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A nova aposta da WeWork: andares exclusivos para empresas

Mudança de perfil das empresas durante a pandemia fez a companhia de WeWork remodelar parte de sua operação

Claudia Woods, da WeWork: Talvez o Brasil relutou um pouco mais em assumir que o híbrido chegou para ficar" (WeWork/Divulgação)

Claudia Woods, da WeWork: Talvez o Brasil relutou um pouco mais em assumir que o híbrido chegou para ficar" (WeWork/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 23 de maio de 2024 às 05h00.

Poucos setores tiveram que se remodelar tanto depois do boom pandêmico como os coworkings. 

Antes de estourar a crise de covid-19, eles estavam de vento em popa. De 2015 para 2019, o número de espaços colaborativos para trabalhar saltou de 238 para 1.497, segundo levantamento do site Coworking Brasil. 

Com um 2020 vivido praticamente todo de dentro de casa, porém, o setor enfrentou uma crise violenta. Não bastasse a falta de clientes, índices como o IGP-M, que corrigia os aluguéis, também explodiram.

Para sair da crise, o lance foi redefinir os modelos de negócios. Não foi diferente para a WeWork, a principal empresa de escritórios compartilhados do mundo, com mais de 700 unidades espalhadas por 39 países. 

Com 30 unidades próprias no Brasil, a empresa passou a apostar no modelo de marketplace para sua expansão. Hoje em dia, por meio de uma plataforma chamada Stations, qualquer lugar (um café, um cinema, ou um andar ocioso numa companhia) pode ser colocado à locação para empresas que queiram trabalhar ali durante um dia, uma semana ou um mês.

Isso permitiu que a companhia ganhasse escala sem que investisse na construção de novos prédios, por exemplo.

Mas só ter mais estações de trabalho não foi suficiente. A mentalidade das empresas atendidas pela WeWork também mudou, e o negócio precisou acompanhar essa mudança. 

Por isso, a companhia divulga nesta quinta-feira, 23, uma nova aposta para crescer no Brasil. Trata-se da WeWork Corporativo, um braço dentro da empresa que irá locar andares inteiros para uma única companhia. Algo semelhante ao que empreendimentos comerciais já fazem. A diferença? Os modelos de contrato.

“Num modelo tradicional de locação imobiliária, os contratos duram cerca de 15 anos, e a empresa precisa investir em tudo, infraestrutura, mobiliário, tudo”, diz Claudia Woods, CEO da WeWork na América Latina. 

“No nosso modelo, os contratos poderão ser bem menores e a empresa já entra num lugar pronto para trabalhar. Além disso, consegue usar toda a rede de escritórios da WeWork pelo país”.

Para fazer a reformulação, que inclui portas e catracas exclusivas por andares, por exemplo, a WeWork vai investir cerca de 5.000 reais por metro quadrado. A empresa não fala ainda em quantos andares de cada prédio haverá a reformulação. A companhia tem hoje operações em  São Paulo, Alphaville, São Bernardo do Campo, Osasco, São José dos Campos, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

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Qual é a história da WeWork

A crise da covid-19 não foi a primeira que a WeWork precisou enfrentar. Um ano antes, em 2019, a tentativa de abertura de capital da empresa nos Estados Unidos teve um final desastroso para o fundador do coworking, Adam Neumann.

Os documentos recolhidos para fazer o IPO revelaram um descompasso financeiro. A WeWork assinou contratos de arrendamento de longo prazo com proprietários de imóveis, mas ofereceu contratos de curto prazo para seus clientes, gerando descompasso de ativos e passivos. Também cresceram num ritmo que aumentou custos fixos sem garantias de receita proporcional. 

A figura controversa de Adam Neumann também pesou. Ele foi criticado por seu estilo de gestão extravagante e decisões de negócios questionáveis, como a aquisição de empresas não relacionadas ao core business da WeWork. O fim desse processo resultou na renúncia do fundador do cargo de CEO e num processo de reformulação da empresa, que fechou unidades deficitárias e apostou na sustentabilidade do negócio a longo prazo.

Com isso, voltou a se reerguer. Daí veio a pandemia — e agora, o processo de remodelação.

Por que investir em andares exclusivos

A primeira remodelação do WeWork na pandemia foi para atender uma demanda que começava a surgir de pessoas que estavam trabalhando de casa, mas precisavam de espaços físicos para pequenos encontros e reuniões de tempos em tempos. Foi a locação de espaços on demand. 

“Podemos locar uma sala de reunião para um dia. A aderência foi rápida das pequenas e médias empresas”, diz Claudia. 

Para as grandes companhias, que hoje representam 60% dos clientes da WeWork no Brasil, a demanda foi outra. As empresas queriam andares inteiros, mas que comportassem menos do que sua quantidade total de funcionários. O objetivo? O trabalho híbrido. Assim, com 100 posições de trabalho serviria para uma empresa de 200 ou 300 funcionários, a depender de quantos iriam trabalhar em cada dia da semana. 

“Talvez o Brasil relutou um pouco mais em assumir que o híbrido chegou para ficar, mas agora já aceitou”, diz Claudia. “As companhias estão assumindo isso como formato de trabalho, e entendendo que os espaços não precisam ser fisicamente tão grandes. Empresas pegando 50% dos espaços que pegariam antes. E isso dá a atratividade para a WeWork, porque vai ter espaço físico, mas vai poder conectar com todos os outros prédios da WeWork”. 

Em 2024, na WeWork Brasil, 40% dos clientes corporativos têm um modelo de contrato flexível, ou seja, têm mais cartões ativos do que posições, fazendo rotação entre os funcionários.  A WeWork tem cerca de 30.000 membros ativos no Brasil. 

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