Armindo Mota, da Stuo: O grande desafio dos bancos digitais é fazer a aquisição do usuário e depois fazer ele usar. No final do dia, nós já temos essa base de taxistas e colocamos dinheiro nas contas deles todos os dias (Stuo/Divulgação)
Há 10 meses, Armindo Mota, fundador da Wappa, anunciou a fusão do app de mobilidade com a fintech Expense Mobi e a criação da Stuo. Como objetivo, criar um superapp corporativo que concentrasse em uma única plataforma com despesas de viagens, hotel, alimentação e por aí vai. Ainda no forno, o superapp surge com a proposta de olhar para todas as dores das empresas na gestão da rotina de descolamento dos funcionários.
O Stuo.BNK, banco digital que a empresa anuncia agora, olha para outro lado do negócio: os mais de 120 mil taxistas e motoristas de carros particulares que transportam profissionais de mais de 10 mil empresas em mais de 2 mil cidades do país. Entre as companhias, Santander, McDonald's, Natura, Dafiti, Amil e Samsung.
Com investimentos de R$ 10 milhões, o Stuo.BNK passa a concentrar os pagamentos das corridas desses profissionais, hoje diluído por bancos diversos, em seu ecossistema e quer se aproximar de um público que já está da companhia.
“O grande desafio dos bancos digitais é fazer a aquisição do usuário e depois fazer ele usar. No final do dia, nós já temos essa base de taxistas e todos os dias nós estamos pagando, liquidando, colocando dinheiro nessas contas”, afirma. O executivo é um dos pioneiros do mercado de mobilidade corporativa com a criação do Wappa em 2001, bem antes da chegada do apps de corrida.
Entre os benefícios, a Stuo pretende acelerar os pagamentos, disponibilizar crédito pessoal e transformar o banco também em um supperapp, agregando soluções de parceiros como seguradoras, planos de saúde e redes de abastecimento que ofereçam serviços adequados à realidade dos motoristas.
Segundo o executivo, os profissionais, embora não sejam desbancarizados, encontram dificuldades para acessar melhores condições de crédito e benefícios nas instituições financeiras devido a questões como comprovação de renda. O novo banco, ao ter os dados “em casa” e certa previsibilidade sobre os ganhos, consegue entender melhor os dados e facilitar os processos e as liberações.
Para criar a nova instituição, a Stuo fechou parceria com o banco Arbi, que oferece solução de "banco as a service". “Num primeiro momento, até para sentir a receptividade e ganhar escala, é um modelo que acreditamos mais adequado. Queremos ganhar tração e mais lá na frente podemos ver uma solução nossa”, diz. Desde que começou a ser apresentado aos taxistas, há cerca de 4 meses, 97% já passaram a receber por lá, segundo com números internos.
Integrado ao banco, a Stuo lançou também uma maquininha de débito e crédito, produto que chega ao mercado com até 50% de redução nas atuais taxas do mercado, efetua os pagamentos em um dia útil e não tem taxa de antecipação.
“Eles terão um serviço bem mais barato que no mercado porque nós olhamos para eles como um combo. Ele já paga uma taxa com as corridas de mobilidade e começou a usar o banco. Então, a gente tem uns serviços mais baratos e aderentes para ele”, afirma sobre a introdução do serviço complementar.
Com a fusão entre as duas operações da Wappa e da Expense Mobi, a Stuo deve fechar o ano com mais de R$ 110 milhões de faturamento - cerca de 90% do montante vem operação de mobilidade oriunda da Wappa.
Para 2023, projeta um crescimento de 50% sobre 2022, uma estimativa que leva em conta a ampliação do mercado potencial. A empresa tem trabalhado para construir estratégias de vendas cruzadas para os os produtos e gerar mais valor dentro dos clientes.
Para o Stuo.BNK, não contabilizado nos R$ 110 milhões, a expectativa é de que apresente um faturamento entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões em 2023.
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