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Venezuela lembra golpe de estado de 2002

País se prepara para lembrar na quarta-feira os dez anos de um acontecimento que partiu o panorama político

Presidente Chávez está em Cuba, onde continua com o tratamento de radioterapia (Juan Barreto/AFP)

Presidente Chávez está em Cuba, onde continua com o tratamento de radioterapia (Juan Barreto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2012 às 19h26.

Caracas - O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, desafiou Hugo Chávez nesta terça-feira a reabrir o debate sobre o golpe de Estado de 11 de abril de 2002, que tirou o presidente venezuelano do poder por menos de 48 horas, e afirmou que as coisas mudaram dez anos depois.

A Venezuela se prepara para lembrar nesta quarta-feira os dez anos de um acontecimento que partiu o panorama político do país enquanto o presidente Chávez está em Cuba, onde continua com o tratamento de radioterapia que começou há pouco mais de 15 dias, após passar por uma cirurgia por um novo tumor cancerígeno no dia 26 de fevereiro.

Faltando comentários por parte do presidente, Capriles, candidato da oposição às eleições presidenciais de outubro, e o chefe de campanha de Chávez, Jorge Rodríguez, fizeram referência ao acontecimento durante esta terça-feira.

''Em 11 de abril de 2002, foi dado um golpe de Estado a quem deu um golpe de Estado em 1992; em 2012 o golpe que virá são votos'', disse Capriles se referindo à tentativa de golpe que Chávez protagonizou há 20 anos contra o então presidente Carlos Andrés Pérez.

''Estou às ordens, novamente, para debater sobre o dia 11 de abril'' (de 2002), declarou Capriles, ao afirmar que ''dez anos depois tudo mudou'' na oposição. ''Estamos claros (sobre) qual é a nossa agenda e qual é nosso objetivo'', acrescentou.

Ele inclusive chegou a comparar a situação na qual o presidente se encontra atualmente com a que a oposição vivia há dez anos.

Capriles, de 39 anos, afirmou que a oposição derrubou Chávez com o uso da força e não dos votos porque estava ''sem rumo'' e não tinha ''direção'', uma situação que o governante atravessa no momento, de acordo com a sua opinião.


''A cada dez anos algo acontece, e eu lhe aviso e lhe digo (a Chávez) o que vai acontecer no dia 7 de outubro: o povo vai sair sem medo para derrotar a chantagem, derrotar a mentira'', acrescentou.

O chefe de campanha de Chávez, Jorge Rodríguez, replicou em seguida. ''O que o governo tem preparado para estes dias é lembrar, lembrar, lembrar o que significou o golpe fascista de 11 de abril'', disse.

''Principalmente lembrar o que significou a resposta do povo da Venezuela em 48 horas, recorde mundial frente a uma tentativa de acabar com a institucionalidade'', acrescentou.

O dirigente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) voltou a acusar a oposição de ter aspirações de alcançar o poder sem aceitar a via institucional e afirmou que tem um ''plano B'' porque as enquetes não apoiam Capriles.

Além disso, ele afirmou que Chávez continua sendo o candidato do governo, que ganhará as eleições de outubro e que é um elemento de estabilidade inclusive para a própria oposição.

O chavismo preparou uma série de atos para os próximos dias, incluindo atividades no Teatro Teresa Carreño, na capital, comemorações nos conselhos comunais de todo o país, um grande concerto em 14 de abril e um comício em Caracas no dia 13 de abril.


Em 13 de abril de 2002, Chávez voltou ao poder após ser deposto e levado à ilha de Orchila, onde permaneceu durante mais de 48 horas, até que tropas militares leais o restituíram na Presidência.

Nesse tempo, o então presidente do sindicato patronal Fedecámaras, Pedro Carmona, controlou a chefia de Estado durante algumas horas.

O empresário, exilado na Colômbia desde 2002, disse nesta terça-feira à Agência Efe que sente ''tristeza'' porque ''o governo (venezuelano) desperdiçou a oportunidade'' de construir um país melhor.

Em um artigo sobre o golpe, Carmona disse que seu objetivo era ''restabelecer a ordem constitucional (...) para salvar uma democracia sequestrada pela insaciável sede de poder do governante'', e se perguntou se isso poderia ser feito com ''total apego jurídico perante uma ordem institucional vulnerável''. 

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