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Victoria’s Secret utiliza mão de obra infantil na produção de algodão

Segundo a revista Bloomberg Markets, prática ocorre em fazendas de Burkina Faso, na África

Um estudo da Federação Nacional do Algodão de Burkina, publicado em 2008, já havia afirmado que diversas crianças são forçadas a trabalhar no país (Wikimedia Commons)

Um estudo da Federação Nacional do Algodão de Burkina, publicado em 2008, já havia afirmado que diversas crianças são forçadas a trabalhar no país (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 15h03.

São Paulo - A revista Bloomberg Markets Magazine acusa a Victoria’s Secret de utilizar mão de obra infantil na produção de algodão orgânico. A empresa comercializa lingeries e produtos de beleza para o público feminino e é reconhecida mundialmente.

Mais uma grife de luxo entrou para a lista de marcas famosas acusadas de exploração infantil. De acordo com o repórter Cam Simpson, que apurou o caso por seis semanas, a prática ocorre na produção de algodão em fazendas de Burkina Faso, na África. As fibras produzidas são levadas para fábricas na Índia e no Sri Lanka, onde é feito o tecido e depois as lingeries da grife.

Um estudo da Federação Nacional do Algodão de Burkina, publicado em 2008, já havia afirmado que diversas crianças são forçadas a trabalhar no país na produção de algodão, sendo que muitas delas são retiradas de orfanatos. O repórter Simpson foi até o local verificar a situação e conheceu Clarisse Kambire, de 13 anos, que ainda de madrugada é acordada por um agricultor para trabalhar.

O tratamento não poderia ser pior, desde cedo já é ordenada a se submeter ao trabalho indesejado e logo se levanta de um tapete de plástico que serve como colchão. A menina sabe que apanha se não obedecer. “Fico pensando qual será a próxima vez que ele gritará comigo e me baterá”, disse a garota ao repórter. Muitas vezes ela passa o dia inteiro sem comer nada.

Os pais de Clarisse se separaram quando tinha quatro anos. Ela viveu até os nove anos com parentes, quando uma tia a abandonou na aldeia de Benvar em Burkina Faso. No local foi “adotada” por um agricultor que a obriga a trabalhar.


Assim como ela, foi identificado, pela Federação, que mais da metade dos 89 produtores pesquisados na região tinham 90 filhos adotivos com menos de 18 anos. Ainda que não fosse uma criança, o esforço pesado da fazenda deveria ter o apoio de equipamentos industriais, mas tudo é feito pela força braçal.

É surpreende que a propriedade seja certificada com um selo de sustentabilidade de comércio justo. O padrão de qualidade deveria garantir que tais práticas não ocorressem. A Federação nacional dos produtores de Burkina Faso são os responsáveis por administrar o programa de certificação. O fato expõe, para dizer o mínimo, a falha no sistema de certificação de matérias-primas sustentáveis.

Desde 2007, a Victoria’s Secret compra algodão da fábrica africana e afirma que não teve conhecimento sobre o estudo que denunciou a exploração infantil na região. Apesar da suposta falta de conhecimento, a grife não teve receio de criar uma etiqueta que dizia: “A Victoria’s Secret está comprometida a apoiar mulheres que possuem e operam pequenas fazendas em Burkina Faso, um país do oeste africano que luta contra a pobreza endêmica”. A linha especial de peças de algodão foi exclusiva para o dia dos namorados.

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