Mundo

Violência volta a brotar em manifestações islamitas no Egito

Milhares de seguidores da Irmandade Muçulmana se manifestaram hoje em várias províncias egípcias para condenar repressão exercida sobre as mulheres em protestos


	Membro da Irmandade Muçulmana: uma pessoa morreu no Cairo, segundo fontes oficiais, embora Irmandade tenha denunciado pelo menos mais uma morte em Suez
 (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)

Membro da Irmandade Muçulmana: uma pessoa morreu no Cairo, segundo fontes oficiais, embora Irmandade tenha denunciado pelo menos mais uma morte em Suez (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2013 às 17h25.

Cairo - Os protestos islamitas que nesta sexta-feira voltaram a sair, como toda sexta-feira, às ruas de várias cidades egípcias acabaram em um novo surto de violência, no qual os manifestantes enfrentaram as forças de segurança e alguns moradores.

Uma pessoa morreu com um tiro na cabeça no Cairo, segundo fontes oficiais, embora a Irmandade Muçulmana tenha denunciado a morte de pelo menos mais uma pessoa na cidade de Suez, no nordeste do país.

A vítima na capital morreu em uma manifestação no bairro de Al Omraniya, no oeste do Cairo, disse à Agência Efe o diretor de Emergências do Ministério da Saúde, Khaled al-Khatib.

Segundo a imprensa egípcia, se trataria de uma criança de 12 anos que ainda não foi identificada, embora essa informação não tenha sido confirmada.

Enquanto isso, um manifestante em favor do deposto presidente egípcio morreu na estratégica cidade de Suez, perto do canal, segundo informou em seu site a Irmandade Muçulmana, que mostrou vídeos e fotos do ferido sangrando após receber um disparo na cabeça.

Milhares de seguidores da Irmandade Muçulmana se manifestaram hoje em várias províncias egípcias para condenar a repressão exercida sobre as mulheres nos protestos que pedem a volta ao poder do presidente deposto, o islamita Mohammed Mursi, derrubado por um golpe de Estado no último dia 3 de julho.

Um porta-voz da Irmandade, Islah Taufiq, informou à Efe que a jornada de protesto, realizada sob o lema "As mulheres do Egito são uma linha vermelha", pretendia destacar o sofrimento das egípcias que participam das manifestantes desde a destituição militar de Mursi.

Taufiq explicou que várias ativistas islamitas foram detidas ou assassinadas durante as manifestações e citou como exemplo a detenção de 22 mulheres na semana passada em Alexandria durante sua participação em protestos.

Essas mulheres estão acusadas, segundo fontes de segurança, de quebrar vitrines de lojas e interromper o trânsito, em uma medida infrequente, já que os detidos costumam ser homens.


De acordo com a Irmandade, há em todo Egito mais de 15 mil detidos por sua vinculação com este grupo islamita ou com os protestos, entre eles menores de idade.

Nas manifestações de hoje, era possível ver um grande número de cartazes amarelos com o emblema dos protestos, uma mão com quatro dedos, em alusão à praça de Rabea ("quatro", em árabe) al Adauiya, que foi desalojada de forma brutal pela polícia em agosto, o que causou a morte a centenas de pessoas.

Os protestos de hoje, nos quais participou um bom número de mulheres, aconteceram em cidades como Cairo, Alexandria, Suez, Al Fayum, Al Qaliubiya e Asiut.

Segundo a agência oficial "Mena", pelo menos 12 manifestantes foram detidos na Alexandria pelos distúrbios, enquanto em Minya foram detidos outros cinco, supostamente quando preparavam um ataque contra uma delegacia.

Enquanto seus seguidores enfrentavam a polícia e alguns moradores, a Irmandade Muçulmana recebeu também as duras críticas do principal partido salafista, Al Nour, que a acusou de ter buscado a situação na qual se encontra atualmente.

O porta-voz de Al Nour, Sherif Taha, considerou em comunicado que a Irmandade difamou seu partido e o grupo do qual provém, o Dawa Salafiya (Pregação Salafista), que apoiaram a derrocada de Mursi pelo exército.

"Será melhor que a Irmandade Muçulmana comece a buscar a razão que lhes conduziu a seus miseráveis fracassos e que aprenda com seus erros, em vez de culpar outros por seus próprios fracassos e de fazer o papel de vítimas", declarou Taha.

Nesta semana, seguidores da confraria islamita se concentraram junto a uma mesquita onde fazia um sermão um dos líderes do Dawa Salafiya, Yasser el Borhami, e o repreenderam e insultaram.

Na segunda-feira passada, começou o julgamento de Mursi e outros 14 dirigentes islamitas pela morte de manifestantes, que ocorreu sem graves incidentes, apesar de a Irmandade ter convocado "grandes manifestações" para esse dia.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEgitoIrmandade MuçulmanaMortesViolência política

Mais de Mundo

Israel promete ‘revanche’ contra Hezbollah após foguete matar 12 em campo de futebol

'Farei com que se respeite o resultado eleitoral', diz Maduro após votar em Caracas

Maduro pede desculpas por impedir entrada de ex-mandatários que observariam eleições

Faltam 100 dias para a eleição nos EUA: veja quais serão os próximos passos

Mais na Exame