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Vítima de abuso deixa comissão por resistência dentro do Vaticano

A saída repentina de Marie Collins foi um grande revés para o papa, que vem sendo criticado por não fazer o bastante para lidar com o problema

Igreja: "A falta de cooperação, particularmente da congregação envolvida mais intimamente com os casos de abuso, tem sido vergonhosa", disse a vítima (Joe Klamar/AFP)

Igreja: "A falta de cooperação, particularmente da congregação envolvida mais intimamente com os casos de abuso, tem sido vergonhosa", disse a vítima (Joe Klamar/AFP)

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Reuters

Publicado em 1 de março de 2017 às 17h47.

Cidade do Vaticano - Uma integrante destacada de um grupo que aconselha o papa Francisco sobre maneiras de extirpar o abuso sexual na Igreja Católica renunciou por frustração nesta quarta-feira, citando uma resistência "vergonhosa" dentro do Vaticano.

A saída repentina de Marie Collins, uma irlandesa sem papas na língua que era a última sobrevivente dos abusos de padres ainda atuante em uma comissão da Santa Sé, foi um grande revés para o papa, que vem sendo criticado por não fazer o bastante para lidar com o problema.

O trabalho da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, criada por Francisco em março de 2014, vem sendo atrasado por disputas internas, e Marie culpou a administração do Vaticano, conhecida como Cúria, pelos "contratempos constantes".

"A falta de cooperação, particularmente da congregação envolvida mais intimamente com os casos de abuso, tem sido vergonhosa", disse ela em um comunicado.

Marie disse que o papa tem um "desejo genuíno" de resolver o problema, mas em comentários posteriores a uma publicação católica o criticou por ser leniente demais com o abuso sexual na Igreja.

Ela disse ao National Catholic Reporter que em seus três anos na comissão jamais teve permissão de falar com o pontífice, e denunciou aqueles que o rodeiam.

"É devastador ver em 2017 que estes homens ainda podem colocar outras preocupações acima da segurança de crianças e de adultos vulneráveis", afirmou, listando uma série de casos nos quais disse que a atuação da comissão foi prejudicada por autoridades da Igreja.

O Vaticano informou que o papa aceitou sua renúncia "com profundo reconhecimento por seu trabalho em nome das vítimas/sobreviventes do abuso clerical".

O cardeal Sean O'Malley, de Boston, que preside a comissão, também a agradeceu por seu trabalho e disse que a comissão vai analisar suas queixas em uma reunião no mês que vem.

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