o mercado mais escasso de funding e as incertezas ao longo de 2022, o namoro chegou a ficar em banho-maria. A entrada do novo capital deu novo impulso à negociação e o negócio foi fechado.

Essa é a segunda aquisição da Cortex em pouco mais de um ano. Em fevereiro de 2021, informou com exclusividade à EXAME a compra de ITB360, especializada na coleta de dados sobre outras companhias a partir de bancos públicos de informação.

Para a nova transação, os executivos aplicaram a tese de complementaridade de portfolio que a Geofusion pode agregar. Criada em 1996 como uma consultoria de geomarketing sob o nome Ion, a empresa se transformou em Geofusion em 2008. Hoje, oferece soluções de inteligência de dados e geolocalização para varejistas e negócios B2B2C, como fabricantes que comercializam os seus produtos em canais varejistas e marketplaces.

Assine a EMPREENDA e receba, gratuitamente, uma série de conteúdos que vão te ajudar a impulsionar o seu negócio.

Com informações demográficas, socioeconômicas e históricos de negócios, as marcas podem tomar melhores decisões sobre onde colocar uma nova unidade ou quais produtos são mais pertinentes à região. Atende a mais de 450 clientes, dentre os quais Natura, Heineken, Cacau Show, CNA e McDonald’s. Em 2021, cresceu o faturamento em 30% e previa uma alta entre 40% e 50% para este ano.

Já a Cortex tem um apelo muito maior com empresas B2B e B2C, mas não tem penetração no varejo. O portfolio, com cerca de 200 clientes, passa por seguradoras e instituições como Visa, Vibra Energia, Flash Benefícios e Bradesco, que recorrem à startup em busca de soluções de big data e inteligência artificial para auxiliar nas estratégias de vendas e de marketing.

“A grande tese que a gente trouxe para dentro de casa é que é uma aceleração dessa nossa estratégia de ser a líder em inteligência de dados na América Latina”, afirma Leonardo Rangel, CEO e cofundador da Cortex ao lado de Daniel Pires.

Além disso, sustentam os executivos, as duas têm similares em propósito e cultura, o que vai contribuir para com a integração do modelo de negócios e também das equipes. Com os 150 funcionários da Geofusion, a Cortex chega a 500 pessoas.

Quais os próximos passos

No curto prazo, a Geofusion continua com a sua marca, agora carregando a assinatura da Cortex, e será transformada em uma unidade de negócios da Cortex.

A liderança ficará com os três cofundadores: Pedro Figoli, ex-CEO, será VP executivo, Valéria Duarte, VP de Operações, e Susana Figoli,  VP de produto e engenharia. Os três estão colocando parte dos recursos obtidos com a venda da empresa para entrar como acionistas na startup.

Com a movimentação, se juntam aos sócios fundadores, Leonardo e Daniel, ao Natan Reiter, fundador da ITB360, e aos fundos Softbank, Redpoint eventures e Endeavor Catalyst, Lightrock e Riverwood Capital. Os outros sócios da Geofusion, os fundos de investimentos Ória e DGF Investimentos, optaram pela saída do negócio.

No prazo entre nove a 12 meses, a empresa prevê que terá um horizonte mais claro de integração dos negócios e operações, visando o fortalecimento da Cortex. “Quando olhamos para o longo prazo, a marca vai ser a Cortex. A gente almeja IPO no longo prazo, seja aqui seja lá fora, mas agora no curto prazo não muda nada”, afirma Rangel.

Como a empresa quer acelerar a integração

Em paralelo, a empresa aposta em três verticais para gerar negócios rapidamente a partir com a aquisição. A primeira é o lançamento de oferta da Cortex para clientes que estão na carteira da Geofusion;  a segunda é explorar a complementaridade de produtos e a base de clientes; e a terceira é conexão entre as ‘máquinas de vendas' (estrutura de ações para gerar de leads), logo que uma empresa foca em estratégias outbound e a outra em inbound marketing.

“Nós vamos para um volume de oportunidades muito grande de explorar diferentes produtos e a complementaridade desses projetos em toda essa base”, afirma Pires.

A empresa também está de olho no mercado latino, até por isso o desejo de se tornar a maior solução em inteligência de dados para vendas na região. Hoje, 80% receita é feita no Brasil e cerca de 20% vem de outros países, incluindo vizinhos e Europa.

Esse processo, segundo os executivos, tem acontecido de forma orgânica com clientes do Brasil levando as soluções para fora. Em algum momento no futuro próximo, porém, deve ser fruto de um investimento direto.

"A gente quer usar toda a nossa experiência de Cortex e Geofusion e levar isso para esses mercados. Os nossos clientes são todos multinacionais, como McDonald’s, que tem posição em todo mundo, mas na América Latina, com certeza, temos uma oferta muito forte e será um olhar para nós nos próximos períodos", diz Figoli.

Atualmenta, a Cortex fatura mais de R$ 100 milhões por ano. Em 2021, fechou com 100% de crescimento e estima entre 70% e 80% para este ano.

Leia também:

Após ouvir muitos "não", ele montou um negócio que investe R$ 115 milhões em energias renováveis

Quem é Belmiro Gomes, o ex-bóia-fria por trás do gigante do atacarejo Assaí

Ele já fez bico num lava-jato. Hoje, ergue imóveis de luxo na Bahia e tem R$ 1,5 bilhão em terrenos

Acompanhe tudo sobre:Big dataInteligência artificialStartups

Mais de Negócios

Imposto a pagar? Campanha da Osesp mostra como usar o dinheiro para apoiar a cultura

Uma pizzaria de SP cresce quase 300% ao ano mesmo atuando num dos mercados mais concorridos do mundo

Startup cria "programa de fidelidade" para criadores de conteúdo e times de futebol

Sem antenas, mas com wi-fi: esta startup chilena quer ser a "Netflix" da TV aberta