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Adeus, lançamentos: Thá Engenharia foca em obras terceirizadas após RJ e tem R$1 bilhão em contratos

Aos 129 anos, construtora passa por recuperação judicial e reavalia modelo de negócio

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 29 de março de 2024 às 12h12.

A centenária Thá Engenharia é um exemplo de que muitas vezes é preciso ajustar a rota de um negócio para mantê-lo sustentável. Aos 129 anos, a construtora colecionava milhares de obras quando uma crise levou ao pedido de recuperação judicial com dívidas de R$ 350 milhões.

O ano era 2016. A crise econômica brasileira e a saída de um sócio americano fizeram com que o endividamento da empresa crescesse rapidamente. O pedido de recuperação judicial veio três anos depois. A saída encontrada pela empresa paranaense foi deixar de atuar como incorporadora e se dedicar a construção de obras como empresa terceirizada.

"Trabalhar como empresa terceirizada de construção foi o grande segredo do nosso do sucesso. Nunca paramos a nossas atividades, mesmo durante o período mais crítico da recuperação judicial", diz CEO Roberto Braz Thá.

Com 18 obras em execução, a Thá Engenharia tem quase R$1 bilhão em contrato — boa parte longe dos prédios residenciais.

A história da Tha Engenharia

A história da família Thá com a construção civil começou em 1895, quando o italiano Maurizio Thá começou a construir casas de alvenaria no Paraná.

Ao longo das gerações, a empresa ganhou participação de mercado. Em Curitiba é possível ver a participação da Thá na construção da história da cidade. Do estádio Dorival de Brito, presente na Copa do Mundo de 1950, passando pelo Shopping Mueller, o primeiro da capital paranaense, até o prédio Universe Life Square, o mais alto da cidade com 152 metros de altura. Todas obras da Thá.

A empresa é atualmente liderada por Roberto Braz Thá, bisneto do fundador. Com mais de 2.000 obras concluídas, a empresa sempre diversificou os segmentos de atuação. Parte destes empreendimentos também foram levantados em parceria com grandes varejistas como Walmart, Grupo Pão de Açúcar, Leroy Merlin e Carrefour.

Com hospitais, shoppings, prédios comercias e residências e o parque industrial da Volkswagen Brasil, em São José dos Pinhais, a Thá chegou a ser uma das três maiores incorporadora do Paraná.

Em 2012, a americana Equity International, do fundo de investimentos Sam Zell, se tornou sócia e reforçou o crescimento da companhia. Na época, o plano era crescer além do Paraná, com a incorporadora focada na região Sul e a construção civil em todo país.

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A crise da Thá (e do mercado de construção)

Em 2016, o Brasil enfrentou uma crise econômica que impactou diretamente o mercado imobiliário. Com recessão, aumento do desemprego e instabilidade política, muitos compradores enfrentaram dificuldades financeiras e quiseram cancelar suas compras, buscando reaver os valores pagos ou negociar condições mais favoráveis, o que levou ao aumento no número de distratos.

A crise dos distratos teve consequências para as incorporadoras, que enfrentaram prejuízos financeiros devido à devolução de valores e a necessidade de reajustar suas estratégias de vendas e construção.

Nesse período a Thá atuava como incorporadora e construtora, tanto de obras próprias como de terceiros. 40% de suas obras eram próprias. Outros 30% eram de obras de outras incorporadoras. Os 30% restantes eram hospitais, centros de distribuição, shopping centers, indústrias e obras de varejo.

"A Thá também vivenciou uma queda no mercado, outros segmentos como varejo, shopping center, indústrias também tiveram queda violenta nos seus investimentos", diz o CEO.

Outro fator impactou a empresa paranaense na época. Com a crise econômica, o sócio americano Equity International deixou o negócio.

Para tentar contornar a crise, a empresa paranaense parou de fazer novos lançamentos, e gradualmente essas obras próprias começaram a perder relevância no portfólio.

Descapitalizado e vivendo um cenário desafiador, a companhia acumulou dívidas de R$ 350 milhões e entrou com o pedido de recuperação judicial em 2019.

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Como o negócio está agora

A Thá Engenharia vai deixar a recuperação judicial em 2024, dois anos após a aprovação do plano. De acordo com o executivo, a Thá tem crescido ano a ano e honrado os pagamentos. "70% das dívidas já foram pagas", diz.

Sem lançamentos, o número de obras terceirizadas já representa 100% do negócio. Atualmente, a construtora está trabalhando com 11 incorporadoras, entre elas:

  • GT Construção
  • Alma Participações
  • Blue Incorporadora
  • Elio Winter Incorporações
  • Base Sul Empreendimentos

"A Thá aumentou as obras terceirizadas, área na qual nós já atuávamos, o que nos permitiu continuar operando apesar do fim da nossa incorporadora", diz o CEO.

Atualmente a Thá tem 18 obras em andamento no Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Em 2023, o faturamento foi de R$ 300 milhões.

"Fizemos um movimento ousado, mas extremamente bem-sucedido. Conseguimos otimizar as operações e maximizar os resultados dos contratos terceirizados", diz o CEO.

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