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Accor aposta no interior para crescer em meio à crise

Cidades de até 50 mil habitantes vão concentrar a maior parte dos 30 novos hotéis previstos para o Brasil neste ano

Accor: superoferta em capitais tem reduzido a taxa de ocupação e causado migração para o interior (Facebook/Accor/Reprodução)

Accor: superoferta em capitais tem reduzido a taxa de ocupação e causado migração para o interior (Facebook/Accor/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de março de 2017 às 10h21.

São Paulo - A multinacional francesa de hotéis Accor vai desbravar o interior do Brasil em 2017. Após a forte expansão dos hotéis nas capitais entre 2014 e o ano passado, o mercado ficou superofertado e obrigou a empresa - líder no mercado nacional, com 278 unidades em funcionamento - a direcionar sua expansão para cidades do interior a partir de 50 mil habitantes, que vão concentrar a maior parte dos 30 novos hotéis previstos para o País neste ano, segundo o presidente da Accor para a América Latina, Patrick Mendes.

Essa busca de opções pelo interior é motivada pela acentuada queda da ocupação dos hotéis nas capitais. Segundo a consultoria Hotel Invest, o equilíbrio financeiro de um hotel exige uma taxa média de ocupação de 70%.

Em todas as principais capitais brasileiras, o nível está abaixo de 60%. O pior caso é o de Belo Horizonte, onde apenas 48% dos quartos, em média, recebem hóspedes.

Até capitais consideradas "blindadas", como o Rio de Janeiro, considerado um polo global de turismo, foram afetadas. Hoje, a capital fluminense só ocupa 53% de seus quartos.

"É um reflexo da superoferta. O número de hotéis na Barra da Tijuca triplicou (desde 2014)", explica Diogo Canteras, sócio da Hotel Invest. "Além disso, a crise econômica e o desmonte do setor de óleo e gás afetaram o fluxo de viajantes de negócios."

Diante do panorama nada animador das capitais, a Accor está mirando cidades a partir de 50 mil habitantes para seus empreendimentos - em alguns casos, a companhia faz a conversão de hotéis sem bandeira.

De acordo com Mendes, a empresa está usando o conhecimento que tem do mercado brasileiro - onde está presente há 40 anos e é líder isolada do segmento - para levar um serviço de hospedagem padronizado a novos mercados do interior.

Embora a companhia tenha a previsão de crescer com marcas de mais alto padrão e propostas de "design" no País (leia mais ao lado), a aposta no interior concentrará as aberturas, por enquanto, nas diferentes versões da bandeira Ibis, que têm preços mais acessíveis.

Dos hotéis previstos para o País ao longo de 2017, somente seis estarão em capitais. Já municípios do interior que têm potencial de expansão de demanda, como Parauapebas (PA), vão receber até dois empreendimentos de forma concomitante - no caso, um Ibis "clássico" e um Budget, que tem tarifas 30% mais baixas.

A expansão orgânica segue a lógica da Accor de administrar projetos desenvolvidos por terceiros. Do total de empreendimentos da rede francesa no País, apenas cerca de uma dezena são próprios.

No interior, explica o presidente da Accor na América Latina, algumas unidades em cidades de menor porte são administradas por um sistema de franquias. Ou seja: o investidor recebe treinamento e apoio, mas os funcionários não são ligados à Accor.

Essa migração para mercados alternativos também é motivada pela necessidade, afirma Canteras, da Hotel Invest. "São empreendimentos de condohotéis que foram desenvolvidos a partir de 2013 e que agora estão ficando prontos", diz o consultor. "Essas aberturas no interior refletem o fato de que ninguém está investindo em hotéis nas capitais."

Aquisição

Para superar a marca de 300 hotéis no Brasil neste ano, a companhia também adquiriu os direitos de administração de 26 empreendimentos da rival BHG Hotéis, no início de março. O negócio envolveu um pagamento de R$ 200 milhões.

A BHG deverá aplicar outros R$ 100 milhões na renovação desses hotéis até 2019. As unidades passarão a usar as marcas da rede francesa.

O crescimento da Accor ocorre em um momento em que rivais estrangeiras também estão se movimentando - a rede Hilton, por exemplo, acabou de assumir a gestão do Windsor do Leme, no Rio de Janeiro. Mendes, da Accor, afirma que a empresa vê o Brasil como um de seus mercados-chave. "Fazemos investimento olhando o longo prazo."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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