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Acordo de R$ 1,5 bilhão entre Cogna e Eleva frustra investidores

BTG Pactual afirma que investidores esperavam melhora na alavancagem da Cogna, o que não ocorreu

Escola Santi, em São Paulo, que pertence ao grupo Cogna (ex-Kroton (Divulgação/Divulgação)

Escola Santi, em São Paulo, que pertence ao grupo Cogna (ex-Kroton (Divulgação/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 12h07.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 15h00.

A companhia de educação Cogna, divulgou ontem à noite a assinatura de um acordo com a Eleva, empresa focada no ensino básico, para troca de ativos entre as duas companhias. Pelo acordo,  a Eleva vende seus sistema de ensino para a Vasta, subsidiária da Cogna. Em contrapartida, a empresa compra todas as escolas de ensino fundamental da Saber, outra subsidiária da Cogna, que possui 51 unidades. No total, a transação envolve 1,5 bilhão de reais. O acordo ainda precisa passar pelo Cade.

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Pelo acordo a Vasta vai pagar 580 milhões de reais pelo sistema de ensino da Eleva, que tem atualmente 177 mil estudantes. O valor será pago em  parcelas  ao  longo  de cinco anos. Já a Eleva vai pagar 964 milhões de reais pelas 51 escolas da Saber,  com 31 mil estudantes. Desse montante, 625 milhões de reais serão pagos em  parcelas  ao  longo  de  cinco anos. O restante será pago em debêntures conversíveis a serem emitidas  pela  Eleva no  fechamento  da  transação.

As  debêntures  serão  quitadas 30 meses após  o fechamento da transação. Em caso de realização de IPO da Eleva, as debêntures serão convertidas em ações, e a Cogna passará a ser acionista da Eleva. No entanto, mesmo como acionista, ela não vai compor o bloco de controle da Eleva, e terá restrições para aumentar sua participação na companhia.

Cogna e Eleva se comprometem ainda a assinar um acordo com prazo de dez anos para o fornecimento de material didático pela Cogna à Eleva, com um desconto de 15 milhões de reais por ano, nos quatro primeiros anos. Também firmam um uma parceria comercial para o desenvolvimento de novas ferramentas educacionais e para a expansão da distribuição  das  escolas  da  Eleva  no  Brasil,  contratantes  dos  sistemas  de  ensino  fornecidos  pela  Cogna.

Com isso, o objetivo é o fornecimento dos sistemas de ensino da Cogna para aproximadamente 90% dos atuais alunos das escolas do grupo Eleva, para 100% dos alunos das escolas da Saber, e para todas as novas escolas com o mesmo perfil que venham a ser abertas ou adquiridas pela Eleva enquanto durar o acordo.

Acordo não resolve problemas da Cogna

Na visão do BTG Pactual, a transação não atendeu às expectativas dos acionistas de Cogna mais otimistas. Em relatório divulgado hoje, os analistas do banco afirmam que o valor atribuído aos ativos da Cogna é “um pouco decepcionante”. "A Cogna vai deixar completamente o negócio de escolas de ensino básico, abandonando uma oportunidade de consolidação, em um transação que acabou falhando em ajudar na desalavancagem da empresa", diz o relatório.

Na visão do banco, a situação da Cogna continua difícil, uma vez que seu negócio principal, de cursos de graduação, ainda enfrenta problemas e tem alavancagem alta. “Investidores otimistas esperavam que a transação abordasse a alta alavancagem da Cogna, mas isso não ocorreu, e a alavancagem ainda depende de uma recuperação em seu negócio principal”, avalia o banco.

A Eleva é hoje o maior grupo de escolas de ensino básico do país, com 130 unidades e mais de 83 mil alunos. A Cogna é a maior empresa de educação do país, sendo que a maior parte do seu negócio está no ensino superior, com a subsidiária Kroton.

Nos últimos anos, a empresa tem buscado fortalecer unidades de negócios voltados para outros segmentos, como o da educação básica, a fim de compensar o momento difícil nos cursos de graduação.

Comunicado às famílias

As famílias de alunos que estudam em escolas da Saber já começaram a receber um comunicado explicando sobre a mudança no controle das unidades.

Em um dos textos a que EXAME teve acesso, a escola afirma que o Eleva tem “foco central no aluno” e “investe fortementeem formação de professores e colaboradores, e em currículos e tecnologias conectados com o mundo atual”.

O texto diz ainda que o movimento está “alinhado ao compromisso com a autonomia pedagógica, com a qualidade educacional e com o respeito à diversidade de valores e metodologias”.

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