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AmBev diz que imposto maior poderia reduzir vendas

Ritmo de crescimento do início de 2011 poderá ser inferior ao de 2010

AmBev: dependendo do tamanho do aumento de impostos, a empresa poderá rever sua projeção de investimentos de 2,5 bilhões de reais no Brasil em 2011 (Germado Luders/Exame)

AmBev: dependendo do tamanho do aumento de impostos, a empresa poderá rever sua projeção de investimentos de 2,5 bilhões de reais no Brasil em 2011 (Germado Luders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2011 às 18h40.

São Paulo - Em 2010 o setor de bebidas conseguiu reverter um aumento de impostos com uma polpuda proposta de investimentos nas operações no país. No começo de 2011, a discussão foi retomada, mas, dessa vez, a AmBev não está tão confiante com a negociação – apesar de destacar que as conversas estão no começo.

“Acreditamos que fazer, em 2011, o mesmo que foi feito em 2010 é uma das propostas a ser considerada, mas, por outro lado, percebemos o governo em um momento diferente”, disse Nelson Jamel, vice-presidente financeiro e de relações com investidores, em teleconferência com jornalistas realizada hoje (3/3). “Esperamos um aumento de impostos que não tenha impacto nos volumes”, afirmou.

Segundo Jamel, a negociação do ano passado foi bem-sucedida porque iniciou um “ciclo virtuoso de aumento de investimentos, sem pressão inflacionária.” Além disso, devido ao volume de investimentos programado pela indústria de bebidas, a produção cresceu e o governo também saiu ganhando, pois aumentou a arrecadação de impostos sem precisar mexer nas alíquotas, de acordo com o vice-presidente financeiro.

Ainda não há uma proposta oficial de reajuste de impostos para o setor neste ano, mas qualquer valor acima da inflação seria prejudicial aos fabricantes, segundo Jamel. “Qualquer aumento relevante acima da inflação vai gerar repasses, já que as margens estão pressionadas”, afirmou o executivo, que teme que isso acarrete um efeito-dominó negativo que prejudicaria, em última análise, o próprio governo. “O repasse do imposto gera queda de volume de vendas, compromete os investimentos e pressiona a arrecadação de impostos”, disse.

Dependendo do tamanho do aumento de impostos, a AmBev poderá rever sua projeção de investimentos de 2,5 bilhões de reais no Brasil em 2011.

Desaceleração

No último trimestre de 2010, a AmBev registrou desaceleração nas vendas. Para a empresa, o resultado não surpreendeu. “A gente já tinha percebido uma base de comparação difícil e, no ambiente econômico, houve um pouco de desaceleração. No final do ano, já estava sinalizada uma freada na economia”, disse Jamel.

A tendência para os resultados do primeiro trimestre deste ano é que eles sigam o último trimestre de 2010. “Janeiro sofre o impacto das chuvas de verão, e isso também reduz o ritmo de crescimento do período”, afirmou Jamel. Além disso, o aumento de preços começou um pouco antes em 2010, o valor reajustado já estava consolidado em outubro. Em 2009, isso só ocorreu em dezembro.

“Ainda acreditamos em renda crescendo esse ano, não no nível do ano passado, mas crescendo”, afirmou o executivo. Os últimos anúncios do governo, como o salário mínimo, também impactam o setor como um todo, de acordo com o vice-presidente financeiro. Entre os fatores positivos, segundo a empresa, está o nível baixo de desemprego. “Não tem aumento salarial, mas tem mais emprego, então as perspectivas da massa de renda cresceram”, disse Jamel.

A AmBev encerrou o ano com a maior participação de mercado da sua história, 70,1%. No último trimestre, o market share foi de 69,8%. “A nossa aposta nesse momento está no ciclo de crescimento de volume, de (consumo) per capita, o mercado brasileiro ainda é jovem”, disse o executivo.
 

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