Mundo

WikiLeaks: Chávez incentivou Bolívia a nacionalizar Petrobras

"Não gostamos do modo de agir de Chávez nem das surpresas de Evo, mas temos que lidar com isso" teria dito um assessor do governo brasileiro após a nacionalização

Segundo os documentos, a negociação entre Brasil e Bolívia era positiva até a intervenção de Chavez (Wikimedia Commons)

Segundo os documentos, a negociação entre Brasil e Bolívia era positiva até a intervenção de Chavez (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2011 às 16h30.

La Paz - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, encorajou em 2006 o presidente da Bolívia, Evo Morales, a nacionalizar a Petrobras, o que gerou um conflito entre La Paz e Brasília, segundo documentos secretos dos Estados Unidos vazados pelo site WikiLeaks e publicados nesta quarta-feira pela imprensa boliviana.

A correspondência da embaixada americana em Brasília com o departamento de Estado diz que Chávez falou com Morales nos dias anteriores à ordem de ocupação militar das intalações da gigante Petrobras, em maio de 2006, quando o boliviano anunciou a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia.

O documento americano cita Marcel Biato, assistente do assessor especial da Presidência brasileira para Assuntos Internacionais, Marco Aurelio Garcia.

"Biato disse que, em março de 2006, a Petrobras e funcionários bolivianos começaram o que pareciam ser discussões relativamente positivas. Entretanto, Evo (Morales) suspendeu de forma repentina as negociações, insistindo que ele deveria discutir o tema diretamente com Lula", afirma o documento, datado de maio de 2006.

"Entre o início das discussões e a estatização, Biato observou que houve várias interações entre Evo e Chávez", segundo os documentos americanos.

"Agora está claro para o governo do Brasil que Evo foi incentivado a agir desta forma depois que Chávez garantiu ajuda técnica a La Paz para produzir gás", caso houvesse uma ruptura entre Brasil e Bolívia, ainda de acordo com o documento americano.

Em outra correspondência, os americanos afirmam ter indagado Biato sobre a proximidade entre Chávez e Morales, ao que ele respondeu: "O que podemos fazer? Nós não escolhemos nossos vizinhos. Não gostamos do modo de agir de Chávez nem das surpresas de Evo, mas temos que lidar com isso".

O exército boliviano ocupou a refinaria da Petrobras em maio de 2006, como parte da nacionalização de suas reservas minerais.

"A imagem de soldados bolivianos dentro de instalações da Petrobras é ofensiva para todos os brasileiros", diz outra mensagem.

A Petrobras, com investimentos de 1,6 bilhão de dólares na Bolívia, segue operando neste país, com novas regras e contratos gerados a partir da nacionalização.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBolíviaDados de BrasilDiplomaciaVenezuelaWikiLeaks

Mais de Mundo

Disney expande lançamentos de filmes no dinâmico mercado chinês

Polícia faz detonação controlada de pacote suspeito perto da Embaixada dos EUA em Londres

Quem é Pam Bondi indicada por Trump para chefiar Departamento de Justiça após desistência de Gaetz

Na China, diminuição da população coloca em risco plano ambicioso para trem-bala