O vencedor do prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus prometeu restaurar "a lei e a ordem" em Bangladesh ao retornar ao país nesta quinta-feira, 8, para liderar um governo interino que deve organizar o processo democrático, depois que uma onda de protestos derrubou o governo da primeira-ministra Sheikh Hasina.
"A lei e a ordem são nossa primeira tarefa", declarou à imprensa no aeroporto da capital, Daca, o economista de 84 anos, que venceu o Nobel da Paz em 2006 por ter criado um sistema de microcréditos para mulheres em zonas rurais.
"Não podemos dar um passo adiante a menos que solucionemos a situação da lei e da ordem", disse Yunus, após as manifestações violentas que deixaram pelo menos 455 mortos desde o início de julho, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pela polícia, as autoridades do governo e por fonte médicas.
"Bangladesh comemora uma segunda independência", declarou Yunus, designado esta semana para liderar o governo interino após uma reunião de crise entre o presidente, Mohammed Shahabuddin, os comandantes militares e os líderes do movimento estudantil, responsável por convocar os protestos contra o governo de Hasina.
O comandante do Exército, Waker-Uz-Zaman, informou que Yunus deve prestar juramento como chefe do Executivo interino ainda nesta quinta-feira para comandar um "belo processo democrático".
"Meu apelo ao povo é que, se confiam em mim, garantam que não aconteçam ataques contra ninguém, em nenhum lugar do país", declarou Yunus.
A perspectiva de ver Yunus ao lado dos principais comandantes militares era inimaginável há uma semana, quando as forças de segurança atiravam contra os manifestantes que lotaram as ruas para exigir a renúncia de Hasina, que estava há 15 anos no poder e que teve o último mandato marcado pelo boicote da oposição nas eleições.
Hasina, 76 anos, renunciou na segunda-feira, sob pressão de uma onda de protestos que começou como um movimento estudantil contra o sistema de cotas para a admissão no serviço público. Os críticos afirmam que o dispositivo beneficiava os grupos leais à Liga Awami, o partido da ex-premiê.
As manifestações viraram uma mobilização mais ampla contra o governo e abalaram o apoio a Hasina, que se viu obrigada a renunciar.
Centenas de hindus se reuniram na fronteira para tentar fugir em direção à Índia, já que alguns estabelecimentos comerciais e residências de famílias desta minoria foram atacadas após a queda do governo de Hasina. Este grupo é considerado próximo à ex-primeira-ministra no país de maioria muçulmana.
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Ativistas culturais e membros da sociedade civil seguram cartazes retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, durante uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas da violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês
(Ativistas culturais e membros da sociedade civil seguram cartazes retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, durante uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas da violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês)
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Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga do primeiro-ministro e os militares anunciando que formariam um governo interino
(Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga do primeiro-ministro e os militares anunciando que formariam um governo interino)
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Ativistas culturais e membros da sociedade civil seguram cartazes retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, enquanto encenam uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas de violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês
(Ativistas culturais e membros da sociedade civil seguram cartazes retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, enquanto encenam uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas de violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês)
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Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga da primeira-ministra e o anúncio dos militares de que formariam um governo interino
(Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga da primeira-ministra e o anúncio dos militares de que formariam um governo interino)
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Manifestantes entusiasmados invadiram o palácio da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, em 5 de agosto de 2024, depois que ela fugiu, o ponto culminante de mais de um mês de protestos antigovernamentais mortais
(Manifestantes entusiasmados invadiram o palácio da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, em 5 de agosto de 2024, depois que ela fugiu, o ponto culminante de mais de um mês de protestos antigovernamentais mortais)
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Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga do primeiro-ministro e os militares anunciando que formariam um governo interino
(Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares (C) montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Dhaka, em 5 de agosto de 2024. Os protestos em Bangladesh, que começaram como manifestações lideradas por estudantes contra as regras de contratação do governo em julho, culminaram em 5 de agosto, com a fuga do primeiro-ministro e os militares anunciando que formariam um governo interino)
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Um ativista segura um cartaz retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, em uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas da violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes denunciaram o gesto como desrespeitoso aos colegas de classe mortos durante confrontos com a polícia neste mês
(Um ativista segura um cartaz retratando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, em uma marcha musical pelas vítimas que foram mortas durante os recentes protestos estudantis nacionais sobre cotas em empregos públicos, em Dhaka, em 30 de julho de 2024. O governo de Bangladesh convocou um dia de luto em 30 de julho pelas vítimas da violência em distúrbios nacionais, mas os estudantes)
Eleições livres nos próximos meses
A fama internacional de Yunus, conhecido como "o banqueiro dos pobres" por seu programa de microcréditos, o projetou como um possível rival de Hasina, que o acusou de "sugar o sangue" dos pobres.
O retorno de Yunus a Bangladesh foi possível depois que um tribunal o absolveu na quarta-feira de uma condenação a seis meses de prisão, anunciada em janeiro, por uma acusação de infringir a legislação trabalhista. Na época, o vencedor do Nobel negou as acusações, saiu em liberdade sob fiança e viajou para o exterior.
Yunus afirmou que deseja "eleições livres e justas nos próximos meses".
O presidente Shahabuddin destituiu o comandante da polícia nacional e o Exército reestruturou a cúpula militar, com a destituição de oficiais considerados próximos a Hasina.
O principal sindicato da polícia pediu "desculpa" por atirar contra os manifestantes e os novos comandantes da força de segurança prometeram uma investigação "imparcial".
Bangladesh, um país do sul da Ásia com 170 milhões de habitantes, era uma das nações mais pobres do mundo no momento de sua independência do Paquistão em 1971.
O desenvolvimento da sua indústria têxtil, que abastece grandes marcas em todo o mundo, gerou um crescimento rápido, com desigualdades, e nos últimos anos o país superou o PIB per capita da Índia.