A história de sucesso do Quencher, o copo Stanley que viralizou e arrasta multidões às lojas
O produto lidera as vendas da Stanley nos Estados Unidos e levou a marca ao primeiro lugar no mercado de hidratação no país
Repórter de Negócios
Publicado em 13 de janeiro de 2024 às 08h30.
Última atualização em 17 de janeiro de 2024 às 14h40.
À primeira vista, ele pode não causar a melhor impressão. Grande e com uma estrutura mais encorpada, o Quencher não parece o parceiro ideal para quem precisa carregar a sua “garrafinha de água” de casa para o trabalho ou enquanto pratica atividades físicas.
Mas, nos últimos quatro anos, o modelo tem ajudado a transformar a centenária Stanley em um negócio de muitos milhões de dólares. A PMI, empresa por trás da Stanley, saiu de um faturamento de US$ 70 milhões em 2019 para algo em torno de US$ 750 milhões em 2022, de acordo com números estimados pela CNBC Make It.
O produto lidera as vendas da Stanley nos Estados Unidos e levou a marca ao primeiro lugar no mercado de hidratação no país. Com virais em redes como TikTok e Instagram ao longo dos últimos anos, a empresa chegou a ter fila de mais de 150 mil clientes em 2022, segundo dados internos.
Nos últimos dias, o lançamento de dois modelos para celebrar o Valentine’s Day rendeu mais notícias - e memes. Os consumidores saíram correndo pelas lojas da Target e alguns até acamparam em busca das garrafas. O frenesi mostra como os itens criaram uma nova roupagem, povoando elementos culturais, de moda e até como peças de colecionadores.
Mas nem sempre foi assim. Os Quenchers chegaram ao mercado em 2016 sem muito e assim continuaram por alguns anos. Os resultados patinavam e o modelo estava à beira da extinção em 2020.A virada combinou dois movimentos, a chegada de um executivo e a admiração de uma influenciadora pelo produto.
O que mudou o jogo para o Quencher
Em 2020, a marca contratou para a posição de CEO Terence Reilly, executivo que havia passado os últimos sete anos na Crocs e que levou a empresa dos velhos tamancos de borracha para um outro patamar no mercado. Enquanto ouvia os funcionários sobre prós e contras da operação, soube que havia um “grupo” de defensores no Quencher em Utah, no oeste dos Estados Unidos.
Quando a Stanley decidiu descontinuar a produção em 2019, Ashlee LeSueur, cofundadora do Buy Guide, um site com dicas de produtos, tentou argumentar contra a ideia. Ela tinha comprado o seu primeiro Quencher em 2017 e, desde então, o produto sempre entrava na lista de presentes para os amigos e nas recomendações aos seguidores.
Como os números do Quencher eram fracos, na ocasião, a opção que a Stanley ofereceu foi que ela adquirisse os produtos e vendesse em seu site. Os 5.000 itens acabaram em poucos dias.
Quando o novo CEO soube da história, ele decidiu abraçar a The Buy Guide como parceira na promoção dos lançamentos de outras cores. A partir daí, as vendas só aumentaram e o produto entrou na lista dos virais.Conectado com as dinâmicas das redes e da moda, a empresa usa as tendências de design para explorar uma variada paleta de cores. Mais de 100 versões já entraram no portfolio do modelo, disponíveis em tamanhos de 1,18 litro e 887 ml.
Assim como os demais itens da Stanley, o Quencer carrega a técnica criada por William Stanley Jr, o engenheiro elétrico que inventou o modelo em 1913 nos Estados Unidos. O segredo dos copos e garrafas Stanley está no vácuo entre as paredes, recurso que impede a troca de temperatura.
Quando o copo chegou no Brasil
O modelo desembarcou por aqui em março do ano passado, com parte da estratégia da PMI para crescer no mercado de hidratação. No país, onde está desde 2015, a Stanley construiu a sua reputação com os copos térmicos para manter a cerveja naquela temperatura.
A divisão de hidratação é entendida como a próxima grande fronteira para a marca expandir a operação. Em meados do ano passado, os produtos desse portfólio dividiam o segundo lugar, atrás da linha bar, com os itens criados para o consumo de mate - no sul e centro-oeste, essa unidade tem alta demanda.
“Queremos repetir o case de bar”, afirmou Pedro Ipanema, vice-presidente de Marketing da PMI, à EXAME em março passado. Para buscar a meta, a Stanley tem apostado em uma fórmula que inclui influenciadores, patrocínios a eventos e lançamentos contínuos de variantes.
No caso do Quencher, os mais recentes, pensados para o verão, chegaram nas cores Citron, Iris, Lavender e Orchid. Procurada, a Stanley não informou sobre o ritmo de vendas do Quencher.
No site, porém, há várias cores que aparecem como esgotadas. O perfil da marca no Instagram parece um muro das lamentações, com consumidores reclamando da ausência de determinadas versões ou pedindo informações sobre eventuais reposições.
O interesse também pode ser percebido pelo aumento das buscas no Google, com números em trajetória principalmente a partir de setembro.
Qual é a próxima trend
Acostumada com memes e viralizações nos últimos anos, a Stanley pode ter que conviver com mais um. Mal começou o ano e cresce no X(ex-Twitter) uma nova demanda de usuários. Cansados de esquentarem comida no microondas, os potenciais consumidores desejam que a marca crie uma "marmita Stanley".
https://twitter.com/manuvst/status/1744079760806834573
Se o meme virar negócio, pode abrir espaço para as vendas do "pote térmico", um produto com capacidade de 532 ml, vendido por R$ 279,00. Originalmente, ele foi criado para pessoas que gostam de trilhas, acampamentos e piqueniques, mas começou a atrair outro perfil de público.
"Nós notamos pelos relatos de nossos clientes que é bastante usado para marmitas do dia a dia. Acreditamos que isso se deve à sua preservação térmica e característica multiuso", afirma Bárbara Coelho, gerente de marketing da Stanley. O pote preserva a temperatura por 12 horas e é vendido com um garfolher.