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Violência apaga vida noturna de Ciudad Juarez, no México

Cerca de 40% dos restaurantes e 18% dos bares da cidade fecharam as portas nos dois últimos anos

Cuidad Juárez, no México: negócios ainda abertos pagam ao crime até US$ 330 por mês (Spencer Platt/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2011 às 07h26.

Ciudad Juárez, México - A outrora agitada Ciudad Juárez, famosa por sua vida noturna, viu como nos dois últimos anos cerca de 40% de seus restaurantes e 18% dos bares fecharam as portas por causa da violência que atinge essa cidade mexicana fronteiriça com os Estados Unidos.

A cidade mais perigosa do México perdeu desde 2009 cerca de 300 bares e quatro mil restaurantes que foram obrigados a fechar pelos ataques, sequestros e extorsões do crime organizado ou como consequência do medo que esvazia as ruas desde o entardecer.

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Esses dados, entregues à Agência Efe pelo presidente local da Câmara da Indústria de Restaurantes e Alimentos Condimentados (Canirac), Federico Ziga, se somam à interminável onda de violência que causou no mesmo período mais de sete mil mortes na cidade fronteiriça com a americana El Paso (Texas).

Além disso, dos negócios que permanecem abertos, calcula-se que mais de 70% pagam entre 400 e 4 mil pesos (US$ 33 e US$ 330) mensais de cobrança para funcionar ou extorsão a supostos membros dos cartéis de droga, assegurou Ziga.

A luta pelo território mantida pelos cartéis de Sinaloa e Juárez acabou com a atrativa vida noturna de anos e afugentou milhares de visitantes, especialmente americanos, que visitavam seus centros noturnos atraídos pela oferta de lazer e porque a idade mínima para consumir álcool no México é de 18 anos.

Atualmente, centenas de bares, restaurantes e hotéis das principais zonas comerciais estão fechados, à venda ou foram incendiados, e grande parte dos negócios se transferiu para El Paso.

Um exemplo disso é a Avenida Juárez, que foi uma tradicional área de bares iluminados com anúncios em neon e que hoje vive com poucos centros noturnos abertos.

"É uma situação bastante crítica. Antes tínhamos muitos turistas americanos e agora não temos praticamente nada. Sobrevivemos do cliente local e isso também é pouco porque quase todos foram para El Paso", acrescentou.


"Antes ia muito a Juárez, estava cheio de bares para nós americanos e havia lugares onde os mexicanos eram proibidos de entrar porque eram exclusivamente para americanos. Agora não há muito o que fazer porque ninguém sai por lá", disse à Efe um americano residente de El Paso.

A atividade hoteleira também foi severamente afetada e o turismo convencional caiu até ocupar o último lugar na classificação de hospedagens do país, lamentou à Efe o presidente da Associação de Hotéis e Motéis de Ciudad Juárez, Jorge Ruiz.

A maioria dos visitantes é de pessoas que querem resolver trâmites consulares e não para fazer negócios, turismo ou compras. Além disso, após a chegada em 2009 de mais de sete mil soldados do Exército e policiais federais, grande parte dos hotéis estão ocupados por agentes de ambas as corporações.

Em Juárez há cerca de 20 hotéis entre 3 e 5 estrelas e outros 20 considerados estabelecimentos menos elegantes, com tarifas entre US$ 30 e US$ 110 por noite.

Desde o início de 2010, as reservas em hotéis do estado de Chihuahua, ao qual pertence Juárez, caíram em 20%, admitiu à Efe o presidente da Associação Mexicana de Hotéis e Motéis, Luis Armando Peinado.

Um total de 4% da renda do estado provém do turismo, o que significa mais de 8 milhões de pesos anuais.

Os hoteleiros reivindicam maior segurança e uma campanha que limpe a imagem da cidade, e estão conscientes de que atrair turismo a uma cidade tão estigmatizada é difícil, mas não impossível.

"Nós implementamos com nosso dinheiro medidas de segurança como portas duplas, maior vigilância, e até policiais disfarçados. Seguimos na luta para resgatar Ciudad Juárez, mas estamos perdendo muito dinheiro", disse à Efe Federico Ziga.

A cidade mais violenta do México registrou em 2010 mais de 3,1 mil assassinatos, uma média que ronda nove por dia, e em 2011 superou 220 mortes pela violência.

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