6 empresas que brigaram por seus ideais – mesmo na Justiça
Para criar novos mercados, algumas companhias enfrentaram da má vontade de potenciais parceiros até uma saraivada de processos judiciais
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2012 às 07h36.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h17.
A mais recente batalha no Google no Brasil é, de certa forma, um dilema que a empresa vive em muitos outros cantos no mundo: o de oferecer livremente o conteúdo postado em suas plataformas. De um lado, há os que consideram que a empresa não tem responsabilidade sobre as opiniões veiculadas. Outros acham que o Google deve seguir as legislações locais à risca, atuando diretamente no bloqueio de links. Por aqui, o diretor-geral da empresa, Fabio Coelho, foi preso pela Polícia Federal em função da permanência de um vídeo no YouTube contra Alcides Bernal, do PP, que concorre à Prefeitura de Campo Grande (MS). A justificativa utilizada pela Justiça foi a obediência ao Código Eleitoral, que prevê o banimento de peças que ofendam a dignidade ou moral dos candidatos. Na lista de embates do Google, estão desde a censura na China ao pedido de remoção do polêmico filme anti-Islã "A inocência do muçulmanos" em diversos países do mundo - no Brasil, inclusive. No último relatório de transparência do Google, as agências brasileiras foram as que mais solicitaram remoção de conteúdo à empresa: foram 194 pedidos de julho a dezembro de 2011.
Com acesso discado à web, sem smartphones ou gadgets, os internautas e seus hábitos de consumo eram outros nos idos dos anos 90. Surgidos nessa época, os sites de comparação de preços eram encarados como uma ameaça pelas varejistas. Segundo Romero Rodrigues, um dos fundadores do Buscapé, o diretor de uma grande rede chegou a telefonar para o time da empresa em 1999 exigindo sua saída do buscador. O motivo? Não queria ficar com fama de careiro. O acesso à internet cresceu vertiginosamente, pesquisar preços tornou-se uma prática mais que comum, e o negócio prosperou, a despeito de eventuais desafetos. Em 2009, o grupo sul-africano Naspers comprou 91% do Buscapé por 342 milhões de dólares.
Dono de uma série de clubes de strip-tease, Larryt Flynt decidiu apostar na divulgação impressa do negócio em uma espécie de folheto. Foi o primeiro passo para o posterior lançamento da revista Hustler. O ano era 1974 e a sociedade americana reagiu com furor à proposta da publicação: suas imagens eram - e ainda são - pra lá de explícitas, diferentes do tipo de nu encontrado nas bancas até então. Acusado de pornográfico, Flynt foi preso nos anos 80, teve seus clubes fechados e enfrentou os tribunais incontáveis vezes. Levantando a bandeira da Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão, ele conseguiu escapar de quase todos os processos. Mas não deixou de causar polêmica e ganhar a antipatia de muita gente. Em 78, foi vítima de um atentado à bala e ficou paralítico. Hoje, a Hustler continua em circulação e é publicada pela LFP, controlada por Flynt. A empresa também produz vídeos pornôs.
Quem vê os ardorosos fãs do Ultimate Fighting Championship não imagina que os dias já foram duríssimos para a franquia de lutas. Em 2001 o UFC foi comprado pelos irmãos Frank e Lorenzo Fertitta por 2 milhões de dólares. Por trás do modesto valor - estima-se que o UFC valha até 2,5 bilhões de dólares nos dias hoje - estava a falta de apelo comercial do torneio, assentado sobretudo no caráter de vale-tudo das lutas promovidas. Comparado às rinhas de galos, o UFC chegou a ser proibido em todos os 50 estados americanos. Para ganhar o apreço dos espectadores, a empresa mudou suas regras e baniu práticas como pisadas no rosto e dedadas nos olhos. Os lutadores foram separados por peso, juízes foram chamados para pontuar os combates e a exibição e realização do UFC começou, enfim, a ser liberada. A cartada final foi a produção de um reality show com os lutadores, expondo um lado mais carismático dos grandalhões do octógono. Chamado de The Ultimate Fighter, o programa que caminha para sua 16ª edição nos Estados Unidos marcou sua estreia este ano no país.
A popularização da internet também mudou o perfil da indústria fonográfica. Baixar músicas tornou-se uma atividade bem corriqueira. E o Napster foi um dos grandes responsáveis pelo movimento ao permitir o compartilhamento gratuito de músicas via peer-to-peer (p2p). Fundado em 1999, o site foi fechado dois anos mais tarde por ordem judicial, depois de a Recording Industry Association of America entrar com uma enxurrada de ações contra a empresa. Na sua sombra, surgiram rivais como o Kazaa e o LimeWire, que também entraram na mira da Justiça e de várias bandas. Sob a aba do Best Buy, o Napster passou a cobrar assinaturas. Mas apesar de ofertar um serviço grátis por um breve período de tempo, essas companhias ajudaram a transformar o hábito dos consumidores para sempre. No fim do ano passado, o Napster foi comprado pela Rhapsody, empresa de música que também cobra pelo seu serviço.
Desde que a Amazon colocou o Kindle no mercado em 2007 e popularizou o uso de e-books com sua estratégia de oferecer lançamentos a 9,99 dólares, a varejista colecionou uma série de inimigos e ajudou a levar à lona pequenas e grandes livrarias, como a Borders. Basicamente, a Amazon cresceu tanto por dois motivos. O primeiro deles é que, para atrair o consumidor, a gigante pede descontos de 50% na compra dos livros para revendê-los por quanto quiser. Para fazer frente à agressiva política de preços, as concorrentes têm que espremer sua margem. No caso das livrarias que apostam em edições impressas, isso é ainda mais difícil: na maioria dos países, a versão digital não paga impostos, o que não acontece com o livro em papel, que sai da fábrica mais caro. Questionando a lógica tributária, uma série de políticos americanos vêm pedindo mudanças no Congresso. A Amazon já ouriça a concorrência com o que parece ser sua nova arma para cortar custos e economizar espaço - a impressão sob encomenda. Em 2005, a companhia comprou uma empresa que faz o serviço, a BookSurge. Por enquanto, ele é ofertado para livros de editoras pequenas. O temor é que o negócio ganhe escala e, junto com os e-books, acabe esmagando o negócio das livrarias de vez. No ano passado, a Amazon faturou 48 bilhões de dólares com seus mais de 130 milhões de consumidores no mundo.
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