Suécia: vereador diz que o objetivo do projeto é melhorar o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal (foto/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2017 às 11h24.
Enquanto aqui no Brasil a classe trabalhadora briga para ter horas extras remuneradas, lá na Suécia, na cidade de Övertorneå, estão propondo uma pausa para sexo durante o horário de trabalho – e sem descontar nada do salário.
O “benefício” foi uma ideia do vereador sueco Per-Erik Muskos, que diz que o objetivo é melhorar o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, além de aumentar a taxa de natalidade no município.
Parece bizarro? Nem tanto. Esse tipo de coisa pode ser até comum na Suécia, um dos países mais que mais investem no bem-estar de seus habitantes.
Por lá, já existe licença parental de 480 dias e até um ritual sagrado do café no meio do expediente, conhecido como “fika”, no qual as pessoas param as atividades para ter um momento de descontração.
Ao apresentar a proposta aos membros do conselho da cidade, Muskos defendeu que a medida seria um tempero a mais no casamento e melhoria a autoestima dos funcionários.
“O sexo é, também, uma boa forma de praticar exercícios e tem efeitos positivos no bem-estar”, acrescentou o vereador durante seu discurso à mídia local. A sugestão é que as pessoas tirem uma hora por semana para ir para casa e fazer sexo com seus parceiros.
A moção deve ser votada na primavera (entre maio e setembro) e precisa de uma maioria simples para ser aprovada.
No pequeno município de 4,5 mil habitantes, as opiniões se dividem entre os que acham a sugestão ridícula e descabida, os que apoiam a ideia e os que acham a situação, no mínimo, divertida.
Parte da população condena a medida porque acreditam que os solteiros vão perder mais tempo em aplicativos, como o Tinder, procurando um date para passar o seu interlúdio semanal.
Em entrevista ao The New York Times, Malin Hansson, sexologista e especialista em saúde reprodutiva em Gotemburgo, disse que a iniciativa é válida, uma vez que o sexo reduz o estresse, melhora o sono e enriquece a intimidade entre casais. “Eu apresentaria isso em todo o país”, acrescentou.
Ainda no time de apoio, Lotta Dellve, professora do departamento de sociologia da Universidade de Gotemburgo, afirma que suas pesquisas mostram que curtos períodos de atividade física durante o expediente têm muitos benefícios, incluindo a produtividade. “E essas atividades poderiam incluir sexo, por que não?”, questionou.
Na oposição, outro vereador de Övertorneå, Tomas Vesdetig, questiona a ideia de Muskos. Ele acredita que a proposta é intrusiva e que pode envergonhar as pessoas que não têm parceiros sexuais, que não têm relações sexuais ou que têm condições médicas que impeçam o sexo.
“E, também, acho embaraçoso um chefe chegar para um funcionário e dizer: “Vá para casa por uma hora e faça bebês”, declarou.
A medida sugerida por Muskos surge em um momento em que a Europa luta para proporcionar mais qualidade de vida às pessoas.
Na França, por exemplo, já foi aprovado que os trabalhadores cumpram 35 horas semanais e tenham o “direito de se desconectar” – neste caso, a lei exige que empresas com mais de 50 funcionários garantam que o trabalho não interfira nos dias de folga de seus empregados.
No ano passado, a Suécia apareceu no topo de um ranking criado para saber quais países mais contribuem para o bem da humanidade, o Índice do Bom País.
A análise contempla 163 países, que são avaliados em sete categorias: “Saúde e Bem Estar”, “Prosperidade de Igualdade”, “Planeta e Clima”, “Ciência e Tecnologia”, “Paz e Segurança Internacional”, “Ordem Mundial” e “Cultura”. O Brasil ficou na 43ª posição.
Este conteúdo foi originalmente publicado na Superinteressante.